Hoje no Brasil não temos mais hatches médios de marcas generalistas. Quem sai de um Volkswagen Polo, Chevrolet Onix, Peugeot 208 ou Fiat Argo, precisa imediatamente subir para um SUV compacto ou sedã médio. Mas nem todo mundo quer um porta-malas saliente ou roupa de brincar na lama. E para os órfãos dos hatches médios, eis o .
No ano passado, o BYD Dolphin chegou ao Brasil causando. Ele criou um verdadeiro efeito de baixa de preços em modelos elétricos e mostrou o potencial da categoria por aqui. Ainda que ele seja um hatch compacto, ele oferece a potência extra dos modelos médios, assim como o acabamento mais sofisticado e mais tecnologia.
Mais rápido que um Abarth
Por R$ 179.800, inclusive, ele se torna uma pechincha. Afinal, estamos falando de um carro de 204 cv e 31,6 kgfm de torque. Para ter tanta potência sem pagar mais de R$ 200 mil, é preciso apelar para um Fiat Pulse Abarth de 185 cv e 27,5 kgfm de torque (ou outro modelo da Stellantis como o Jeep Renegade 1.3). Mas nem ele chega perto.
Diferentemente de outros modelos mais potentes da BYD, o Dolphin Plus não acelera de maneira estúpida. Ele segura o acelerador por alguns segundos como se confirmasse se a intenção do motorista é realmente entregar força total. Vencido esse momento, ele chega aos 100 km/h em 7 segundos e dispara com força até 160 km/h.
Segundo o pessimista ciclo INMETRO, o BYD Dolphin Plus tem autonomia de 330 km. Contudo, durante nossos testes, o hatch compacto elétrico aguentou fazer o trajeto São Paulo – Campinas – São Paulo e ainda sobrar 100 km de autonomia. Isso que cada pernada tem 100 km de estrada. Ou seja, na vida real chega a algo próximo de 400 km.
Gosto local
Um dos pontos em que os modelos da BYD tem mostrado certa necessidade de ajuste é em suspensão. A do Dolphin Plus não é tão de pudim quanto a do Mini, mas ainda é mais molenga do que deveria. Como resultado, ele vai apenas decentemente nas curvas, mesmo tendo suspensão independente na traseira.
Ele reclama dos buracos e tem tendência a sair de frente nas curvas mais animadas. Tratando-se de uma versão mais esportiva do Dolphin, o Plus bem que merecia um conjunto mais firme. Já a direção, fica perfeita em modo Sport. Ali, assume uma calibragem na medida certa, além de ser rápida e comunicativa.
Vale destacar que o BYD Dolphin é lotado de itens de tecnologia, mas o sistema de leitura de placas é infernalmente chato. Quando ativado, emite um irritante aviso sonoro sempre que você passa do limite da via. Mas, às vezes, ele lê a placa de trânsito de 10 km/h de um estacionamento e fica te pentelhando até ser desativado.
Há ainda piloto automático adaptativo, com funcionamento fácil e bem feito, sistema de manutenção em faixa que carece de um pouco mais de sutileza no volante, frenagem autônoma de emergência, alerta de tráfego cruzado, seis airbags, controle de tração e estabilidade, além de farol alto automático.
Mirando os que nos deixaram
Além da extensa lista de itens de segurança, o BYD Dolphin Plus é equipado ainda com banco com ajuste elétrico para motorista e passageiro, aquecimento nos assentos dianteiros, carregamento de celular por indução, chave presencial, teto solar panorâmico fixo, revestimento interno de couro e ar-condicionado digital de uma zona.
Há ainda direção elétrica com ajuste de altura e profundidade, vidros elétricos nas quatro portas com função um toque, retrovisor elétrico com rebatimento, faróis full-LED com acendimento automático, monitoramento de pressão dos pneus, freio de estacionamento eletrônico com função auto-hold e partida remota.
Carnaval de cores
Um dos pontos que traz bastante personalidade ao BYD Dolphin Plus, mas também cria certos problemas é a confusão de cores que a marca faz. Todo Plus tem teto e capô com pintura contrastante, sendo cinza nas carrocerias azul e rosa, enquanto para a carroceria branco e cinza azulado, esses itens são em preto.
Entretanto, só o modelo branco tem roda de liga-leve com desenho verdadeiramente bonito e que não tem detalhes na cor da carroceira. Já para o interior, temos acabamento preto só para o modelo branco, enquanto os dois modelos em azul tem interior azul e o rosa segue o exterior. Seria interessante da parte da BYD oferecer interior preto a todos.
O modelo testado, com seu chamativo interior azul escuro com detalhes vermelhos, não é feio. Mas sabemos que o brasileiro é extremamente careta quanto a cor de seus carros. Um interior mais sóbrio passa maior sensação de sofisticação e facilita a limpeza. Oferecer uma cabine colorida é legal, mas deveria ser opção, não obrigação.
Meio do caminho
Apesar de seu carnaval de cores na cabine, o interior do Dolphin Plus é bem acabado. Ele conta como plásticos duros de boa textura e visual interessante, alinhados a regiões de cores contrastantes servidas por material macio. A montagem é bem feita e os materiais usados são bons.
É uma qualidade inferior ao GWM Ora 03 e a hatches médios, mas bem melhor que SUVs compactos e que todos os hatches compactos. Até mesmo melhor que o Peugeot 208, referência na categoria dos pequenos. Os bancos são confortáveis e abraçam bem. É nítido que o couro é bem artificial, mas não é um material que incomoda ou seja ruim.
Atrás, o espaço é bem farto, especialmente porque o piso é plano e o entre-eixos de 2,70 m do Dolphin Plus faz com que ele tenha algo que raros hatches médios costumavam ter: espaço traseiro. O espaço para a cabeça e joelhos é bom, ainda que o banco fique mais baixo que o desejado, prejudicando o ângulo para as pernas.
No porta-malas, o BYD leva 345 litros, mas tem um truque. Ele conta com um tampão que divide o espaço em duas alturas, como o Volkswagen up! fazia. Esse item é extremamente útil porque permite colocar sacolas e itens na parte inferior e ter um novo piso para mais cargas na parte superior. Não precisa do tampão? Basta removê-lo.
A tela que roda e a tela que sobe e desce
Produzidas pela própria BYD, as telas do Dolphin Plus merecem destaque à parte. O painel de instrumentos é colado na coluna de direção, fazendo com que a visão das informações sempre seja perfeita, independentemente da posição que o motorista deseja colocar. A leitura é fácil e a tela é boa, pena estar em inglês.
Já a central multimídia mantém a tradição da BYD de rodar de um lado para o outro, sem tanta necessidade. Conta com Android Auto e Apple CarPlay e ótima definição. Ela é rápida e fácil de mexer, mas tem problemas sérios com a função de arrastar, que tende a fazer a tela congelar ou simplesmente não responder.
Veredicto
Para quem ficou sem alternativa no segmento de hatches médios pois não está com vontade de pagar R$ 300 mil em um Audi A3 ou Mercedes-Benz Classe A, o BYD Dolphin Plus pode ser a solução perfeita. Ele tem o mesmo nível de sofisticação e performance dos modelos aposentados no Brasil, mas não tem a mesma dinâmica em curvas ou acabamento.
Para quem pensa em um modelo elétrico, ele apresenta excelente autonomia, boa performance e lista de equipamentos bem servida por um preço bom. Boa parte do sucesso do Dolphin no Brasil se deve também ao Plus, que foi bem posicionado e rapidamente tem se tornado mais comum nas ruas do que o irmão de R$ 150 mil.
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