Desde sexta-feira (5), concessionárias e escritórios tiveram reabertura autorizada pela Prefeitura de São Paulo. Esse afrouxamento refletiu diretamente nos números de vendas de veículos no país, que registrou o expressivo número de mais de 20 mil emplacamentos – números relacionados aos primeiros dias de junho.
Mesmo que os estabelecimentos tenham permissão de funcionar apenas quatro horas por dia e com regras de distanciamento para evitar a propagação do novo Coronavírus – como o espaço de 1,5 metro entre as pessoas – a ação permitiu a volta do consumidor às ruas no maior mercado de vendas do Brasil, o que dá esperança de novos ares ao setor.
“A reabertura das concessionárias é um passo para a retomada da atividade econômica em São Paulo. É um movimento positivo para o setor, uma vez que o comprador de veículos ainda tem o hábito de querer ver e experimentar o produto antes de finalizar a compra”, aponta a especialista do setor automotivo e sócia da Prada Assessoria, Leticia Costa.
Mesmo com números 50% maiores que maio, a especialista aponta que é muito cedo para avaliar o impacto no setor, uma vez que, na prática, as redes começaram a abrir nesta semana. “Vejo este movimento como um facilitador para a retomada do setor, que deve enfrentar um ano muito difícil. As fábricas começam a retomar as suas atividades em ritmo mais lento, mas isto não deveria ter reflexo no consumidor, uma vez que há um volume razoável de estoques para venda”, aponta.
O consumidor
Em relação às características do mercado daqui para frente, Leticia defende que a clientela não deve retornar com o mesmo apetite observado antes da pandemia. “Trata-se de um consumidor mais inseguro com relação ao seu futuro, afinal, pessoas perderam fontes de renda e, outros, estão com receio de perda de emprego, o que implica em vendas mais baixas de veículos novos.”
Por outro lado, o que pode favorecer o setor, de forma marginal, é o desejo de o consumidor em deixar o transporte público de lado por receio da Covid-19. “Mas acredito que isto auxilia mais na venda de veículos usados do que novos”, esclarece Leticia.
Produção
Do ponto de vista de produção, a indústria automobilística deve, ainda, enfrentar um mercado de exportação bastante fraco, principalmente na Argentina. “Isso, certamente, resultará em uma retomada bastante lenta e um número total de vendas bem abaixo do esperado”, diz Leticia. De acordo com a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), que reviu suas projeções para 2020, haverá queda de 40% nos emplacamentos em comparação com o ano passado.
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