Uma das marcas pioneiras na eletrificação no Brasil, a Volvo se solidificou entre os modelos híbridos plug-in e fez com que muita gente trocasse carros diesel e puramente a gasolina por seus eletrificados. A transição foi feita aos poucos, tendo como grande estrela o Volvo XC60, o carro híbrido plug-in mais vendido da história de nosso país.

Mas como a Volvo consegue manter esse título há tanto tempo, mesmo em um carro caro? E como ele ainda é um dos carros de luxo mais vendidos desse país a ponto de ser extremamente comum ver um XC60 na rua? Para responder a essas questões, avaliei o Volvo XC60 Ultimate Dark, a versão que substitui a R-Design, e que cobra R$ 459.950 por isso.

Transição suave

Definitivamente a Volvo dominou a arte de fazer carros híbridos. O conjunto do XC60 é sublime em suavidade, entrega e economia…quando carregado. Debaixo do capô ele carrega um 2.0 quatro cilindros turbo de 310 cv e 40,8 kgfm de torque. Já na traseira, há um motor elétrico de 145 cv e 31,5 kgfm, recentemente atualizado.

Ao todo são 462 cv e 72,3 kgfm de torque despejados diretamente nas quatro rodas e gerenciados por uma suavíssima transmissão automática de oito marchas. Segundo a Volvo, a autonomia elétrica é de 55 km, mas que pode ir além na cidade usando o modo regenerativo com sabedoria. Porém, pode piorar na estrada.

O sistema sueco prioriza o uso do motor elétrico o tempo todo e apela para o gasolina quando requisitado. A transição entre eles é extremamente suave, sendo percebida somente pelo ronco do 2.0 invadindo sutilmente a cabine. Em 80% das situações, o motor elétrico dá conta do recado, mas ao pisar fundo, os dois trabalham juntos para chegar aos 100 km/h em 4,8 segundos. 

Como resultado, há momentos de consumos esdrúxulos como 25 km/l e além. Oficialmente a Volvo declara 11,1 km/l na cidade 11,2 km/l na estrada. Só que, quando a bateria acaba, a situação fica feia. Na cidade, o Volvo XC60 ainda conseguia fazer 9 km/l, mas na estrada a melhor média ficou em 7,5 km/l.

Por sorte, na estrada é possível carregar mais as baterias através de um botão na central multimídia para que, ao final do percurso, use a bateria. Um destaque por ter Google Maps integrado, é que o XC60 é capaz de otimizar ao máximo o uso de bateria e ativar o carregamento automático para que você chegue ao destino da maneira mais econômica.

Suavidade sueca

Um dos pontos que mais chama atenção no Volvo XC60 é sua suavidade em todos os sentidos. Além da transmissão e do conjunto híbrido anteriormente mencionados, o SUV eletrificado impressiona pela qualidade de rodagem. Ele anda silencioso o tempo todo graças ao ótimo isolamento acústico e da suspensão bem trabalhada.

Ela absorve bem os impactos e mantém o XC60 confortável o tempo todo, sendo melhor que um Audi Q5 nesse aspecto. Mas isso não o torna molenga nas curvas, ainda que não seja tão voltado ao prazer de dirigir quanto o BMW X3. Há de notar também que a direção foi calibrada para entregar leveza suficiente para uma condução voltada ao conforto.

Como todo Volvo, o XC60 vem lotado de itens de tecnologia e auxílio à condução. A marca sabe como poucas usar esses sistemas de maneira a auxiliar o motorista, não passando a sensação de que o carro te controla. Destaque para o sistema de manutenção em faixa e para o piloto automático adaptativo que atuam de maneira orgânica e precisa.

Topo do recheio

Além dos sistemas anteriormente mencionados, o Volvo XC60 Ultimate Dark ainda traz frenagem autônoma de emergência, alerta de tráfego cruzado, alerta de ponto cego, seis airbags, assistente de luz alta, faróis full-LED, controle de tração e estabilidade, ar-condicionado digital de duas zonas, porta-malas com abertura elétrica e autohold.

Há ainda central multimídia com sistema Android integrado, além de conexão com Android Auto e Apple CarPlay, chave presencial, teto solar panorâmico, banco do motorista e do passageiro com ajuste elétrico, head-up display, sistema de som Harman Kardon, reconhecimento de placa de trânsito e carregador de celular por indução.

Ok, Google

Um dos itens que mais merece destaque são as telas internas do Volvo XC60. Além da qualidade acima da média, elas são inteligentemente integradas e trazem conectividade com sistemas antes presentes só em celular. Por ser construída com sistema Android, a central multimídia traz Google Maps e alguns aplicativos instalados diretamente nela.

A integração com o carro é excepcional, permitindo estipular a quantidade de bateria que o sistema elétrico ainda terá ao final da viagem, além de otimizar o uso dos motores conforme o trajeto inserido. O mapa é exibido no painel de instrumentos com direito a informações de trânsito e radares, afinal, o Volvo está conectado à internet o tempo todo.

A única penalidade é o fato de que a conexão com o Android Auto e o Apple CarPlay é feita através de cabo. Só que só haverá necessidade de conectar seu celular caso vá usar algum aplicativo não existente na central. Ela já tem Spotify e Google Maps embarcado, além de PlugShare e outros que dispensam totalmente o uso do aparelho.

Minimalismo

Algo que a Volvo sempre prezou em seus interiores é pela elegância baseada no minimalismo. É o mesmo layout de todos os modelos da marca, mas que ainda funciona bem. Linhas retas e poucas superfícies deixam a cabine refinada de um jeito diferente de suas rivais. 

Há de notar que a qualidade de acabamento está acima dos Audi, empatada com os Mercedes-Benz, mas longe dos BMW. O couro usado nos bancos e volante é de qualidade apenas ok, sendo um pouco decepcionante para essa faixa de preço. Contudo, há muitos elementos macios ao toque e superfícies de metal para dar um refino a mais.

Espaço interno não falta, especialmente na dianteira onde os bancos tem regulagens elétricas em tudo quanto é canto: até mesmo na extensão da almofada. Atrás, o piso central alto faz com que seja confortável o espaço só para duas pessoas. Já o porta-malas carrega 468 litros, tem abertura elétrica e uma prática cobertura retrátil.

Veredicto

Por causa do Volvo XC60, o brasileiro entendeu como funciona um carro híbrido plug-in e abriu espaço para modelos com sistemas mais avançados, como GWM Haval H6 e BYD Song Plus. Bem acabado, bom de andar, ainda muito bonito e moderno, ele é um carro que aceitou melhor a eletrificação do que seus rivais diretos.

Além disso, o preço cobrado abaixo da média da categoria, faz com que o Volvo XC60 também seja uma compra racional – algo incomum no segmento de modelos de luxo. Enquanto não se torna um carro elétrico totalmente, é uma alternativa muito válida até para quem não tem estrutura para carregadores em casa. 

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