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Renault Kwid E-Tech prova que carro elétrico é caro | Avaliação

Segundo carro elétrico mais barato do Brasil, Renault Kwid E-Tech repete as qualidades e os defeitos do Kwid a combustão

Renault Kwid E-Tech [Auto+ / João Brigato]
Renault Kwid E-Tech [Auto+ / João Brigato]

Por R$ 146.990, o Renault Kwid E-Tech é o segundo carro elétrico mais barato à venda no Brasil. Ele custa o dobro do Kwid a combustão que tem preços entre R$ 66.590 e R$ 73.890. Ou seja, dá para escolher levar para casa dois Outsider 1.0 ou um E-Tech.

Só; que, enquanto o Peugeot e-208 prova ser o dobro de carro em relação ao modelo a combustão, o Renault Kwid E-Tech falha nessa missão por pouco se diferir em relação ao modelo a combustão. Significa que seja uma má compra? Não exatamente.

Padrão europeu

Diferentemente das versões a combustão, que são produzidas no Brasil, o E-Tech é feito na China ao lado do Dacia Spring. Ou seja, o pequeno elé;trico atende aos mesmos padrões do modelo europeu e por isso tem alguns itens a mais e é melhor construído.

Renault Kwid E-Tech [Auto+ / João Brigato]
Renault Kwid E-Tech [Auto+ / João Brigato]

Começa pela presença de vidro elétrico na traseira, algo que o Kwid nunca teve no Brasil. Mas a ergonomia é péssima, visto que os comandos só ficam no banco traseiro. Há ainda seis airbags, enquanto o brasileiro só traz quatro bolsas de ar.

A lista de itens de série traz ainda faróis com ajuste de altura e sensor de ré como aparatos a mais em relação ao modelo brasileiro. De resto, segue o que já é oferecido por aqui: kit dignidade com ar-condicionado, direção elétrica, vidros elétricos dianteiros e central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay.

Renault Kwid E-Tech [Auto+ / João Brigato]
Renault Kwid E-Tech [Auto+ / João Brigato]

A lista ainda agrega retrovisores elétricos, câmera de ré, controle de tração e estabilidade, assistente de partida em rampa e chave canivete. Curiosamente ele tem piloto automático, mas com funcionamento extremamente confuso e limitador de velocidade (a máxima já é limitada eletronicamente a 130 km/h).

Questões ergonômicas

O acabamento é ligeiramente melhor que o modelo nacional, com plástico cinza dando contraste e construção um pouco mais refinada. Ainda é um carro simples e de entrada, por isso só há plástico duro na cabine, nada de couro no volante e os bancos são finos, mas misturam couro e tecido.

Renault Kwid E-Tech [Auto+ / João Brigato]
Renault Kwid E-Tech [Auto+ / João Brigato]

O que não muda é a ergonomia, sempre ruim no Renault Kwid. Não há ajuste de altura ou profundidade do volante, assim como o banco não ajusta em altura. Até mesmo o retrovisor tem pouca amplitude de ajustes, atrapalhando na hora de encontrar a melhor posição de dirigir.

Comandos dos vidros elétricos dianteiros no painel são ruins de usar, assim com o pedal de freio aproveitado da versão a combustão, mostram sinais de onde a Renault economizou no Kwid E-Tech. Espaço traseiro é acanhado e a versão elétrica só pode levar quatro passageiros, inexplicavelmente.

Renault Kwid E-Tech [Auto+ / João Brigato]
Renault Kwid E-Tech [Auto+ / João Brigato]

A vantagem, apesar do tamanho diminuto, é que o porta-malas de 290 litros está na média de modelos de porte superior. Mas, poderia haver um porta-malas dianteiro (frunk), visto que o espaço que sobra debaixo do capô facilmente poderia ser aproveitado pela Renault, já que o motor é pequeno.

Mas é sempre preciso regular as expectativas e colocar o Kwid onde ele está  inserido. É um dos poucos carros elétricos que custam menos de R$ 200 mil. E seus rivais diretos CAOA Chery iCar e JAC E-JS1, não são muito mais refinados e perdem feio em espaço para ele. É, acima de tudo, um carro pensado para custar barato – ainda que saia por R$ 146.990.

Renault Kwid E-Tech [Auto+ / João Brigato]
Renault Kwid E-Tech [Auto+ / João Brigato]

Elétrico 1.0

Em geral, versões elétricas e carros a combustão têm performance substancialmente melhor do que de seus equivalentes. O Peugeot e-208 é prova disso, mas o Kwid E-Tech é muito mais parecido com o modelo 1.0 aspirado do que parece.

Ambos têm potência e torque parecidos, sendo o elétrico contemplado com 65 cv e 11,5 kgfm de torque. Já o modelo 1.0 aspirado entrega 68 cv e 10 kgfm de torque, uma diferença bem pequena. 

Renault Kwid E-Tech [Auto+ / João Brigato]
Renault Kwid E-Tech [Auto+ / João Brigato]

Mas a grande questão é como essa entrega é feita. A aceleração no E-Tech é forte até os 50 km/h, provida pelo torque instantâneo do motor elétrico, mas depois disso ele perde um pouco o brilho. Não chega a ser um carro lento, mas todo o ímpeto do começo se vai.

Na estrada, principalmente, ele parece um carro 1.0 aspirado, mas com força. Tem torque suficiente para fazer ultrapassagens, mas não vai ser aquele modelo que vai sofrer com a falta de torque ou dar trabalho a um SUV compacto turbo. Definitivamente anda mais que o Kwid 1.0, mas não tanto a mais.

Renault Kwid E-Tech [Auto+ / João Brigato]
Renault Kwid E-Tech [Auto+ / João Brigato]

São prometidos 265 km de autonomia se rodar na cidade, com ar-condicionado desligado e com modo Eco ligado. Testamos o Kwid E-Tech até a bateria acusar 1% de carga, para não ter problemas com a lei por uma pane seca.

Nessa situação, com metade do trajeto feito em estrada e a outra metade em cidade, ele rodou 194 km até pedir arrego. É uma boa autonomia para situações urbanas e curtas viagens. 

Renault Kwid E-Tech [Auto+ / João Brigato]
Renault Kwid E-Tech [Auto+ / João Brigato]

O bom é que ele carrega bem rá;pido, pedindo 4h em um carregador médio para chegar aos 100%. Em um rápido, reduziria para pouco mais de uma hora. 

Acerto chinês 

Se no acabamento o Kwid E-Tech segue o Dacia Spring europeu, na dirigibilidade ele está mais para seu primo chinês City K-ZE. O acerto dinâmico da foi nitidamente voltado a esse mercado, especialmente na direção.

Ela é excessivamente leve, morta e exige muitas voltas de batente a batente. O Kwid nacional tem um acerto melhor nesse quesito, especialmente na estrada onde o elétrico não passa tanta confiança por conta do volante mole demais.

Renault Kwid E-Tech [Auto+ / João Brigato]
Renault Kwid E-Tech [Auto+ / João Brigato]

Ao menos, com o centro de gravidade mais baixo, a suspensão precisou ficar mais firme. Isso diminuiu bastante a típica balançada que o Kwid dá em rodovias por conta de vento lateral. A absorção de impacto continua boa, mas a suspensão tem rebote mais nítido.

Ao passar por lombadas, por exemplo, a traseira afunda bastante e quica levemente depois da saída, de maneira a indicar um conjunto mais voltado ao conforto. Vale destacar ainda o sistema de freio.

Por conta da atuação regenerativa para recuperar as baterias, o Kwid E-Tech tem dois momentos do freio. Primeiro o sistema regenerativo entra em ação, depois quando o freio entra, é como se ele descolasse e começasse a parar.

Não é ruim, vale notar, mas alguns carros fazem a transição entre o sistema regenerativo e o freio físico de maneira mais sutil que torna imperceptível a açã;o. Por fim, o isolamento acústico é melhor que o do Kwid normal, mas ainda é um carro barulhento.

[Auto+ / João Brigato]
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Veredicto

Por mais que o Renault Kwid E-Tech custe seus R$ 146.990, não dá para exigir dele o nível de refinamento de um carro de R$ 150 mil. Um elétrico invariavelmente custa mais caro por causa das baterias e por ser sempre importado. 

Só que, custar o dobro de um Kwid normal e não entregar o dobro acaba pesando na consciência. Colocado em seu devido lugar e comparando aos rivais, segue racional, com boa autonomia para a categoria, lista de equipamentos a contento e acabamento ok. 

[Auto+ / João Brigato]
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Ou seja, repete as virtudes e defeitos do Kwid a combustão, mas custando o dobro, entregando um pouco mais de cada coisa e não poluindo o meio ambiente. 


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