Por anos, a Fiat Ducato foi a líder de segmento no Brasil. Ela carregou o país nas costas por décadas, mas deixou seu trono escapar para o porta-malas da Renault Master. Confesso que a Ducato faz parte da minha história, já que por quatro anos, enquanto fazia faculdade, andava no banco do passageiro de uma por horas a fio.
Mas nunca havia me transportado para o lado do motorista. Admito que a única oportunidade em que dirigi uma van foi no lançamento da Ford Transit elétrica onde levei para uma volta a versão a combustão a fim de fazer algumas fotos. Mas era um ambiente fechado e curto. Dirigir, de fato, foi a primeira vez com a Ducato.
O engraçado é que esperava ser complicado dirigir um trambolho de 5,99 m de comprimento, 4,03 m de entre-eixos, 2,52 m de altura e 2,05 m de largura. Mas não. As vans de hoje em dia são recheadas de sistemas eletrônicos de auxílio ao condutor e também de itens de conforto. Tem picape média que dá mais trabalho de dirigir que essa Ducato.
Agora entendo o Edson
Durante minha vida universitária, Seo Edson, o motorista da Ducato que me levou por quatro anos, sempre teve o pé bem pesado. Sua van viva acima do limite da velocidade da via e com uma boa estabilidade. Só fui entender isso de fato ao volante da nova Ducato. Ela não nega fogo com seu 2.2 quatro cilindros turbo diesel de 140 cv e 34,7 kgfm de torque.
Pode parecer um número baixo, especialmente porque o 2.0 turbo diesel da Toro traz 170 cv e 35,7 kgfm. Mas não. A Ducato acelera linearmente, sem te fazer colar no banco, mas também sem negar força. Mesmo em subidas, não é preciso reduzir marcha, pois ela aguenta seguir no ritmo forte. E o acelerador responde rápido.
Um dos pontos altos da Ducato, que deveria ser exemplo para todos os outros carros da Fiat, é o câmbio. Ao contrário do câmbio manual presente em Argo, Mobi, Strada, Cronos e Pulse, que tem engates borrachudos, imprecisos, longos e ruins, o câmbio da Ducato é ótimo, rápido, mas um tanto quanto seco. A posição próxima ao volante ajuda muito nas trocas.
Como em transmissões de carros esportivos, dá para escutar o “clec-clec” metálico a cada engate. Mas é um tipo de transmissão bem mais prazerosa do que o típico Fiat, especialmente por ser precisa e curta. Já a direção, com assistência hidráulica, é leve demais, contando com um centro morto como se tivesse um tipo de folga.
É ótima para manobras, porém em alta velocidade, para um veículo tão grande, não transmite tanta confiança. Já a suspensão é macia, mas ainda assim com a robustez sempre presente nos modelos da Fiat. O interessante é que essa nova geração está mais sólida, por isso os ruídos e rangidos à bordo diminuíram consideravelmente.
Área de trabalho
Modernizada, a Fiat Ducato conta com ajuste manual de lombar para o motorista, além de regulagem de altura do banco (que poderia baixar mais). O volante também traz ajustes de posição mais do que bem-vindos. Há de destacar o fato de que o freio de estacionamento fica do lado esquerdo e bem baixo, exigindo um sobe e desce de coluna para acionar.
A Ducato conta com uma prancheta no encosto do banco central, algo extremamente prático e genial. Além disso, traz porta-luvas superior refrigerado e vários porta-copos e objetos. O espaço traseiro na versão de 19 lugares é um tanto quanto complicado, especialmente na fileira atrás dos bancos do motorista.
É impossível uma pessoa como eu, com 1,87 m de altura, sentar ali. Nas fileiras seguintes, o espaço é justo. Mas o banco sem opção de reclinar, deixa a coluna reta demais e desconfortável. A solução é a versão de 17 lugares, que trata os passageiros traseiros com muito mais conforto e espaço.
Veredicto
O segmento de vans não é medido por diversão ao volante, capacidade de fazer curvas ou até mesmo ergonomia. Contudo, queria trazer essa visão do mundo dos automóveis para a categoria que faz compra na ponta do lápis. E nesse quesito a Ducato manda muito bem, independentemente da versão (clique aqui e confira preços).
Ela tem o melhor valor de revenda da categoria, o custo operacional por quilômetro rodado é o mais baixo (R$ 2,78 contra R$ 3,13 da média da categoria), a cesta de peças em caso de colisão custa metade da cobrada pela Sprinter (R$ 9.990 contra R$ 18.236) e as três primeiras revisões (R$ 4.324) são mais baratas do que todas as rivais.
Ou seja, no fim das contas, apesar de agora vir importada da Itália, a Fiat Ducato é o tipo de van que valoriza bastante o seu bolso. E, sinceramente, ainda consegue ser divertida de dirigir.
>>Fiat Ducato 2023 chega importada da Itália por R$ 245.990
>>Ford sobe preços de Bronco Sport, Maverick e Transit no Brasil
>>Carro mais feio do mundo, Fiat Multipla, ganha motor de 1.294cv