Quem busca um carro com forte custo-benefício não está atrás de uma tela grande, motor mais potente da categoria ou um monde de badulaque eletrônico que nunca vai usar na vida. Quer o máximo de conforto possível, pagando o menor valor que conseguir. E nessa tocada está o Fiat Pulse Drive 1.3 CVT – um dos melhores custo-benefício entre os SUVs no Brasil.
Por R$ 102.290 (ou R$ 104.280 com a cor Azul Amalfi da unidade testada), o Fiat Pulse Drive é o SUV compacto automático mais barato do Brasil – e isso por si só já diz muito. O próximo concorrente, o Hyundai Creta Action, é de uma geração velha e custa R$ 6 mil a mais, além de vir menos equipado. Mas tudo isso tirou boa parte do charme do Pulse?
Argo ou Pulse
Boa parte do fator de convencimento e de diferenciação do Pulse contra o Argo está no motor 1.0 três cilindros turbo. Ele existe na versão Drive (e recomendo fortemente que você gaste os R$ 8 mil a mais por isso), mas o principal na variante de entrada é o 1.3 Firefly quatro cilindros flex.
Não é um motor fraco, afinal são 107 cv e 13,7 kgfm de torque bem servidos em seu 1.3, mas ele não tem o mesmo ímpeto do 1.0 três cilindros e muito menos o consumo comedido. É apenas suficiente nesses dois quesitos, mas anda melhor que a Strada CVT, pelo menos. Marca 9,2 km/l de média na cidade com etanol e 10,4 km/l na estrada com o mesmo combustível.
Contudo, durante nossos testes o Pulse 1.3 não passou de 9 km/l redondos, mesmo andando mais na estrada. Não é o tipo de carro que te empolga nas acelerações, mas também não será aquele que te fará passar vergonha em uma subida, como acontece com um certo ex-concorrente que morreu recentemente.
Para a cidade é o ideal, deslanchando com suavidade e com giro baixo a maior parte do tempo. Há só um porém: a transmissão automática do tipo CVT com sete marchas simuladas trabalha bem na função de manter a rotação baixa o tempo todo e aproveitar o máximo que pode de um motor aspirado que tem torque em giro alto (4 mil rpm).
Só que ela patina bastante nas saídas de sinal e acelerações rápidas junto a um incômodo delay do acelerador. Você pisa no pedal direito, alguns instantes nada acontece, então pisa mais, aí o Pulse sai acelerando forte, com o giro lá em cima porque a transmissão está patinando. Ele grita muito e depois derruba o giro e começa a andar como deveria.
Parrudez de SUV
Essa gritaria da transmissão CVT na hora de acelerar não é muito atenuada pelo isolamento acústico que, no motor, faz falta. O lado bom é que o ronco do Firefly é bastante gostoso e muito mais grosso e bom de ouvir do que se esperaria de um carro com zero pretensões esportivas. Alma italiana, né.
É um contraste com o isolamento de suspensão e ruídos de vento. Nesse quesito o Pulse é um silêncio só. A Fiat é mestre em calibrar o conjunto de suspensão para o Brasil e já provou isso com a Toro e também com os modelos da Jeep. O Pulse é ainda mais evidente nisso. Ele passa uma sensação de parrudinho, encarando os buracos como se fosse brincadeira.
Um nível de absorção que chega perto de , deixando-o bem longe da alma de shopping dos rivais diretos. Não há batidas secas, nem mesmo uma sensação de que o carro vai desmontar como acontece com outros na categoria. O Fiat Pulse pode ser castigado nos buracos e asfalto ruim com se fosse algo natural para ele.
Isso se traduz bastante em conforto ao rodar. Ele é suave, confortável e anda liso. Só nas curvas vai um pouco mais desengonçado que a versão Impetus por conta do conjunto de pneus diferentes, que no caso do Drive são 195/60 R16. A direção segue por essa tocada, sendo bastante neutra, leve, mas rápida para deixar o Pulse espertinho.
Escala de cinza
Por dentro a versão Drive deixa bem claro tratar-se de um modelo de entrada. Painel de instrumentos é analógico, a faixa central é preta, enquanto os bancos são de tecido. Nem a famosa alça PQP está lá, muito menos ajuste de profundidade no volante. Aliás, não consigo entender como a Fiat deixou o volante com regulagem de profundidade só no Impetus.
Mas talvez o que dê mais essa aparência de entrada é a central multimídia. Ela não é ruim, muito pelo contrário. Tem ótima definição, é rápida, intuitiva e bem completa. Porém, tem mais borda que um iPhone 3G. É que a moldura foi pensada para a tela de 10,1” do Impetus, mas aproveitada pelo display de 8,4”. É muita borda para pouca tela.
Salvo o porta-luvas desalinhado – algo típico de todo Pulse, o acabamento do SUV compacto da Fiat é bem bom para sua faixa de preço. Plásticos de boa qualidade, texturas interessantes e que mesclam elementos diferentes. Não é uma monotonia de preto como outras versões de entrada por conta de detalhes em cinza na maçaneta e saída de ar.
O tecido dos bancos é de qualidade e passa conforto, tal qual o material do volante que, pode não ser couro, mas é bem mais agradável ao tato que o do Chevrolet Onix, por exemplo. O painel de instrumentos é simples, mas tem uma boa tela central com diversas funções e prática de mexer pelos comandos no volante.
Há bastante porta-objetos, especialmente no console central. Tudo encontra seu lugar e o Pulse ainda tem dois tipos de entrada UBS: tanto da normal, quanto para a C, caso seu celular seja mais moderninho. Espaço é suficiente para a categoria e seria um destaque se ele fosse um hatch compacto. Já o porta-malas de 370 litros é bom e bem fundo.
Consciente
A lista de itens de série do Fiat Pulse Drive é bastante interessante, mas sem grandes destaques. Tem farol de LED de série, assim como vidros elétricos nas quatro portas, retrovisor elétrico, rodas de liga-leve, assistente de partida em rampa, ar-condicionado digital de uma zona, controle de tração off-road, monitoramento de pressão dos pneus e retrovisores elétricos.
Agrega ainda ar-condicionado digital de uma zona, Android Auto e Apple CarPlay sem fio, piloto automático, quatro airbags, banco do motorista com ajuste de altura (que sempre fica mais alto do que deveria), alarme e controle de estabilidade. Não vai sentir falta de nenhum item essencial, mas talvez só de alguns mimos.
Veredicto
Pensando como compra racional, o Fiat Pulse Drive 1.3 CVT é praticamente imbatível. É o SUV compacto mais barato do Brasil com câmbio automático. Tem certa dose de robustez que se espera da categoria e um visual bem agradável. Além disso, a lista de itens de série é boa.
A dirigibilidade não é das mais interessantes, ficando no patamar do suficiente. Além disso, o consumo fica aquém do esperado e algumas economias típicas de versão de entrada tiram todo o charme do carro. Se você pensa com o bolso, essa é a versão ideal. Mas se puder gastar mais um pouco e levar o Drive Turbo, seu lado emocional vai te agradecer.
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