Quando as primeiras gotas de chuva caíram sobre o circuito de Hockenheim, na Alemanha, ficou claro que a Fórmula 1 viveria um dia especial, desses que são lembrados por algum tempo. Como sempre acontece com pista molhada, a corrida foi mesmo épica, com surpresas e mudanças de rota ao longo de cada uma das 64 voltas completadas.
Começando pelo fato de que a toda poderosa Mercedes não subiu no pódio com nenhum de seus dois carros. Haja frustração! Além de estar correndo em casa, a Mercedes celebrava 125 anos de história no esporte a motor, incluindo pintura especial branca nos carros e figurino de época para o staff.
A maionese começou a desandar na 29ª volta, quando Lewis Hamilton, então líder, perdeu o controle do carro na última curva e acertou a barreira de proteção. Milagrosamente, o piloto britânico conseguiu sair da brita e atravessou a pista para recolher aos boxes e trocar o bico danificado. Aí, foi um show de horror.
A Mercedes evidentemente não esperava pelo pit stop e se atrapalhou muito na troca. Hamilton ainda foi punido pela forma estabanada e perigosa como recolheu para o pit lane. Valtteri Bottas, que poderia ter salvado o dia, rodou sozinho e bateu forte na 56ª volta. Enquanto isso, um garoto de 21 anos de idade dava seu show habitual.
Depois de patinar na largada, Max Verstappen fez uma corrida quase perfeita. Quase, porque até ele errou: chegou a rodar quando a equipe decidiu arriscar na estratégia e o colocou de pneus para pista seca no asfalto molhado. Mas a sorte estava mesmo ao lado de Verstappen, que deu um giro de 360 graus, não atingiu nada, nem ninguém, e seguiu em frente.
Enquanto os adversários se embananavam, ele consolidava a liderança. “Realmente, estava complicado na pista e conseguimos tomar as decisões certas. Mas tivemos de ficar focados o tempo todo. A corrida foi mais uma questão de não cometer erros – e parece que a gente aprendeu a fazer isso”, comentou Verstappen.
Em segundo lugar, também de forma meio improvável, chegou Sebastian Vettel. Depois de um problema no carro que o tirou do treino classificatório e fez largar da última posição, Vettel pôde arriscar um pouco mais nas trocas de pneus e teve uma pilotagem sublime, livre de erros, pra tirar a zica e agradar a torcida alemã, chegando ao pódio.
A terceira posição ficou com Daniil Kvyat, um cara que já teve suas maiores oportunidades na Fórmula 1 (chegou a correr pela Red Bull) e foi resgatado este ano para correr pela Toro Rosso, aparentemente porque a equipe não conseguiu ninguém melhor que tivesse a superlicença. O pódio debaixo de chuva pode ter sido a virada que ele precisava na carreira.
Lance Stroll levou a Racing Point a um celebrado quarto lugar. Robert Kubica, piloto da fraquíssima Williams, que ficou oito anos afastado da categoria em função de um terrível acidente de rali, responsável por limitar seus movimentos do braço direito, voltou a pontuar, chegando em décimo (após punição aos carros da Alfa Romeo). Uma verdadeira façanha!
Outro que foi muito bem foi Nico Hülkenberg. O piloto alemão esteve na briga direta pelo pódio até a 39ª volta, quando vinha em quarto. Ele bateu no mesmo lugar de Leclerc e Hamilton, um trecho que ficou muito escorregadio com a chuva em função da aplicação de um produto costumeiramente usado nas provas de arrancada (disputadas ali naquele local).
Veja mais:
>> Hamilton faz história com 6ª vitória na Inglaterra