O GWM Ora 03 GT quer ser o novo queridinho dos elétricos. E a marca chinesa sabe que não tem uma missão fácil, já que o BYD Dolphin chegou com tudo e virou uma febre no Brasil. Por isso que os executivos fazem tanta questão de dizer que elétrico não briga com elétrico. Mas, cá entre nós, eles disputam mercado sim, e a pedra no sapato do Dolphin é o Ora 03, e vice-versa.
Depois de diversas apresentações estáticas, enfim chegou o momento de andar no hatch com visual exótico da GWM. Foi um trajeto curto, e o trânsito de São Paulo mais atrapalhou do que ajudou nessa experiência. Porém, algumas sensações positivas e negativas foram sentidas.
Ágil e chamativo
Normalmente, sair pelas ruas com um Ora 03 GT preto seria uma maneira discreta de rodar com o carro. Acontece que, até aqui, só tínhamos visto ele pintado de cinza. Por isso, ter tido a chance de andar em um modelo de outra cor foi interessante, já que o carro chama a atenção por onde passa.
Em um momento, um Fiat Fiorino parou do meu lado e o motorista analisou atentamente o carro. Afinal, as linhas diferenciadas do hatch chamam a atenção. Outro ponto que deu para notar é a agilidade que os 171 cv proporcionam. Basta uma cutucada leve no acelerador para o carro acordar e arrancar com gosto.
No caso da versão GT, essa potência é inferior a que está disponível no BYD Dolphin, por conta das do rival. Só nas configurações de entrada, o jogo inverte, e o modelo da GWM tem quase o dobro de potência que o Dolphin. Ou seja, na disputa Super Trunfo, cada um deles vence e perde.
De qualquer forma, a potência do Ora é mais do que suficiente para andar na cidade. Principalmente por ser elétrico, e ter torque instantâneo, ele ganha velocidade de maneira rápida. E como o único trecho mais veloz que andamos foi na Marginal Pinheiros, deu para sentir o gostinho de acelerar o modelo em uma pista com velocidade maior.
E, nesse quesito, a estabilidade e as assistências do elétrico se destacam. A suspensão está bem ajustada para o gosto do brasileiro, e também para nossas ruas. O sensor de permanência em faixa e o ACC foram bem calibrados e o Ora 03 transmite segurança quando eles são ativados.
Ao volante
Como já dito outras vezes, o hatch da GWM engana, já que é maior do que parece. O resultado disso é um bom espaço interno e uma posição de dirigir correta. É fácil se acomodar confortavelmente no banco do motorista, por conta dos ajustes elétricos e dos sempre bem-vindos ajustes de profundidade e altura do volante.
No entanto, o volante é grande e com aro fino, uma característica que já se tornou habitual nos carros da GWM. Nos primeiros quilômetros, isso causa uma estranheza, que diminui conforme acostumamos com a direção do modelo. Ruim mesmo são os botões do volante, que lembram o sistema touch da Volkswagen. Nesse caso, o bom e velho botão convencional ainda funciona de maneira melhor.
Apesar desses detalhes, o painel de instrumentos se destaca, principalmente por reproduzir situações do trânsito em sua tela. Se um carro, uma moto ou um pedestre passam na frente do carro, uma representação deles aparece na tela.
A central multimídia também exibe imagens da câmera, indicando em qual lado está o veículo mais próximo, e tem um curioso ângulo que mostra a frente do carro e reproduz as imagens da traseira, lembrando uma câmera de videogame.
O problema é que isso pode sobrepor o mapa que está exibido na tela. Só que neste primeiro contato, por ser um carro protótipo, a central ainda não estava com todas as funções, e o espelhamento de celulares Android não funcionava. Dessa forma, não foi possível saber se essa sobreposição acontece.
Outro ponto incômodo da central é precisar configurar a temperatura do ar-condicionado por ela. Isso sempre dá mais trabalho do que fazer os ajustes por botões, então sempre vale a crítica.
Veredicto
Com bom espaço interno, agilidade ao rodar e uma autonomia de 319 km no ciclo brasileiro, o GWM Ora 03 GT tem tudo para incomodar o BYD Dolphin. Se vai se tornar o novo queridinho dos elétricos, só o tempo dirá, mas a marca chinesa tem um bom produto nas mãos, bastando apenas saber trabalhar sua venda.
Quem ganha com essa disputa chinesa é o consumidor, que tinha no Dolphin uma boa opção de elétrico por um preço mais acessível. Agora, são duas opções, e certamente as marcas tradicionais vão se mexer para ofertarem mais modelos nesta faixa de preço.
De qual lado você está na disputa entre BYD Dolphin e GWM Ora 03 GT? Deixe nos comentários a sua opinião.
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