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Porsche 911 GT3 RS tem todo vento ao seu favor | Impressões

 Provando que nem sempre cavalos demais querem dizer mais velocidade, Porsche 911 GT3 RS usa o vento ao seu favor

Porsche 911 GT3 RS [divulgação]
Porsche 911 GT3 RS [divulgação]

Enquanto nos carros de passeio, em 90% das vezes a forma sempre ganha da função, nas corridas os bólidos são pensados para extrair a melhor performance possível. Por isso, o vento pode ser um poderoso aliado ou um grande inimigo na hora de criar um carro para as pistas. Ou (também) para as ruas, como é o caso do Porsche 911 GT3 RS.

Com o título de Porsche 911 mais rápido da história de Nürburgring (6”49’238), ele sequer é o mais potente da família. Só que ele é o mais veloz justamente por usar da aerodinâmica e de muita tecnologia ao seu favor. Por isso, ele conseguiu dizimar o tempo do 911 Turbo S em Nürburgring em 28 segundos.

Efeito solo

A Porsche fez um extensivo trabalho de aerodinâmica no 911 GT3 RS. O bólido é equipado com sistemas ativos que permitem que o modelo brinque com o ar. A asa traseira, por exemplo, é 40% maior do que a geração anterior, toda feita em fibra de carbono e que permite ajuste da inclinação em até 34°.

Porsche 911 GT3 RS [divulgação]
Porsche 911 GT3 RS [divulgação]

Para auxiliar na criação de downforce, a asa dianteira se move em menos de 0,3 segundo e trabalha em sincronismo com a traseira. Como resultado, a pressão aerodinâmica exercida pelo 911 GT3 RS a 285 km/h chega a 860 kg para manter o modelo grudado no chão nas curvas. Já nas retas, no modo que permite maior fluxo de ar, a pressão é de 306 kg.

Para domar esse ar, ele também conta com novo sistema de radiador e dutos dianteiros. Ao invés do trio de radiadores presentes em outros 911, o GT3 RS traz um novo central 32% menor, mas com inclinação negativa em direção ao solo. Assim, ele suga mais ar frio e joga o quente pelos dutos no capô. 

Porsche 911 GT3 RS [divulgação]
Porsche 911 GT3 RS [divulgação]

Para evitar que esse ar quente chegue ao arrefecimento traseiro, ele traz aletas no teto que direcionam o fluxo de ar para as laterais e mantém o motor longe da zona de ar quente. Além disso, conta com fendas nas portas feitas em fibra de carbono para melhorar o fluxo de ar, que trabalha em conjunto com diversas aletas laterais e na traseira.

A Porsche também instalou um difusor traseiro que gera 10% do dowforce total da traseira e parte inferior da carroceria totalmente plana. Como resultado, ele tem dowforce comparado a um carro de Le Mans quando está no modo mais radical. E tudo isso pode mudar com o apertar de um botão.

Porsche 911 GT3 RS [divulgação]
Porsche 911 GT3 RS [divulgação]

Botões da alegria

No volante do 911 GT3 RS estão presentes quatro botões rotativos. Cada um deles controla elementos diferentes. O primeiro ajuda a firmeza e resposta da suspensão. O segundo atua no diferencial, enquanto o terceiro muda a atuação dos controles de tração e estabilidade, enquanto o último é dedicado ao modo de condução.

Traduzindo em miúdos, você tem um carro de comportamento totalmente diferente a cada ajuste feito nesses controles. A suspensão mais firme, torna o 911 GT3 RS um verdadeiro carro de corrida, onde se você passar por uma moeda, saberá se é cara ou coroa. Enquanto no mais macio, permite um rodar mais civilizado.

Porsche 911 GT3 RS [divulgação]
Porsche 911 GT3 RS [divulgação]

Na pista, é possível acertar qual o melhor modo, inclusive sobre o rebound da suspensão, que ajuda a ter comportamentos melhores na curva. Na prática, esse Porsche se torna quase como uma extensão do seu cérebro. É como se o motorista e o 911 estivessem ligados através de algum tipo de conexão Bluetooth cerebral.

Pois basta pensar o que fará na curva ou acelerar, que ele prontamente está fazendo. É incrível sua capacidade de fazer curvas grudadíssimo no solo e sem a menor pretensão de escapar a traseira. Aliás, ela só sai do lugar quando você nitidamente faz uma manobra amadora. 

Porsche 911 GT3 RS [divulgação]

Especificamente em modo Track, ele permite abrir todas as asas para que, em uma reta, o dowforce seja mínimo e o 911 GT3 RS ganhe o máximo de velocidade. Comparando ao GT3 normal, o RS se torna muito mais ágil nas retas e mais grudado no solo, enquanto o irmão mais velho é mais arisco com a traseira e solto.

Seis cilindros borbulhantes

Lá na traseira, fica instalado o motor 4.0 seis cilindros aspirado de 525 cv e 47,4 kgfm de torque. Comparando ao Turbo S, o GT3 RS perde feio, já que o irmão despeja 650 cv e 81,6 kgfm de torque nas quatro rodas, enquanto o novo esportivo não tem auxílio da dianteira. 

Porsche 911 GT3 RS [divulgação]
Porsche 911 GT3 RS [divulgação]

Contudo, graças a aerodinâmica e aos quase 200 kg a menos, ele faz de 0 a 100 km/h em 3,2 segundos. Apenas meio segundo mais lento que seu irmão turbinado. Mas o mais legal desse 911 é a sinfonia do motor. Ele é estridente, barulhento, grita alto e sem a menor cerimônia, deixando todo som invadir a cabine sem pedir licença.

Junto a ele, está a transmissão automatizada PDK de sete marchas com 20 kg a menos que a caixa com oito velocidades. As trocas são feitas como deve ser feito em um carro assim: com patadas violentas e inteligência, graças ao punta-tacco automático. É possível também fazer trocas manuais, mas o carro sabe melhor o que faz nessas situações, pode apostar.

Porsche 911 GT3 RS [divulgação]
Porsche 911 GT3 RS [divulgação]

Redução de peso

Como reflexo do seu peso mais baixo, o Porsche 911 GT3 RS abdicou de diversos itens. Não tem sensores de estacionamento, nem sistemas de auxílio à condução, como piloto automático adaptativo, sistema de manutenção em faixa, frenagem autônoma de emergência e outros pormenores como teto solar e até maçanetas.

Por dentro, o acabamento em alcantara domina a cabine, sendo material usado nos bancos, volante e boa parte do painel. Os assentos, aliás, são feitos em fibra de carbono e tem encosto em posição fixa de corrida. Além disso, o modelo conta com manopla de câmbio mais esportiva e gaiola de proteção (podendo ser de aço ou fibra de carbono).

Porsche 911 GT3 RS [divulgação]
Porsche 911 GT3 RS [divulgação]

Vale lembrar que para ter a gaiola em fibra, é preciso optar pelo pacote Weissach que traz rodas de magnésio, barras estabilizadoras dianteira e traseira em fibra de carbono, aletas de troca de marcha em magnésio, cisalhamento do painel em fibra de carbono, além de personalização interna com elementos em vermelho, alcântara e fibra de carbono. Pelo pacote, a pede R$ 310.121 extras além dos R$ 1.920.000 da versão GT3 RS.

Veredicto

O mais próximo que você poderá ficar de um carro de corrida que pode ser pilotado nas ruas é com o Porsche 911 GT3 RS. O esportivo mantém seu formato clássico, dirigibilidade irrepreensível, mas aprendeu a usar o ar ao seu favor. Conectado ao motorista como nenhum outro carro, ele é o ápice dos esportivos com motor aspirado não eletrificado.

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