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Mercedes-Benz C300 se dá ao luxo do conforto | Avaliação

Luxo e esportividade se tornaram quase um no Brasil. Mas, o Mercedes-Benz C300 tem visual esportivo, mas pegada voltada ao conforto

Mercedes-Benz C300 [Auto+ / João Brigato]
Mercedes-Benz C300 [Auto+ / João Brigato]

Nos últimos anos, o Brasil viu o crescimento de uma relação intrínseca entre . Ou seja, para um carro ser luxuoso, ele também, necessariamente, precisa ser esportivo. Estereótipo reforçado por Mercedes e BMW sempre colocando seus carros com kits AMG e M. Mas o Mercedes-Benz C300 segue só parcialmente esse conceito.

Apesar de todo o seu estilo composto por elementos AMG e uma pegada verdadeiramente esportiva, a versão topo de linha do Classe C é voltada ao conforto. Um carro cuja nítida vocação é rodar por quilômetros a fio no silêncio e serenidade. Mas, em um mundo dominado pelo esquentadinho BMW Série 3, isso é suficiente?

Economia em destaque

Diferentemente do Classe C de entrada, o C300 usa motor 2.0 quatro cilindros turbo. São 258 cv e 40,8 kgfm de torque no total do conjunto, sendo 27 cv e 20,4 kgfm providos pelo sistema elétrico EQ Boost. Ele consiste em um pequeno motor elétrico que auxilia o 2.0 turbo, não sendo capaz de movimentar o carro completamente. Por isso é semi-hibrido.

Mercedes-Benz C300 [Auto+ / João Brigato]
Mercedes-Benz C300 [Auto+ / João Brigato]
Como resultado, temos um sedan de 1.650 kg capaz de atingir os 100 km/h em 6,4 segundos e ainda muito econômico. Durante nossos testes, o Classe C foi capaz de fazer média de 11,5 km/l em um trecho 50% cidade e 50% estrada. Lembrando que o Mercedes é abastecido somente com gasolina.

Só que o interessante foi notar que ele consegue rodar cerca de 10% do tempo só na eletricidade. Ou seja, momentos em que desliga o motor a combustão e usa da inércia para se movimentar. Na estrada ele faz isso, assim como em momentos que detecta que vai parar em um sinal. É um elemento que ajuda muito a economizar.

Mercedes-Benz C300 [Auto+ / João Brigato]
Mercedes-Benz C300 [Auto+ / João Brigato]

Esportivo não, rápido sim

Graças ao conjunto do motor 2.0 turbo com o câmbio automático de nove marchas, o Mercedes-Benz C300 acelera muito bem. Bastou triscar no acelerador que ele já dispara sem a menor dificuldade. As trocas são totalmente sutis e imperceptíveis. Em modo Sport+, ele trabalha com alguns tranquinhos, que são instigantes a uma tocada esportiva.

Contudo, fica nítido que seu comportamento é mais voltado para o conforto, visto que as troca são demoradas. Diferentemente do BMW Série 3, que esconde por trás de um visual mais sóbrio um carro com pegada esportiva, o Classe C é para encantar na hora da serenidade. 

Mercedes-Benz C300 [Auto+ / João Brigato]
Mercedes-Benz C300 [Auto+ / João Brigato]
Por isso, o isolamento acústico é primoroso, fazendo com que o ronco do motor seja presença rara na cabine. Some isso ao conjunto de suspensão que mantém o sedã muito estável na estrada e nas ruas, absorvendo bem os impactos até onde um carro europeu de roda grande é capaz de aguentar.

Diferentemente de outros Mercedes que dão dor na coluna depois de alguns quilômetros, o Classe C preza pelo conforto absoluto. Até mesmo na hora de uma tocada mais esportiva, a traseira não desliza fácil, mantendo tudo sob controle e sem surpresas para o motorista. Ele não é, jamais, arisco ou descontrolado – ao contrário do seu antecessor assinado pela AMG.

Mercedes-Benz C300 [Auto+ / João Brigato]
Mercedes-Benz C300 [Auto+ / João Brigato]
Vale ressaltar ainda que a direção, com assistência elétrica, trabalha com um bom peso. Ela não é totalmente leve, nem uma tora de pesada, combinando com a aura mais refinada que a versão topo de linha do Mercedes-Benz Classe C tenta passar. Destaque ainda para o volante de aro grosso e pega muito agradável.

Questão de refino

Por R$ 439.900, o Mercedes-Benz C300 é um carro verdadeiramente caro. E isso me fez ficar bastante decepcionado com o interior. O contraste entre materiais de qualidade e superfícies que não se espera em um modelo dessa categoria tornou a experiência agridoce em diversos pontos.

Mercedes-Benz C300 [Auto+ / João Brigato]
Mercedes-Benz C300 [Auto+ / João Brigato]
O couro usado no volante, além da parte superior do painel e das portas é de ótima qualidade. Tem aspecto aveludado e macio na medida. Um contraste com o couro dos bancos e portas – que no modelo testado era em um belo tom caramelo. Ele é áspero e parece feito para um modelo barato. Estaria ok em um Volkswagen, não em um Mercedes.

Leve em consideração também que o plástico do console central é oco e bem frágil, diferentemente da faixa em Y com acabamento imitando fibra de carbono. Apesar de ser plástico, aparenta qualidade. Só que, no geral, o interior do Classe C parece mais pobre do que o do BMW Série 3 e até inferior do Audi A3 em termos de acabamento.

É um contraste frente à qualidade de suas telas. Como sempre, a Mercedes entrega um excelente painel de instrumentos totalmente digital, lotado de informações, personalização e funções verdadeiramente úteis. Além disso, é fácil de ler e tem brilho suficiente para ser visto mesmo em situações de sol incidindo diretamente na tela.

O mesmo vale para a central multimídia. Ela é muito bem posicionada, fácil de usar e rápida. Tem botões específicos para o ar-condicionado que nunca somem de vista, assim como de controle de música (algo que sempre fez falta). Conta com Android Auto e Apple CarPlay sem fio. Além disso, exibe o sinal de trânsito quando o motorista para muito abaixo dele.

Ergonomia de primeira

Um dos pontos mais legais do Mercedes-Benz C300 é a função de ajuste automático de bancos. Na central multimídia, o motorista pode informar sua altura (entre 1,44 m e 2,20 m) e o sedã ajustará automaticamente os bancos e o volante em uma posição perfeita. A ergonomia, nesse caso, não tem erro.

Motorista e passageiro contam com ajustes elétricos para os bancos, além de aquecimento. Quem senta atrás, tem a comodidade de ter duas zonas individuais de ar-condicionado, totalizando quatro. Além disso, o espaço é bom, tanto para as pernas, quanto para a cabeça. Há ainda o teto solar que ajuda na sensação de espaço.

[Auto+ / João Brigato]
Porta-malas carrega 455 litros e tem seus truques. Ainda que fique devendo abertura elétrica, traz botão para rebatimento automático dos bancos traseiros. Além disso, vem com uma extremamente prática cesta de supermercado posicionada estrategicamente abaixo do piso. 

Claro que tem tecnologia

Além de algumas amenidades físicas e eletrônicas, o Mercedes-Benz C300 é lotado de itens de série. Destaque para o piloto automático adaptativo com sistema de manutenção em faixa que trabalha com sutileza e é exemplar, mas ainda um pouco abaixo do funcionamento sublime dos Volvo e Honda.

[Auto+ / João Brigato]
[Auto+ / João Brigato]
O Classe C topo de linha ainda traz incríveis faróis full-LED com iluminação adaptativa (600 metros de alcance e 1,3 milhão de pixels por farol), chave presencial, controle de tração e estabilidade, sistema de câmeras 360°, park-assist, frenagem autônoma de emergência dianteira e de ré, alerta de ponto cego e retrovisores eletrocrômicos (exceto direito).

Veredicto

Se sua pegada é conforto acima da esportividade, o Mercedes-Benz C300 foge a uma regra que se tornou obsessão nessa categoria. Ele não é o tipo de carro feito para voltas rápidas na pista, mas sim para uma longa e relaxante viagem com quatro pessoas. É um carro que nunca vai te cansar ao volante e o recompensa por andar tranquilo com baixo consumo.

[Auto+ / João Brigato]
[Auto+ / João Brigato]
É decepcionante a escolha de materiais do interior para um carro tão caro, mas é algo que é compensado pela qualidade de telas e se você nunca for na concessionária da BMW e entrar em um Série 3. 

Você teria um Mercedes-Benz C300? Conte nos comentários.

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