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VW Polo TSI manual é sonho de um ex dono de up! TSI | Avaliação 

Novo Polo TSI manual prova que a Volkswagen ainda sabe fazer um hatch simples e divertido com o up! TSI foi um dia

Volkswagen Polo TSI manual [Auto+ / João Brigato]
Volkswagen Polo TSI manual [Auto+ / João Brigato]

Sabe o que é mágico nos carros? Eles são capazes de nos despertar sentimentos tão primitivos quanto os que temos por outras pessoas. Ninguém fica indiferente a um carro que passou por sua vida, especialmente pelas histórias que viveu com ele. E o novo Volkswagen Polo TSI foi justamente um carro que me trouxe tão boa lembranças.

Fui dono de um up! TSI por seis anos. Foi o carro que mais ficou tempo em minha garagem e amava cada momento com aquele subcompacto turbinado. Modifiquei ao meu gosto, vivi histórias, mas esse ano me despedi dele em favor de algo mais maduro, no caso um Nissan Kicks Advance.

Só que a saudade do meu up! TSI é diária e o coração chega a ficar apertado quando vejo um bunda preta na rua. E a esperança de que a Volkswagen fizesse algo parecido com ele, já havia ido para o ralo. Afinal, o up! nunca vendeu bem e a marca não parecia empolgada em fazer um carro turbo manual.

Volkswagen Polo TSI manual [Auto+ / João Brigato]
Volkswagen Polo TSI manual [Auto+ / João Brigato]
Por sorte, a morte do Gol e do motor MSI na linha nacional fez com que a Volkswagen precisasse mexer na linha Polo. Como resultado, o motor 1.0 TSI três cilindros turbo de 116 cv e 16,8 kgfm de torque que pulsava no meu up! TSI, foi parar no cofre do Polo. E o melhor: com câmbio manual.

Reduziu a força, mas não a diversão 

Na linha 2023, a Volkswagen reduziu a força do motor 1.0 TSI no Polo, que antes rendia 128 cv e 20,4 kgfm de torque. Isso se deu por economia de custos (usaram um câmbio automático que aguenta menos torque) e também para deixar o Polo mais econômico.

Volkswagen Polo TSI manual [Auto+ / João Brigato]
Volkswagen Polo TSI manual [Auto+ / João Brigato]
Só que o grande problema do Polo anterior era que o câmbio automático não acompanhava a esperteza do motor TSI. Com transmissão manual, a diversão é garantida. Ele acelera como um canhãozinho, chegando aos 100 km/b em 10,1 segundos, mas que parece menos dado o forte torque que ele tem disponível.

Óbvio que não é um esportivo, e não chega perto do Polo GTS. Só que é o tipo de força que não se espera de um hatch compacto sem pretensões esportivas ou de um modelo que antes andava bem, mas não empolgava (especialmente porque perdeu potência).

Volkswagen Polo TSI manual [Auto+ / João Brigato]
Volkswagen Polo TSI manual [Auto+ / João Brigato]
A vantagem está no consumo comedido. Durante nossos testes, o Polo TSI manual marcou 14,1 km/l na estrada com etanol e 9,8 km/l na cidade com o mesmo combustível. Um jeito de compensar os salgados R$ 92.990 que a Volkswagen pede por ele (R$ 94.640 no caso desse do teste por causa do Vermelho Sunset herdado do Nivus).

Subindo do sub

O que mais me divertia no up! TSI eram curvas fortes, onde sua traseira saltitava alegremente e chegava bem próxima de perder o controle. Algo extrapolado pelos horríveis pneus Duraplus que as primeiras unidades contavam (que não duraram muito no meu up! e logo foram substituídos). 

Volkswagen Polo TSI manual [Auto+ / João Brigato]
Volkswagen Polo TSI manual [Auto+ / João Brigato]
O Polo TSI não. Maior, mais maduro e bem construído, ele mostra todo potencial da plataforma MQB A0, uma das mais bem acertadas do segmento de carros compactos. Ele é ágil nas curvas, bem controlado e dificilmente perde as estribeiras como acontecia com o up!. Menos diversão? Pelo contrário.

A maior capacidade de fazer curvas faz com que o Polo se torne um carro mais divertido de guiar em estradas sinuosas. Junte isso à direção perfeitamente calibrada e terá um conjunto primoroso: é como todo VW, durinha a maior parte do tempo, direta, mas suficientemente leve mas manobras.

Volkswagen Polo TSI manual [Auto+ / João Brigato]
Volkswagen Polo TSI manual [Auto+ / João Brigato]
A suspensão é bem mais macia que a do up!, que às vezes parecia ter complexo de Mini Cooper. Ainda assim, é mais firme que a média do segmento e entrega respostas exemplares na curva. Buracos são bem absorvidos somente porque agora os pneus são borrachudos até demais.

5 é diversão

Já falei sobre isso no teste do Polo GTS e todas as vezes que dirigi um Volkswagen 1.0 TSI automático, a grande reclamação é e sempre foi a transmissão de seis marchas. Lenta, perdida e nitidamente velha, ela não dá conta da vivacidade do motor tricilíndrico.

Volkswagen Polo TSI manual [Auto+ / João Brigato]
Volkswagen Polo TSI manual [Auto+ / João Brigato]
Por isso, o casamento com o câmbio manual de cinco marchas é tão bom. Os engates são curtos, precisos e bem escalonados. Só poderia ter uma manopla de câmbio mais curta, pois a usada é desnecessariamente longa para aproveitar a mesma peça do câmbio automático.

Embreagem alta e fácil de ser usada, faz com que uma tocada mais esportiva seja algo rotineiro na vida do Polo. A Volks usou relação de marcha bem parecida com a do up! TSI, onde a quarta e quinta são bem longas, tanto que a última só entra acima de 60 km/h.

Volkswagen Polo TSI manual [Auto+ / João Brigato]
Volkswagen Polo TSI manual [Auto+ / João Brigato]

A vantagem é que o motor, teoricamente, roda com giro baixo na estrada. Digo na teoria porque não há conta-giros nessa versão. Algo que beira o absurdo, visto que todas as outras versões do Polo, até o basicão Track, possuem.

Não era isso que a gente queria

E essa simplificação besta da Volkswagen se reflete em outros pontos. O acabamento do Polo TSI segue ruim. Plásticos duros de qualidade mediana, rebarbas em diversos lugares e aparência simplória.

Volkswagen Polo TSI manual [Auto+ / João Brigato]
Volkswagen Polo TSI manual [Auto+ / João Brigato]
A marca até tentou disfarçar com uma nova textura na porta, tecido mais macio onde apoia o cotovelo, plástico brilhante texturizado no painel. Mas ele está longe mesmo de ser a referência na categoria (alô Hyundai HB20 e Honda City Hatch). A situação piora na versão TSI.

Mesmo custando R$ 92.990, ele tem volante de Gol sem couro, não há acabamento que disfarce os ferros debaixo do banco ao abrir a porta e todos os encostos de cabeça (salvo o do meio atrás) são fixos. Nem o up! era assim, já que todos os traseiros se moviam, mas os da frente eram fixos.

Espaço interno é apenas ok, não sendo referência como Fiat Argo e o finado Renault Sandero. Mas não é um carro apertado como o Hyundai HB20 ou o Peugeot 208. Porta-malas de 300 litros também está no espectro ok da categoria.

Essencial sem luxo

Outro ponto também em que o Polo TSI é apenas ok é sua lista de itens de série. Ele se destaca por ter quatro airbags e faróis full-LED, mas fora isso, nada de luxo. Não há regulagem no volante de nenhuma maneira, mas banco do motorista tem regulagem de altura e o cinto também pode ser ajustado.

[Auto+ / João Brigato]
[Auto+ / João Brigato]
Direção elétrica, vidros elétricos nas quatro portas, retrovisores elétricos com função tilt-down, chave canivete, central multimidia com Android Auto e Apple CarPlay, sensor de ré, ar-condicionado analógico, assistente de partida em rampa e controle de tração e estabilidade são itens de série.

Há de pontuar que o painel digital é bem feito, tem funções interessantes, mas é um pouco confuso de mexer. Além disso, não dá para perdoar a falta de conta-giros. Já a central era boa para uns 10 anos atrás, visto que é a mesma que o Golf MK7 usava.

[Auto+ / João Brigato]
A tela é pequena, tem definição ok, relativamente rápida e fácil de usar. Cumpre sua função a contento, mas a VW Play é infinitamente superior. Especialmente porque ela usa as entradas USB tipo C que estão no console, ao contrário da que está presente no Polo TSI a qual deixa um fio pendurado desde a tela.

Veredito

Se você era dono de um up! TSI como eu, saiba que o Polo TSI manual faz tudo que o pequeno alemão fazia e com grande vantagem em espaço e dinâmica mais apurada. É um carro surpreendentemente divertido de dirigir, mesmo que não tenha pretensões para isso.

[Auto+ / João Brigato]
[Auto+ / João Brigato]
Agora, se busca um hatch compacto nessa faixa de preço, existe o Hyundai HB20 manual e também uma variante automática com valor semelhante do coreano. Por mais que o câmbio manual seja divertido, o mercado não vê com bons olhos quando chega a valores tão altos assim.

O custo-benefício não é tão forte no Polo TSI, mas sim sua proposta de divertir sem ser uma versão esportiva. Algo que poucos carros fazem hoje em dia.

[Auto+ / João Brigato]
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