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Volkswagen Polo agora tem outra missão | Avaliação 

 Na mudança visual, a Volkswagen deu outra missão ao Polo e, aparentemente, ele tem obtido mais sucesso nessa nova fase

Volkswagen Polo Highline [Auto+ / João Brigato]
Volkswagen Polo Highline [Auto+ / João Brigato]

Desde que o Volkswagen Polo começou a ser produzido no Brasil, ainda em sua quarta geração, ele servia como ponte entre os hatches compactos e os médios. A ideia era sempre ser um modelo mais sofisticado e campo de testes da VW para novas tecnologias. Mas a reestilização deu outra missão ao Polo.

Em um processo lento, a Volkswagen reduziu toda sua gama de hatches de cinco modelos para apenas um. Com isso, deixou claro que o Polo novo não deveria apenas substituir a ele mesmo, mas também tomar o lugar do up!, do Gol, do Fox e do Golf. 

Volkswagen Polo Highline [Auto+ / João Brigato]
Volkswagen Polo Highline [Auto+ / João Brigato]

Aqui no Auto+ já vimos que o Polo Track é um ótimo novo Gol. E que o Polo TSI manual é certeiro para os órfãos do up! TSI. Mas e o público que já comprava o hatch compacto? Vai continuar feliz com a versão Highline mesmo depois de tantos cortes de custos feitos pela marca? Hora de colocar à prova.

Reduções duplas

Volkswagen Polo Highline [Auto+ / João Brigato]
Volkswagen Polo Highline [Auto+ / João Brigato]

O momento de testar o Polo Highline foi certeiro. Afinal, agora o modelo tem preço mais convidativo por conta do programa de incentivos do governo. Ele custa R$ 113.290, mas sai a R$ 114.940 por caso opte pelo belo Vermelho Sunset do modelo testado. Aliás, essa é a única cor usada do hatch, visto que o Azul Biscay ficou para os irmão Nivus e Virtus.

Nessa configuração topo de linha excetuando o Polo GTS esportivo, o Highline conta com uma lista farta de itens de série. Entre os equipamentos estão ar-condicionado digital de uma zona, painel de instrumentos totalmente digital, farois full-LED com acendimento automático, retrovisores e vidros elétricos.

Volkswagen Polo Highline [Auto+ / João Brigato]
Volkswagen Polo Highline [Auto+ / João Brigato]

Há ainda chave presencial, revestimento interno de couro sintético, sensor de estacionamento dianteiro e traseiro, câmera de ré, controle de tração e estabilidade, central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, carregador de celular por indução, sensor de chuva e monitoramento de pressão dos pneus.

Comparando ao Hyundai HB20 e ao Honda City hatch em suas versões topo de linha, o Polo fica devendo muito em tecnologia. Não tem frenagem autônoma de emergência, nem piloto automático adaptativo — itens que estão presentes em Nivus, T-Cross e Virtus.

Volkswagen Polo Highline [Auto+ / João Brigato]
Volkswagen Polo Highline [Auto+ / João Brigato]

Troca de itens

Com a mudança visual, a Volkswagen cortou custos em algumas áreas e investiu em outras. Trocou o freio a disco na traseira por tambor, aumentando a distancia total de frenagem em apenas 2 metros. Mas trouxe faróis full-LED. O Polo também agora tem encostos de cabeça fixos na dianteira, mas conta com acabamento de tecido nas portas.

Ou seja, foi o jogo de perde e ganha no Volkswagen. Nessa, o motor 1.0 TSI de 128 cv e 20,5 kgfm de torque também dançou. Ele agora está disponível com esse acerto em Virtus, Nivus e T-Cross. Para o Polo, veio o acerto do up! TSI com 116 cv e 16,8 kgfm de torque. Algo que, na prática do dia a dia, não fez diferença.

Volkswagen Polo Highline [Auto+ / João Brigato]
Volkswagen Polo Highline [Auto+ / João Brigato]

O Polo segue acelerando bem, tendo respostas a contento e é, junto do Peugeot 208, o melhor hatch compacto em termos de dinâmica. O problema, tal qual antes, é o câmbio automático de seis marchas. A transmissão é lenta para responder aos estímulos do acelerador e troca de marchas com trancos.

O mais irritante é nas saídas, onde o cambio segura o giro baixo por um tempo, resultando em um delay forte para o Polo ganhar velocidade. Depois, o giro sobe com tudo, como se algo estivesse descolado dele. E aí nesse momento que o hatch compacto mostra a dose extra de pimenta que tem por conta do motor turbo.

Volkswagen Polo Highline [Auto+ / João Brigato]
Volkswagen Polo Highline [Auto+ / João Brigato]

Inegáveis raízes

Como referido anteriormente, a dinâmica do Polo é uma das melhores do segmento. Ele tem um apetite voraz por curvas e se comporta quase como um hatch médio. É um carro com bastante chão e o vetorizador de torque ajuda a deixar o Volks mais na mãos nas curvas.

Como todo modelo da marca alemã, a suspensão é mais durinha, mas não ao ponto de ser punitiva. Ou seja, dá para viver no dia a dia com tranquilidade e o Polo não vai reclamar muito de passar em buracos. Não é o primor de absorção de buracos como o Fiat Argo, mas o faz melhor que o Hyundai HB20.

Volkswagen Polo Highline [Auto+ / João Brigato]
Volkswagen Polo Highline [Auto+ / João Brigato]

A direção mais puxada para o lado durinho ajuda a dar essa sensação mais esportiva ao volante. Só que isso tudo não coloca o consumo como uma penalidade. Como resultado, temos o Polo Highline automático fazendo medias oficiais de 8,4 km/l na cidade e 10,5 km/l na estrada com etanol. Durante os testes, a media foi de 9,8 km/l com trechos equilibrados entre cidade e estrada.

Inegáveis raízes, mesmo

Outro ponto no qual o Volkswagen Polo segue a tradição da marca alemã é no acabamento ruim. Por mais que a porta agora tenha uma faixa larga de tecido macio, ela destoa do acabamento do apoio de braço que é de couro, mesmo material usado nos bancos.

Volkswagen Polo Highline [Auto+ / João Brigato]
Volkswagen Polo Highline [Auto+ / João Brigato]

Aliás, o couro usado no Highline é mequetrefe, especialmente no volante. Por lá, ele é áspero, enquanto nos bancos traz uma textura de plástico. O único couro bom usado no Polo está em uma discreta porção da manopla de cambio, que agora é a mesma do T-Cross.

Os plásticos usados na cabine são de qualidade apenas ok, mas há rebarbas aparentes em todos os cantos. Na reestilização, a faixa de plástico preto brilhante texturizada ajudou a melhorar sutilmente o acabamento, mas não há milagre. O que segue bom é o espaço interno.

Por ser um hatch compacto um pouco maior que a média do segmento, como o City e o Onix, o Polo é espaçoso. O motorista conta com uma grande quantidade de regulagens, podendo sentar bem baixo e com pernas esticadas, já que o volante também ajusta em profundidade.

Atrás, o espaço para as pernas e cabeça é bom, mesmo para quem é alto. Há ainda saída de ar-condicionado para quem senta na última fileira, algo que só o VW e o Honda possuem. Só que a marca esqueceu no churrasco a alça pqp, ausente em todas as versões do Polo. Porta-malas está na média com 300 litros de capacidade.

[Auto+ / João Brigato]
[Auto+ / João Brigato]

Mundo das telas

Deixei para falar das telas internas do Volkswagen Polo Highline em um capitulo separado justamente por serem os grandes destaques desse modelo. O painel de instrumentos totalmente digital é, disparado, o melhor do segmento. Tem ótimos gráficos, fácil de mexer e completo em informações.

O mesmo vale para a central multimídia VW Play, a referencia hoje na categoria. Ela tem tela de excelente definição, além de ser rápida na operação do Android Auto e do Apple CarPlay. Possui ainda aplicativos instalados internamente e atualizações via internet. É, hoje, a grande estrela da Volkswagen.

Só que a marca deu algumas escorregadas inexplicáveis. Qual a necessidade de tirar o botão de abertura do porta-malas do console dedicado a isso e enfiar na central multimídia? Um movimento que impede abrir o porta-malas com o carro desligado e ainda frustra totalmente o motorista.

A mesma estratégia foi usada para o botão do start-stop, que não funciona direito. Há momentos em que desliga de primeira, outras vezes é necessário apertar três vezes até que ele desative o sistema. Aliás, recomendo andar sempre com o start-stop do Polo desligado pois ele é bruto e tem funcionamento irritante.

[Auto+ / João Brigato]
[Auto+ / João Brigato]

 

Veredicto

Com o preço atrativo de agora, o Volkswagen Polo Highline se tornou uma compra certeira na categoria. Ainda que deva itens para o Hyundai HB20 e para o Honda City, ele compensa em dinâmica muito mais apurada que os dois, mais espaço que o HB20 e preço mais baixo que o City.

O dono de um antigo Polo Highline não sentirá falta da potência a mais que seu modelo tem ou do freio a disco traseiro, sendo compensado por novos itens de serie e um acabamento ligeiramente melhor. Ainda é um Polo e um Volkswagen, em todos os seus pontos bons e ruins. Mas agora, o único hatch da VW no Brasil.

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