A Ford acaba de se juntar ao grupo de montadoras que estão desistindo da eletrificação total. Em mais um “veja bem”, que se tornou coletivo, a marca do oval azul acredita ser “ambicioso demais” querer que só carros elétricos sejam vendidos na Europa e no mundo a partir de 2030.
Em entrevista à revista , Marin Gjaja, chefe de operações da divisão Model E da Ford, revelou que os planos mudaram em relação a uma eletrificação total por conta da demanda dos consumidores. “Eu não acho que nós conseguiremos ir com tudo [para a eletrificação] enquanto o consumidor não quiser ir com tudo”, declara Gjaja.
O executivo ainda completa dizendo que “é um processo com rotas diferentes em cada lugar do mundo. Para mim, os consumidores votaram e disseram que seria ambicioso demais, é o que eu diria. E acho que todo mundo na indústria descobriu isso da pior maneira possível. Diria ainda que a realidade te faz ajustar os planos”.
Ou seja, a ideia global da Ford em se tornar uma fabricante pura de elétricos pode ter ido para o telhado. Os EUA já mostrou que está aberto a essa possibilidade apenas parcialmente, visto que os consumidores não estão trocando suas F-150 V8 ou V6 pela elétrica Lightning. Ou deixando de comprar um SUV a combustão para levar o Mach-E.
Caminho com volta
Na Europa, a Ford decidiu matar o Fiesta e o Focus por conta da eletrificação, mas pode voltar atrás. Inclusive, o recente plano de ressuscitar o EcoSport tem ligação total com isso. Afinal, ele não será elétrico. Mas agora a Ford parece estar inspirada na BMW e na Stellantis em uma estratégia de multienergia.
Atualmente, tanto o grupo liderado por Fiat e Peugeot, quanto a marca alemã, apostam na construção de carros com uma plataforma única, mas que ofereça várias opções de motorização. Você tem, por exemplo, o BMW Série 3 que é vendido em versões a gasolina, diesel, híbrida e totalmente elétrica. O mesmo vale para um Peugeot 308 ou um Opel Astra.
“Nós estamos nos estruturando para chegar em um ponto no qual competimos de maneira agressiva. Quer seja com um carro puramente elétrico ou a combustão, híbrido ou algo no meio, porque percebemos que os consumidores querem liberdade de escolha para eleger o melhor tipo de motor e carro para seu uso”, explica Gjaja.
Segundo a reportagem, o primeiro modelo construído sobre essa perspectiva de multienergia será lançado em 2027 na Europa. É bem provável que seja a nova geração do Kuga, SUV médio da Ford que compete diretamente com Hyundai Tucson, BYD Song Plus, Kia Sportage, Honda CR-V, GWM Haval H6 e Toyota RAV4.
Qual sua aposta para a próxima marca que vai desistir de vender só carros elétricos? Conte nos comentários.