Nos últimos dias a Chevrolet pegou a todos de surpresa quanto a sua linha de carros elétricos. Dias antes do lançamento do Bolt EUV no Brasil, a matriz revelou que o SUV elétrico e seu irmão hatch Bolt passarão dessa para uma melhor em 2024. Só que, mesmo assim, o lançamento no Brasil seguiu e mostrou alguns graves problemas.
O Bolt EUV chega ao Brasil em um limitado lote de 200 unidades, que não serão expandidas mesmo que haja demanda. Afinal, o carro vai morrer em 2024. Ou seja, compre agora ou fique sem. Só que, durante a apresentação do modelo, a GM fez questão de frisar que 2023 será o ano recorde de vendas e produção dos Bolt.
Qual o sentido de tirar de linha um carro o qual as vendas estão crescendo ano a ano? E mais: por que matar dois carros que terão em 2023 seu melhor ano de vendas? Para piorar a situação que não faz sentido, o Bolt EUV chegou ao Brasil com preço competitivo e mais barato que o Bolt normal.
Lançado em agosto do ano passado, o Bolt chegou por R$ 329 mil, um preço muito mais alto do que valia e o que o tornava não competitivo a outros hatches elétricos. Para o Bolt EUV, um carro maior, mais parrudo e, mais caro lá fora, a Chevrolet inverteu a lógica e o trouxe por R$ 279.990
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A ideia da marca, na realidade, não é vender o SUV elétrico à vista, mas sim usar o plano Chevrolet Elétrico Para Sempre. Nesse método de parcelamento, a GM pede R$ 168 mil de entrada e depois 24 parcelas de R$ 3.369. Ao final, é possível pagar os 20% residuais ou trocar por outro carro.
E essa é a estratégia da Chevrolet. Fazer 200 pessoas comprarem o Bolt EUV agora já com a intenção de troca-lo por um Equinox EV ou por um Blazer EV, que chegam em 2024. A marca não encara o Bolt EUV como um carro importante para sua historia ou estratégia de eletrificação. Mas sim como um tapa buraco.
Durante o lançamento do Bolt EUV, conversei com Rodrigo Fioco, diretor de marketing de produto da GM Mercosul sobre essa estratégia. Questionando como a marca vai convencer o cliente a levar para casa um carro que já tem data marca para morrer. Especialmente um tipo de cliente mais atento e conectado do que o do Onix.
Fioco respondeu que “sim, é um carro transitório. Mas com o Chevrolet Elétrico Para Sempre queremos fidelizar o cliente para que ele possa dar o próximo passo depois quando os novos modelos [Equinox EV e Blazer EV] chegarem”. Por isso que a grande aposta da marca será no plano de financiamento, não na venda à vista.
Mas fica um importante ponto: como uma marca vai fidelizar um cliente ao vender um carro com prazo de validade a vencer? A Chevrolet ainda reforçou que a morte de Bolt e Bolt EUV tem como objetivo ampliar a fábrica de Orion, EUA, para a produção de caminhonetes elétricas e mais modelos feitos com a plataforma Ultium. Ainda assim, é mais um ponto que reforça que o SUV do Bolt é só um tapa buraco.
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