Recentemente testei aqui no Auto+ a Volkswagen Saveiro Extreme. E ficou aquela sensação de que muito faltava àquela picape compacta. Semanas depois, habitou em minha garagem a Fiat Strada, agora na versão Ultra com motor turbo. E…honestamente, que dó da Volkswagen Saveiro.
Por R$ 133.990, a Fiat Strada turbo é mais cara que a Saveiro topo de linha, que sai por R$ 117.970 com todos os opcionais. É sim uma diferença considerável, mas é mais do que justificável pela presença de transmissão automática, motor turbo e uma cabine dupla de verdade. Mas, sem comparações com a Saveiro, a Strada turbo é um carro bom?
Origens nítidas
Primeiro é preciso baixar as expectativas com algumas coisas. A Fiat Strada Ultra e a Ranch usam o mesmo motor 1.0 três cilindros turbo que hoje está presente no Peugeot 208 e nos Fiat Pulse e Fastback, mas que também estará no . De todos eles, a Strada é a que tem a base mais velha e isso fica nítido na hora de dirigir.
A plataforma MPP é uma variação mais robusta da base do Mobi, que tem origem no Uno e também serve à Fiorino. Ou seja, é uma plataforma mais velha, que compromete o bom conjunto que o motor 1.0 turbo e o câmbio CVT mostram em outros Stellantis – especialmente no Peugeot 208.
Ainda assim, são 130 cv e 20,4 kgfm de torque que entregam força total já em baixa rotação. O câmbio CVT é uma enorme referência no mercado, permitindo que o 1.0 trabalhe na melhor faixa de rotação sem comprometer o consumo. Mas, basta pisar no acelerador, que a caminhonete compacta dispara sem medo.
Como resultado, são 9,5 segundos para chegar aos 100 km/h e consumo médio de 8,3 km/l na cidade com etanol e 9,4 km/l na estrada. Já com gasolina, ela marca 12,1 km/l na cidade e 13,2 km/l na estrada. Em nossos testes, feitos com etanol, ela manteve 9 km/l cravado entre cidade e estrada.
Ai é que está
Um dos pontos que denunciam as origens mais simples da Fiat Strada é a quantidade de barulho que ela faz. É possível escutar o turbo espirrando, coisa que nenhum outro modelo com esse motor faz. Além disso, o som os três cilindros são muito mais evidentes dentro da cabine, assim como sua vibração.
Outra coisa estranha é que ela produz um som parecido com uma cigarra vindo do banco traseiro. Quando dirigi a Strada turbo pela primeira vez no evento de lançamento, pensei se tratar de algo da unidade de lançamento. Mas depois de uma semana, a tal “cigarra” estava lá todas as vezes em que ligava a picape.
Ruído de rodagem também é presente, mesmo que a versão Ultra use pneus de asfalto que diminuem essa sensação quando comparada à Ranch. Mas a suspensão da Fiat Strada é referência total. Ela tem feixe de molas na traseira, como em caminhonetes médias, o que faz com que ela aguente carga sem arriar ou arregar.
Andando, é possível sentir uma robustez muito nítida. Buracos, valetas e qualquer tipo de direção sem a menor dó são rotina para a Strada – e ela faz tudo sem reclamar. Vazia, tende a pula um pouco na traseira, mas é mais confortável e bem mais robusta que a Saveiro, que também pula bem.
A direção é quase como em todo Fiat: leve e direta na medida certa. Só não se aproxima tanto dos irmãos porque não é tão leve assim nas manobras. Honestamente, prefiro assim, pois passa uma sensação de segurança maior e combina totalmente com a aura parruda que a Strada turbo passa.
Oi, Pulse
Por dentro, a Fiat Strada recebe elementos de vários irmãos e primos. O volante agora é o do Pulse, o painel de instrumentos é o mesmo que o Uno tinha, enquanto a manopla de câmbio veio do Jeep Renegade. Só que o geral da cabine tem todos os elementos no mesmo lugar do Mobi – afinal, ela deriva dele.
Isso é ruim? Não. Tirando o fato de o volante não combinar nada. Mas a qualidade de acabamento da Strada surpreende. São usados plásticos de boa qualidade com uma diversidade grande de texturas, que tornam tudo mais interessante. Na Ultra e na Ranch, a Fiat deu uma boa faixa de couro nas portas, que é macia e feita com material de qualidade.
O couro dos bancos e volante também é bem feito, tendo costuras em vermelho feitas especificamente para a Ultra. A versão de visual esportivo também traz elementos pretos por dentro, teto com tecido preto, enquanto por fora tem rodas escurecidas, cromados substituídos por elementos cinza escuro, friso vermelho na grade e estribo lateral.
Destaque ainda para a versão Ultra para a presença de ar-condicionado digital de uma zona, um item bastante apreciado. Ela ainda traz carregador de celular por indução, faróis full-LED, quatro airbags, controle de tração e estabilidade e câmera de ré. Só ficou devendo piloto automático, faróis com acendimento automático, sensor de chuva e chave presencial.
Vale falar também sobre a central multimídia. Ela conta com Android Auto e Apple CarPlay sem fio. Mas a tela tem qualidade só ok, apesar do funcionamento rápido e dos menus claros. Já o painel de instrumentos tem uma tela monocromática antiquada e que faz barulhos de microondas ao ser manuseada.
Quatro de fato
Um dos pontos que mais incomoda na é que ela é vendida como cabine dupla, mas tem somente duas portas. Na Strada não: a presença das portas traseiras fazem com que entrar e sair dela seja muito mais fácil. Além disso, o espaço traseiro é melhor – ainda é apertadíssima? Sim, mas carrega gente com mais decência que a rival.
Na frente, o motorista conta com banco com ajuste de altura, mas que sempre o deixa em uma posição um pouco mais alta que o desejado. O volante segue regulado apenas em altura e é um pouco mais enfiado no painel do que deveria, criando problemas de ergonomia.
Na caçamba, a Fiat Strada carrega 650 kg em 844 litros. A caçamba é funda, permitindo carregar uma boa quantidade de itens empilhados. A Ultra turbo conta com capota marítima e protetor de caçamba como itens de série. Além disso, a tampa é fácil de ser aberta, nitidamente leve para manusear.
Veredicto
Muito robusta, esperta, econômica e com bom acabamento para a categoria, a Fiat Strada turbo é o tipo de picape que não deixa qualquer tipo de espaço para a concorrência. Tanto que as versões turbinadas partem para cima da Chevrolet Montana Sem Nome, que tem câmbio manual e bem menos equipamentos.
Em suma, qualquer dúvida que exista sobre uma picape compacta, se a resposta não for Fiat Strada, está errada. Agora, se pensa em um carro com pegada de SUV e motor turbo, o preço convidativo da Strada Ultra é um belo atraente. Só saiba que o espaço interno foi sacrificado pelas origens de Mobi e pela presença do espaço de cargas.
Qual sua picape compacta preferida? Conte nos comentários.
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