De uns anos para cá, o Volkswagen Gol se tornou o carro puramente de trabalho. Pouquíssimas pessoas compravam o hatch compacto para uso pessoal, sendo ele comumente visto em uso por motoristas de aplicativos, em locadoras ou com escada no teto andando a 300 km/h na Marginal Tietê. E é justamente isso que o Polo Track quer viver.
Enquanto o Polo normal é visto como um hatch mais sofisticado e caro, sendo direcionado ao público consumidor comum, o Track é para o trabalho. Tanto que o modelo tem visual inspirado no Gol, suspensão mais alta, para-choques com ângulo de entrada e saída melhorados e menos itens de série. Mas ele vai aguentar o que o Gol aguentava?
Coração do Gol
Debaixo do capô, Gol e Polo Track compartilham o mesmo coração. Trata-se do motor 1.0 MPI três cilindros aspirado de 84 cv e 10,3 kgfm de torque. Como o Track engordou 1.069 kg em relação ao seu antecessor, o motor sofre um pouco mais. É um carro espertinho para a cidade, mas que na estrada começa a sentir um pouco da falta de fôlego.
Em retomadas, é preciso negociar com as marchas para que o compacto deslanche. Já nas subidas bem íngremes, pelas quais o Auto+ rodou com o Polo Track durante um teste até a Pedra do Baú em São Bento do Sapucaí, perto de Minas Gerais, o suou, mas conseguiu subir as estradas íngremes.
É de elogiar a coragem que a Volkswagen teve de colocar o compacto em situações extremas, nas quais o Gol sempre viveu, para atestar que o novo modelo cumpre o papel de seu antecessor. As estradas ruins e cheias de buracos (na subida) foram enfrentadas pelo Polo Track sem medo, mostrando o trabalho de suspensão a fim de entregar robustez.
Tempero Volkswagen
Um ponto em que a marca alemã acerta bem e segue fazendo no Polo Track é a transmissão é a direção. O câmbio manual de cinco marchas tem engates curtos, precisos e embreagem bem modulada. A primeira é bem curta para dar força ao hatch quando rodar carregado, enquanto as intermediárias são mais longas.
Contudo, falta uma sexta marcha na estrada. A 120 km/h, o motor MPI berra a 4 mil giros – ainda que o isolamento acústico bem feito faça com que a sinfonia dos três cilindros não seja ouvida além do preciso. Há bastante barulho de vento vindo da coluna A na região dos retrovisores, porém.
Já a direção é mais firme, privilegiando uma tocada mais animada junto da suspensão boa de curva. A assistência elétrica traz leveza na hora das manobras, mas sem deixar o peso que se espera de um Volkswagen mesmo nessa situação.
Padrão MQB
Boa parte do peso extra que o Polo Track tem em relação ao Gol vem de dois fatores: qualidade de construção e porte. O antecessor usava base PQ24, a mesma do Polo de duas gerações atrás. Já o Track traz a mesma MQB-A0 usada pela marca alemã em carros bem mais sofisticados.
Como resultado, ele traz aços de ultra-alta resistência, solda a laser no teto a qual permite não ter mais a típica faixa de borracha de vedação, além de um bom histórico de crash-test vindo de seus irmãos – algo que o Gol não tinha. A carroceria mais firme e sólida mostra o quanto o projeto do modelo veterano já estava velho.
Isso se reflete também no interior, em que o Polo Track é bem mais espaçoso, especialmente citando a região traseira. Os ombros ficam mais folgados e o espaço para as pernas é mais generoso. Afinal, o Gol já tinha ficado pequeno para o segmento de compactos e mais parecia concorrente de Kwid e Mobi do que de Onix e Argo. Porta-malas leva 300 litros.
Só que, tal qual o restante da família Polo, o acabamento é bem simples. Plásticos duros por todos os cantos com qualidade apenas ok. Os bancos trazem tecidos bem simples, sem firulas e a unidade testada nem havia completado 1.000 km rodados e a parte debaixo do volante apresentava desgaste precoce.
Deixa o Gol para lá
Vale lembrar que, mesmo sendo um modelo de entrada, o Volkswagen Polo Track vem mais equipado do que o Gol que nos deixou. A mais que o antecessor ele tem bloqueio eletrônico do diferencial, assistente de partida em rampa e airbags laterais. Vem equipado ainda com kit dignidade (ar-condicionado, direção elétrica e vidros elétricos), mas o som é opcional.
Há ainda chave canivete, limpador e desembaçador traseiro, luz de condução diurna (mas não de LED), monitoramento de pressão dos pneus, calotas cinza de 15 polegadas, banco traseiro rebatível, banco do motorista com regulagem de altura e retrovisores com ajuste manual.
Veredicto
Pense pela seguinte lógica, o Volkswagen Gol morreu pelo mesmo preço do Polo Track: R$ 79.990. Ao optar pelo novo modelo, você não levará um Polo empobrecido, mas sim um Gol melhor em todos os aspecto. O espírito do modelo que nos deixou no ano passado ainda está lá, mas com toda vantagem da construção mais moderna e segura do Polo.
O seu único impeditivo agora é ser quase R$ 10 mil a mais que modelos básicos igualmente de trabalho como Renault Kwid, Fiat Mobi e Citroën C3. Só que se o Gol vendia o que conseguia sendo velho, apertado e custando a mesma coisa, o Polo Track terá vida ainda mais fácil e promete empurrar o restante da família para a lista dos mais vendidos.
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