Sabemos que a Kia não tem uma vida muito fácil no Brasil. Com poucas concessionárias e ausência de uma boa estratégia de marketing, a montadora sul-coreana vende pouco em nosso mercado automotivo. Apesar disso, ela prometeu aumentar 57,9% nas suas vendas por aqui ainda esse ano, além de culpar a crise de componentes e anunciar o lançamento de carros elétricos.
De acordo com o site , o diretor de operações da Kia no Brasil, Gustavo Gandini, comentou sobre a situação complicada da marca no mercado brasileiro. O executivo comentou que a crise de semicondutores é a maior barreira para que a Kia consiga crescer em nosso país.
“A Kia ainda está sofrendo muito com os semicondutores. Parece que as marcas que vendem carros de entrada estão conseguindo produzir por usarem chips com menos tecnologia agregada, mas estamos focando muito no mercado mais premium, inclusive com uma linha de SUVs híbridos. Poderíamos até retirar alguns equipamentos dos carros para aumentar o volume de produção, mas preferimos entregar produtos com maior valor agregado e mais tecnologia para nossos clientes”, disse.
Dificuldade internacional
Como a Kia é apenas uma importadora no Brasil, nenhum de seus veículos é fabricado nacionalmente. Todos eles são importados, e por conta disso, a falta de componentes em fábricas estrangeiras influenciam diretamente no desempenho da marca por aqui.
O novo Sportage híbrido-leve, por exemplo, tem suas unidades importadas da Eslováquia. Já o Niro, que também é híbrido, mas traz um sistema bem mais sofisticado, é importado da Coréia Do Sul, país asiático onde nasceu a montadora Kia.
Situação difícil, mas com mais vendas
Apesar das dificuldades de importação, Gandini comentou que a unidade brasileira da Kia está negociando volumes maiores de veículos, para terminar 2023 com o total de 8.500 carros. Caso essa meta seja de fato atingida, a Kia terá um resultado muito superior ao de 2022, com elevação de 57,9%.
De acordo com a , no ano passado ela obteve somente 5.384 unidades emplacadas no total, com participação de 0,28% no mercado de carros e comerciais leves. Em 2023, até março a Kia conta com um total de 1.280 emplacamentos e 0,29% de participação.
Gustavo comentou: “Estamos negociando volumes maiores até por conta dos lançamentos de Sportage e Niro. Só que não esperávamos enfrentar essa dificuldade de produção. O Sportage, principalmente, é produzido na Eslováquia, e a guerra na Ucrânia acaba interferindo também. Há problemas de entregas de peças e de logística, e tudo isso dificulta nossa operação”.
O executivo ainda comentou que está brigando e negociando com a fábrica para chegar a esse volume mais alto de carros. Vale lembrar que a Kia do Brasil responde ao escritório regional localizado em Miami, nos Estados Unidos.
“Estamos brigando com a fábrica para chegar a esse número e negociando para conseguir, mas nem eles conseguem dizer quando esse problema será resolvido. A expectativa é de melhora em até três meses para, quem sabe, ter um volume mais garantido no segundo semestre, ainda com dificuldades”.
Primeiro carro elétrico em breve
Segundo o , Gustavo Gandini também falou a respeito dos carros elétricos da marca para o mercado automotivo brasileiro. Ele disse que o primeiro deles a ser lançado no Brasil será o Niro elétrico, e que chegará até o início do ano que vem.
“O primeiro modelo a chegar deve ser o Niro elétrico e estamos negociando para ver quem chegará primeiro: EV6 ou EV9. O EV6 foi muito premiado na Europa, onde foi o primeiro veículo coreano a ganhar o título de Carro do Ano. Quanto ao EV9, eu acredito que seja bastante interessante para nosso mercado pelo tamanho e por oferecer espaço interno para sete passageiros”, declarou.
Na situação atual da montadora, quem lidera as vendas em território brasileiro é o Bongo K2500, um utilitário que sozinho consegue emplacar mais que todos os modelos de passeio da montadora juntos. “O Bongo tem uma fatia muito grande (das nossas vendas) por conta da produção no Uruguai, seguido pelo Sportage. O Stonic ainda briga por volume, e aí temos Niro e Carnival. Inclusive, Niro e Sportage poderiam estar muito melhores se houvesse produção suficiente para atender à demanda”.
Ausência de concessionárias
Embora a meta de vendas considerada por Gandini seja alta ainda para 2023, atualmente a Kia possui pouquíssimos pontos de venda em território brasileiro. Hoje em dia são apenas 60 concessionárias espalhadas pelo país, número muito menor que as 180 lojas em 2011, quando teve seu melhor momento no Brasil.
“Estamos com 60 pontos e abriremos mais cinco de reposição até outubro. Não estamos abrindo novas revendas por conta da produção, mas a perspectiva é de melhora para o ano que vem, quando pretendemos abrir mais 20 pontos de venda para fechar com 85 concessionárias em 2024. Nós sentimos que ainda existem muitas praças que precisam ser atendidas. Temos oficinas para realizar os serviços de pós-venda, mas as lojas estamos segurando um pouco neste momento”, comentou Gustavo.
Como o foco agora não é na expansão do número de concessionárias, a Kia está aproveitando para reformular completamente o design dos pontos de venda atuais. “As mudanças nas lojas vão muito além da nova logomarca. Nossas concessionárias estão seguindo mais o conceito de butique, com muita iluminação e uso de madeira nos showrooms. Esse é um processo importante e a própria Kia nos cobra isso”.
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