Com a formação da Stellantis, o grupo desenhou bem claramente qual patamar cada uma de suas marcas estará. E isso levará a uma maior proximidade entre algumas fabricantes em uma estruturação diferente do que era a PSA e do que era a FCA. Prova disso é que o Citroën C3 será influenciador direto dos novos Fiat Uno, Pulse, e Strada.
Dentro da Stellantis temos como marca de entrada a Citroën, que faz os carros mais baratos e lidera projetos de baixo custo. A Fiat vem logo em seguida, apostando em alto volume e um ar retrô em todos os seus modelos daqui para a frente. O Brasil terá participação fortíssima nos novos projetos globais, visto que é o mercado líder da Fiat.
A Opel e a Vauxhall atuam em paralelo com a Fiat, também aproveitando de diversos modelos da Citroën, só que atuando somente na Europa. O patamar seguinte vem com a Peugeot, introduzindo um pouco mais de sofisticação em seus carros e visual ousado. Lancia aproveita muito da Peugeot e sobe um degrau.
Nessa seara quase premium também temos a Chrysler e a Dodge, cada uma apostando em coisas diferentes. A DS e a Alfa Romeo são as marcas de luxo do grupo, brigando com Audi, BMW, Mercedes e Volvo, mas com estratégias diferentes. A Alfa tem carros de tração traseira e visual ousado. A DS é eletrificada e mais minimalista. Por fim, a Maserati representa o topo.
Influência francesa, brasileira e indiana
Mas o que tudo isso tem relação com o novo Uno e as próximas gerações de Pulse, Fastback e Strada? Tudo. Afinal, é preciso entender melhor a estrutura da Stellantis antes de compreender para onde a Fiat vai. O ponto de partida para todos os projetos de carros compactos de entrada das marcas mais baratas do grupo é o Citroën C3.
Dentro da marca francesa, temos o hatch C3, o SUV de sete lugares C3 Aircross e o SUV cupê Basalt (que mais é uma tentativa da Citroën de vender um sedã). Esses três modelos renderão derivados diretos para a Fiat e Opel. A italiana já tem o Grande Panda, que será base para o novo Fiat Uno. Já a Opel tem o Grandland baseado no Aircross.
Os carros da Citroën fazem parte do projeto C-Cubed, que teve como países líderes de desenvolvimento o Brasil e a Índia. Todos são feitos sobre a plataforma Smart Car, que é uma derivação de baixo custo da CMP do Peugeot 208. A partir desse trio que se desenvolveu também o C3 europeu, que é mais sofisticado, o Panda e o Grandland.
Família brasileira
Aqui no Brasil, a Fiat usará o Citroën C3 como base para a nova família de compactos que substituirá todos os seus modelos de entrada. O novo Uno, como vem sendo chamado internamento o projeto XBP, tomará o lugar do Argo e do Mobi. Ele terá o mesmo porte do Argo, com 3,99 m de comprimento, mas vai ganhar em espaço por conta da carroceria quadrada.
Justamente por conta das linhas retilíneas que o nome Uno deve ser usado. Visto que o Grande Panda europeu se inspirou no Panda original que, por sua vez, é um Uno reduzido. O nosso hatch deve ter elementos do europeu, mas com redução de custos. O nome, por exemplo, não deve ser estampado na lateral como na Europa.
Já o Pulse de nova geração (X2U) evoluirá para o que é o Aircross hoje. O modelo deixará de ser um Argo aventureiro para ser um sucessor espiritual da Palio Weekend Adventure. Afinal, o Aircross indiretamente funciona como uma perua aventureira do C3, mas com opção de sete lugares. Será o primeiro Fiat de sete lugares desde que o Freemont morreu.
Já o Fastback será o modelo que manterá mais fielmente suas origens. Ele permanecerá como um SUV cupê, derivado diretamente do Basalt. Com isso, se tornará um carro proporcionalmente mais harmonioso. De todos, ele será o mais caro, inclusive custando mais que o primo Citroën por conta da sofisticação extra.
Filha única
Por fim, a Fiat Strada (XBP) será o primeiro carro derivado do Citroën C3 a não ter uma variante na marca francesa. A Fiat do Brasil está desenvolvendo o modelo especificamente para o nosso mercado, mas também com pretensões de vendê-la na Europa em versão elétrica e híbrida.
A nova Strada terá a carroceria quadrada do novo Uno, mas visual próprio para manter uma separação. A estratégia é a mesma aplicada hoje com o Mobi, do qual ela deriva. A diferença é que ela vai crescer e muito, a ponto de deixar de brigar com a VW Saveiro para arranjar encrenca com Chevrolet Montana e Renault Oroch.
Você acha que essa estratégia da Fiat em se apoiar na Citroën para desenvolver seus novos carros vai dar certo? Conte nos comentários.