Nos , o compacto da Volkswagen se resumiu em ser um carro de trabalho, locadoras, frotistas e Uber. Em sua grande maioria, quem estava (ou está) atrás do volante, não comprou esse carro. E essa será a mesma trajetória do Polo Track. Afinal, quem quer comprar um Track, não vai levar ele para casa.
Não digo isso em demérito do Polo Track. Mas sim porque ele foi pensado para ser o que o Gol era: um carro para grandes frotas, comprado com a calculadora e junto de fortes negociações e, quase na totalidade, feito por venda direta para PJ. Até porque, pular dos R$ 80.590 do Track para os R$ 84.490 do Polo MPI com mais itens de série, não é difícil.
São exatos R$ 3.900 que separam os dois modelos, mas a lista de itens de série é bem diferente. O Polo MPI traz faróis de LED, repetidor de seta no retrovisor, maçanetas e retrovisores pintados e, o mais importante de tudo: central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay.
O pobre do Polo Track não vem nem com rádio. É preciso pagar R$ 910 por um sistema simples com MP3 e Bluetooth, o qual tem qualidade de som horrível como há tempos não via em um carro 0km. Ou seja, com som, a diferença de preço entre o Track e o MPI diminui para R$ 2.990.
Com isso, se vai comprar um Polo para você, vá direto ao MPI e esqueça do Track. Agora, se é uma empresa em busca de um carro para sua frota, recomendo seguir nessa avaliação que esse talvez seja o próximo carro da sua frota. Até porque, R$ 3.900 (ou R$ 2.990 se quiser rádio) farão muita diferença na conta final de uma frota.
Kit dignidade
Pensado para ser um carro de trabalho, o Volkswagen Polo Track traz o que se faz necessário e ponto. Tem o kit dignidade composto por ar-condicionado, direção elétrica, vidros elétricos e travas elétricas. Muitos modelos de entrada param por aí, mas ele traz também banco com ajuste de altura e chave canivete, mas o retrovisor é regulado ainda manualmente.
Na parte de segurança, o Polo Track já vem com quatro airbags de série, controle de tração e estabilidade, vetorização de torque, assistente de partida em rampa, aviso de afivelamento do cinto de segurança para todos os passageiros e luzes diurnas halógenas. É um modelo básico, mas que traz o essencial para o trabalho.
A Volkswagen ainda se deu ao luxo de adicionar alguns toques de modernidade, como entradas UBS do tipo C para carregamento do celular. Mesmo que haja pouco consumo da bateria, visto que o rádio com Bluetooth é o máximo de entretenimento que será possível usar com o celular. Até porque não há suporte para celular para usar o GPS.
Espírito de Gol, estrutura de Polo
A grande questão do Polo Track, é que o modelo chegou ao Brasil usando toda estrutura do Polo, mas com o mesmo preço do Gol (ainda que tenha encarecido um pouco desde a estreia). A base é a moderna MQB-A0 que traz modelos com histórico de 5 estrelas no Latin NCAP e montagem mais moderna.
Prova disso é a presença de solda a laser no teto – algo bastante raro até em modelos mais caros. Esse tipo de solda ajuda na estrutura do hatch compacto, o tornando mais sólido e suscetível a menos vibrações e torções causadas pelo piso. E essa robustez é de fato sentida ao volante.
Como ele traz suspensão reforçada e um pouco mais alta que o Polo normal, além de borrachudos pneus 185/65 R15, o hatch passa por buracos sem reclamar. A absorção de impacto é boa em qualquer situação, lembrando bastante o comportamento do Gol e até de alguns SUVs compactos.
A solidez do conjunto, por conta da plataforma MQB-A0 chama atenção. Especialmente porque ele se comporta como um típico Volkswagen nas curvas: plantado no chão e firminho. A direção segue nessa mesma tocada, com calibragem levemente mais pesada para dar mais segurança na tocada. Ainda assim, leve para as manobras.
Motor de trabalho
Muita gente pediu para que o Polo Track tivesse um motor mais potente, mas se os motoristas de operadora de telefonia com carros 1.0 aspirados dotadas de escada no teto já andam a 300 km/h em vias movimentadas, o que aconteceria com motores mais potentes? Carros como esse VW são pensados para ter custo baixo de manutenção e para mater.
Por isso, a escolha lógica foi pelo motor 1.0 MPI três cilindros aspirado. Esse é um motor já consagrado pela Volkswagen há anos. Ele já foi usado pelos aposentados up!, Gol e Fox, além de estar no Polo desde seu lançamento. São mais de 10 anos com esse conjunto, que já se mostrou pronto para o Brasil e de fácil reparabilidade.
São 84 cv e 10,3 kgfm de torque que precisam empurrar os 1.054 kg do Polo Track. O Gol antes tinha menos de uma tonelada, por isso era mais ágil, mas a estrutura mais moderna fez com que seu sucessor fosse mais pesado. Na prática temos um carro que anda bem para sua proposta.
Curto curso
Claro, é um 1.0 aspirado, então ele não fará retomadas animadas na estrada ou não pedirá marcha em uma subida íngreme. Mas não é o tipo de carro que te fará passar nervoso ou precisar desligar o ar-condicionado e rezar para sair dos 60 km/h. O interessante é que a Volkswagen deixou o curso do pedal de acelerador curto para ajudar nisso.
Com pouco de força, você já está com o pé no porão, fazendo o Polo Track entregar tudo de si. Em geral, essas situações são mais do que suficientes para ele ganhar o embalo que precisa. A vantagem é o consumo comedido de 9,3 km/l na cidade com etanol e 10,5 km/l na estrada com o mesmo combustível.
Já com gasolina, ele marca 13,5 km/l na cidade e 15 km/l na estrada. Durante nossos testes, o Polo Track estava abastecido com etanol e ficou na média de 10,8 km/l. Mas, pela diferença brutal de consumo, melhor abastecer o modelo sempre com gasolina. O consumo na estrada só não é melhor pela falta de uma sexta marcha ou de uma quinta mais curta.
O pequeno Volkswagen berra a quase 4 mil giros a 120 km/h, deixando o motor desnecessariamente em ritmo muito alto. Um câmbio mais longo como o da versão TSI seria bem-vindo, ou ao menos uma sexta marcha. Ao menos a transmissão é excelente de operar, com engates curtos e precisos, além de embreagem fácil de usar.
Padrão Volkswagen
Sendo uma versão de entrada, o acabamento ruim típico do Volkswagen Polo até que não destoa tanto. A cabine é recheada de plásticos duros para todos os cantos e rebarbas aparentes. Ao menos há textura no painel que deixa as coisas um pouco mais interessantes do que antes.
Os encaixes são bem feitos, assim como a qualidade dos materiais usados na transmissão e no volante. O banco traz tecido preto simples com costuras laranja, mas que não trazem nada de especial. Encostos de cabeça são todos fixos, exceto o central traseiro para facilitar a visão do motorista.
Por ser um carro substancialmente maior que o Gol, o Polo Track é mais espaçoso. Quatro pessoas viajam com certo conforto dentro dele, mesmo com o motorista mais alto. Mas não abuse, afinal, é um hatch compacto. Porta-malas de 300 litros está exatamente na média da categoria. E pelo menos conta com botão interno para abertura.
Externamente, o Track tem algumas simplificações frente aos Polos normais. A dianteira traz faróis halógenos inspirados no Gol, além de para-choque diferenciado com melhor ângulo de entrada. Na traseira, muda o para-choque e o nome Polo é substituído por Track em adesivo. Calotas cinza acompanham os retrovisores e maçanetas sem pintura.
Veredicto
Com uma diferença de preço tão pequena para o Polo MPI, não vale à pena levar o Polo Track para casa. Especialmente porque R$ 3.900 não compram nem uma central multimídia decente, a qual o MPI já traz de série. Por isso, se você pensa em comprar um carro para o seu uso, esqueça dessa versão e já parta para o Polo MPI.
Agora, se está pensando em montar uma frota ou comprar o Polo Track via CNPJ para que outra pessoa use, aí as coisas ficam diferentes. Até porque essa economia faz sentido, especialmente em compras de lotes. A robustez extra do Track, aliada às simplificações para baixar o custo de manutenção, no final das contas, encantarão aos que assinam os cheques.
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