Sempre que algum hatch compacto é citado, o público imediatamente fala: “mas e o Peugeot 208 Style?”. Pode procurar em qualquer site, rede social ou vídeo que a presença da versão 1.0 mais equipada do francês se tornou referência na categoria. Como aparentemente criar versões para o Hyundai HB20 não é problema, recentemente surgiu o Limited Plus.
Por R$ 91.090, ele é o modelo 1.0 aspirado mais caro da gama HB20 hatch – ironicamente é mais barato que o sedã menos equipado, mas tudo bem. Só que o grande ponto do modelo é sua lista de itens de série extremamente recheada e que copia, quase que integralmente, o que o oferece.
Recheio no 1.0
Antigamente era difícil ver um hatch compacto 1.0 aspirado tão equipado quanto o Hyundai HB20 Limited Plus. A lista de itens de série tem chave presencial, seis airbags, painel de instrumentos digital (mas não com tela em alta definição, um tipo mais arcaico), retrovisor elétrico, vidro elétrico com função um toque nas quatro portas e rodas de liga-leve de 15”.
Há ainda ar-condicionado analógico, volante com ajuste de altura e profundidade, revestimento de couro nas portas dianteiras e traseiras, banco traseiro bipartido, sensor e câmera de ré, farol com acendimento automático, assistente de partida em rampa, controle de tração e estabilidade e central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay sem fio.
Comparando ao Peugeot 208 Style, o Hyundai HB20 Limited Plus só não tem teto solar ou faróis de LED (sendo que esse segundo está disponível a outras versões). Mas compensa tendo mais airbags. A única falha é não ter visual diferente das demais variantes – o máximo que tem é roda com desenho que o HB20 bagre topo de linha usava e maçanetas cromadas.
Surpreendente esperteza
Um ponto que sempre incomoda em carros 1.0 é a nítida falta de força, mas no Hyundai HB20 há uma grata surpresa. O pequeno usa motor três cilindros aspirado de 80 cv e 10,2 kgfm de torque. Como são apenas 993 kg, ele chega aos 100 km/h em 14,5 segundos. Um número ruim? Sim, mas comparado com a categoria, se mostra satisfatório.
É surpreendente a vivacidade que o HB20 tem em ambientes urbanos e até em algumas situações de retomada na estrada. Como seu torque máximo chega a 4.500 rpm, a faixa dos 3.000 rpm é quando ele acorda, entregando uma boa dose de torque. Na estrada, é preciso trabalhar com a transmissão manual de cinco marchas para ter mais fôlego.
Com quatro pessoas dentro e ar-condicionado ligado, o Hyundai HB20 começa a sentir a falta de alguns cavalos. Felizmente a transmissão manual é deliciosa de ser operada: os engates são curtos, precisos e bem escalonados – totalmente contrário ao Peugeot 208 Style que insiste em usar o terrível câmbio da Fiat.
A primeira é bem curta para dar fôlego para o HB20 sair até cantando pneu. Já a quinta, poderia ser alongada para baixar a rotação em estrada: acima de 100 km/h, o conta-giros bate mais de 3.500 rpm, fazendo com que o Hyundai fique berrando. Por sorte, o isolamento acústico é melhor que a média da categoria.
Tempero para mais
Um dos pontos mais interessantes sobre o Hyundai HB20 é sua dinâmica. A junção de uma plataforma equilibrada, com suspensão mais durinha e firme, além de belos pneus Michelin 185/60 R15 fazem com que o modelo seja bom de curva. Ele aderna pouco e gruda de maneira satisfatória.
O conjunto de suspensão não faz mais a traseira arriar como antes, muito menos bater seco em buracos. Mas o HB20 nitidamente não é o carro que vai passar sem reclamar por buracos ou ruas ruins, como faz um Fiat Argo, por exemplo. A dinâmica é de fato boa e prazerosa, mas um degrau abaixo do Peugeot 208, mas um pouco melhor que o VW Polo.
A direção tem assistência elétrica bem calibrada, sendo levemente pesada como nos carros da Volkswagen. Ou seja, a Hyundai de fato se preocupa com o prazer ao dirigir, mesmo sendo um carro compacto de entrada com motor 1.0 aspirado – algo que nem todas as marcas veem com bons olhos.
A vantagem de tudo isso é que, mesmo espertinho, ele bebe pouco. Oficialmente a Hyundai declara 9,6 km/l na cidade e 10,4 km/l na estrada com etanol, enquanto na gasolina são 13,3 km/l e 14,6 km/l, respectivamente. Durante nossos testes com etanol ele fez 8,6 km/l na cidade, mas na estrada chegou a 11,3 km/l.
Podemos melhorar
Um dos pontos nos quais o Hyundai HB20 sempre mandou bem, desde sua primeira geração, é no interior. A cabine tem acabamento bem feito, com plásticos de qualidade e bem sólidos, além de montagem justa. Os materiais usados são bons a ponto de que, o volante mesmo sem couro, não incomoda.
Os bancos são macios e confortáveis e o tecido parece durar um bom tempo sem marcas. Há de pontuar que o HB20 merece algumas atualizações, contudo. A central multimídia é fácil de mexer e rápida, mas a tela é simplesmente horrível, com definição baixa, película fosca que mais atrapalha do que ajuda e o visor é bem pequeno.
Já o painel de instrumentos, que se diz digital, atrapalha em um carro manual. Não há conta-giros em que é possível ver a faixa vermelha, sendo indicado apenas por luzes no painel de instrumentos que ficam mais marcantes conforme o motor gira mais rápido. Uma tela digital de fato seria uma solução ideal, mas o painel tradicional é melhor do que esse.
Compacto de antigamente
Um dos pontos nos quais a Hyundai precisa rever quando desenvolver a nova geração do HB20 é o porte. Hoje ele é nitidamente pequeno perante seus rivais diretos. Ainda que seja mais espaçoso que o Peugeot 208, o modelo é apertado por dentro, especialmente para quem se senta atrás.
Há comodidades como prendedor do cinto de segurança traseiro e banco bipartido, mas quem se senta atrás não tem tomada UBS ou saída de ar, que seriam bem vindas. Um quinto passageiro é impossível ficar ali. Já o porta-malas tem 300 litros de capacidade e é o único lugar em que o acabamento é ruim, com plástico e carpete de qualidade questionável.
Veredicto
O Hyundai HB20 Limited Plus é o tipo de carro para quem quer um modelo muito completo, mas não vai muito além da cidade. Eventualmente pegar uma estrada com ele não é problema, mas o modelo não se sente bem vindo ali. Já a cidade, é seu habitat, onde garante bom consumo e desempenho satisfatório.
Surpreendentemente gostoso de dirigir e com ótimo acabamento, ele se torna uma compra muito interessante. O único problema, de verdade, é que o Peugeot 208 Style, apesar de ser tabelado em R$ 94.990, é comumente encontrado nas concessionárias (e no próprio site da Peugeot) por R$ 84.990
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