Dominante desde o início da nova era de motores híbridos 1.6 V6 turbo, introduzida em 2014, a Mercedes-AMG acaba de igualar a Ferrari como recordista de títulos Mundiais de Construtores em sequência. Foram seis, considerando a atual temporada. A taça de 2019 está matematicamente assegurada em função dos resultados do GP do Japão, no último domingo.
Depois de ser surpreendida pelo ritmo da Ferrari no treino de classificação – com pole para Sebastian Vettel e segundo lugar para Charles Leclerc – a Mercedes reagiu na corrida. Vale lembrar que as duas atividades foram realizadas no próprio domingo, com poucas horas de diferença, porque a programação da véspera fora cancelada em função da passagem do tufão Hagibis pela região do circuito de Suzuka.
Ainda na largada, Valtteri Bottas pulou de terceiro para primeiro e a partir daí foi um domínio absoluto. O piloto da Mercedes só perdeu a liderança momentaneamente durante seus pit stops. Foi a terceira vitória de Bottas no ano. Vettel foi o segundo e Hamilton, o terceiro. A Ferrari viu sua corrida comprometida não só pelo ritmo abaixo do esperado por parte de Vettel, mas também por uma presepada de Leclerc na segunda curva.
O piloto monegasco, que é uma das sensações da temporada 2019, calculou mal o contorno da curva e acabou atingindo em cheio Max Verstappen, que foi parar fora da pista. Algumas voltas depois, Verstappen foi forçado a abandonar em função dos danos no carro. A direção de prova mais uma vez foi lenta em tomar qualquer decisão e só anunciou a punição a Leclerc depois do fim da corrida.
Ele recebeu um acréscimo de 15s no tempo final, caindo de sexto para sétimo, o que pareceu uma punição branda pelo prejuízo que causou ao adversário. “O Charles jogou o carro em mim. Meu carro está todo destruído, tem buraco na lateral. Gosto de batalhas duras, mas o que ele fez foi irresponsável”, criticou Verstappen. Leclerc reconheceu o erro.
Este não foi o único “climão” da corrida. A FIA (Federação Internacional de Automobilismo) também deixou passar uma suposta queima de largada de Sebastian Vettel. As câmeras flagraram o carro dele se movimentando pouco antes do apagar das luzes e o próprio piloto disse que se embananou na hora de começar a corrida.
Mas segundo os comissários, o movimento de Vettel foi “dentro do tolerável” pelo que prevê o regulamento. Os adversários, claro, ficaram furiosos. Outra polêmica envolveu o encerramento precoce da prova: embora a bandeirada tenha sido agitada como previsto, na volta 53, a FIA considerou o resultado da passagem anterior, porque o painel sinalizou o encerramento antes da hora. Pelas novas regras, a sinalização do painel é a que vale. A bandeira de pano é apenas simbólica.
Essa medida não teve impacto nas primeiras posições, mas trouxe um resultado bizarro na zona de pontuação. Sergio Pérez, que bateu na última volta, a 53, foi considerado o nono colocado, posição que ocupava na passagem considerada pela FIA. Entre tantas confusões, quem só queria saber de festa era a Mercedes, que escreveu mais um belo capítulo de sua história.
Entre os pilotos, agora só o próprio Valtteri Bottas pode ameaçar Lewis Hamilton, mas as chances são pequenas. E entre as equipes, não tem pra mais ninguém. Mais um título do time prateado. As conquistas da Mercedes (2014-2019) agora igualam de forma muito merecida o histórico período de domínio da Ferrari no início do século (1999-2004).
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