Ganhando terrenos lentamente a cada mês, a Ford Ranger aposta em uma diretriz diferente de suas rivais. Tem apenas motores diesel e tecnologias dignas de carros de passeio com preço equivalente. Mas a estrela da gama está na Ranger Storm.
Depois dos SUVs, as picapes foram a categoria que mais ganhou terreno nos últimos anos – tanto no quesito tamanho quanto no volume de mercado. Grandes, robustas e caras, elas fazem parte de um dos mais concorridos segmentos, que têm na Toyota Hilux e Chevrolet S10 como suas líderes, além da Ranger logo na cola.
Conta que fecha
Por R$ 185.790, a Ranger Storm é a mais barata da gama com o motor 3.2 Duratorq cinco cilindros turbo diesel. Ele entrega 200 cv, dentro da média da categoria, e torque de 47,9 kgfm, um pouco abaixo do da Chevrolet S10.
A vantagem da Ranger Storm é cobrar pouco pelo conjunto que entrega. Com preço semelhante, não há versão da Volkswagen Amarok disponível, a Chevrolet S10 tem equivalente somente com motor flex e a Toyota Hilux pelo mesmo valor é completamente básica. Há apenas a Nissan Frontier Attack custando o mesmo e também com visual aventureiro.
De série, ela vem equipada com retrovisores elétricos, vidros elétricos nas quatro portas com função um toque para o motorista, ar-condicionado digital de duas zonas, direção elétrica com ajuste de altura, central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay.
Além disso ainda vem com faróis de neblina, bancos revestidos de tecido, chave canivete com alarme, sete airbags, controle de tração e estabilidade, sensor de ré e câmera de ré. Sem luxos, apenas o que é estritamente necessário. Não sentirá falta de equipamentos, garanto.
Além das aparências
Um dos grandes chamarizes da Ford Ranger Storm é o visual mais parrudo. Ela traz para-lamas alargados, rodas de liga-leve pretas, santantônio de ferro, grade frontal diferenciada, adesivos na lateral e capô, além de faróis escurecidos.
Isso tudo é acompanhado por pneus de uso misto Pirelli Scorpion AT Plus 265/65 R17 que auxiliam a picape no off-road. Durante o teste, levei a Ranger a diversas situações fora de estrada. Ela rodou mais de 80 km em terra batida e também encarou algumas trilhas.
Mostrando sua robustez, a picape média encarou com tranquilidade o chão de terra, rodando lisa e sem vibrações mesmo em alta velocidade. A Ranger mostrou valentia na suspensão, que trabalha sem barulhos e com maciez elogiável.
Em terrenos mais acidentados onde a tração 4×4 entrou em ação, a Ranger Storm mostrou todos os seus atributos para sair de locais mais difíceis. O controle de tração segura muitas deslizadas da traseira, ao mesmo tempo em que ela transmite confiança para encarar a buraqueira sem medo.
Mesmo em alta velocidade, onde a carroceria tende a ficar mais sensível à qualquer tipo de relevo, a Ranger se manteve estável e transmitiu robustez. Deixando claro que sua aptidão off-road também existe.
Um dos destaques vai para o controle automático de decida, que acelera e freia a Ranger sozinho dentro de uma velocidade programada. Assim, o motorista precisa se preocupar somente com o volante e com a trajetória à frente.
Hit the road Jack!
Por conta do tanque de 80 litros, a Ford Ranger também é uma boa companheira de estrada. Ela conseguiu consumo melhor que o divulgado na rodovia durante os testes: 12 km/l contra 9,4 km/l do divulgado oficialmente.
A Ranger Storm se provou estradeira, apesar do ruído acentuado do pneu de uso misto – um preço a se pagar por ter capacidade off-road. Entre as picapes médias ela é uma das que menos tem comportamento saltitante.
Além disso, não passa tanto a sensação de ser um trambolho como suas rivais. Isso não quer dizer que ela não seja um trambolho. Afinal, com 5,35 m de comprimento, 1,86 m de largura e 1,82 m de altura, ela é grande. Mas estacionou na minha apertada garagem mais fácil que a Chevrolet S10, isso porque ela não tem sensor de estacionamento dianteiro como a rival na versão avaliada.
O capô mais inclinado e os retrovisores com tamanho de televisão de tubo ajudam na manobrabilidade da picape Ford. Aliado a isso o ótimo raio de giro, fazem dela uma picape amiga do ambiente asfaltado.
Na cidade o câmbio automático de seis marchas trabalha com suavidade. Mas há um aspecto notável. Para reduzir vibrações, ela desacopla do motor. Quando o motorista acelera, o acoplamento faz com que ela parta da inércia como em um pulo, mostrando já de cara a sua força.
A carroceria inclina bem em curvas por conta da altura elevada da suspensão, mas nada perigoso. A Ranger transmite confiança ao volante e controle. É nessa situação que a picape da Ford mostra que é versátil para a terra e para o asfalto, diferentemente de algumas de suas rivais que são boas somente em um desses tipos de terreno.
Céu fechado
A direção é extremamente leve e grande, com comandos por todos os lados, o que facilita a vida do motorista. De cada lado há comandos para as duas telas do painel de instrumentos. A da esquerda concentra conta-giros, marcador de combustível e computador de bordo.
Já a da direita é meio inútil, pois replica informações de entretenimento e celular da central multimídia. Entre os mimos há um porta-objetos enorme no descansa-braço (feito de um desconfortável plástico duro) com direito a refrigeração.
Ainda na parte de tecnologia, a Ranger tem central multimídia com tela de boa definição e bem posicionada. Com Android Auto, ela se da bem e é veloz. Contudo, seus menus já estão datados e as animações usadas fazem com que ela pareça lenta, algo que não é. Ainda assim, é uma central boa.
Mas a Ranger tem seus pecados. A direção ajusta somente em altura, não em profundidade. O banco do passageiro é alto em demasia, fazendo com que pessoas altas quase raspem a cabeça no teto. Além disso, ela não tem proteção para a caçamba nem capota marítima.
Além de fazer gastar mais combustível por conta da aerodinâmica, a capota marítima protege os objetos contidos na caçamba. Por sua vez, a ausência de qualquer tipo de proteção no piso e laterais torna qualquer objeto mínimo colocado ali motivo de riscos à pintura irreversivelmente.
Veredicto
Custo-benefício é a grande arma da Ranger Storm em todos os sentidos. Ela é uma das raras picapes médias que é igualmente boa em asfalto e em terra. Não é a melhor do off-road ou a mais estradeira, mas vai além de ser simplesmente boa em ambas as situações para ser uma alternativa mais versátil que as rivais.
Tem lista de equipamentos justa, onde apenas as proteções para a caçamba se fazem sentir falta – mas é algo facilmente resolvível na concessionária. Por R$ 185.790 não é somente uma das mais interessantes opções entre as picapes médias, como é a versão com melhor conjunto dentro da família Ranger.
>>Avaliação: Chevrolet S10 High Country: não contavam com minha astúcia
>>Confirmada: Peugeot Landtrek estreia na América Latina em novembro
>>Chevrolet S10 tira Toyota Hilux da liderança das picapes médias