Desde que o Volkswagen Polo começou a ser produzido no Brasil, ainda em sua quarta geração, ele servia como ponte entre os hatches compactos e os médios. A ideia era sempre ser um modelo mais sofisticado e campo de testes da VW para novas tecnologias. Mas a reestilização deu outra missão ao Polo.
Em um processo lento, a Volkswagen reduziu toda sua gama de hatches de cinco modelos para apenas um. Com isso, deixou claro que o Polo novo não deveria apenas substituir a ele mesmo, mas também tomar o lugar do up!, do Gol, do Fox e do Golf.
Aqui no Auto+ já vimos que o Polo Track é um ótimo novo Gol. E que o Polo TSI manual é certeiro para os órfãos do up! TSI. Mas e o público que já comprava o hatch compacto? Vai continuar feliz com a versão Highline mesmo depois de tantos cortes de custos feitos pela marca? Hora de colocar à prova.
Reduções duplas
O momento de testar o Polo Highline foi certeiro. Afinal, agora o modelo tem preço mais convidativo por conta do programa de incentivos do governo. Ele custa R$ 113.290, mas sai a R$ 114.940 por caso opte pelo belo Vermelho Sunset do modelo testado. Aliás, essa é a única cor usada do hatch, visto que o Azul Biscay ficou para os irmão Nivus e Virtus.
Nessa configuração topo de linha excetuando o Polo GTS esportivo, o Highline conta com uma lista farta de itens de série. Entre os equipamentos estão ar-condicionado digital de uma zona, painel de instrumentos totalmente digital, farois full-LED com acendimento automático, retrovisores e vidros elétricos.
Há ainda chave presencial, revestimento interno de couro sintético, sensor de estacionamento dianteiro e traseiro, câmera de ré, controle de tração e estabilidade, central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, carregador de celular por indução, sensor de chuva e monitoramento de pressão dos pneus.
Comparando ao Hyundai HB20 e ao Honda City hatch em suas versões topo de linha, o Polo fica devendo muito em tecnologia. Não tem frenagem autônoma de emergência, nem piloto automático adaptativo — itens que estão presentes em Nivus, T-Cross e Virtus.
Troca de itens
Com a mudança visual, a Volkswagen cortou custos em algumas áreas e investiu em outras. Trocou o freio a disco na traseira por tambor, aumentando a distancia total de frenagem em apenas 2 metros. Mas trouxe faróis full-LED. O Polo também agora tem encostos de cabeça fixos na dianteira, mas conta com acabamento de tecido nas portas.
Ou seja, foi o jogo de perde e ganha no Volkswagen. Nessa, o motor 1.0 TSI de 128 cv e 20,5 kgfm de torque também dançou. Ele agora está disponível com esse acerto em Virtus, Nivus e T-Cross. Para o Polo, veio o acerto do up! TSI com 116 cv e 16,8 kgfm de torque. Algo que, na prática do dia a dia, não fez diferença.
O Polo segue acelerando bem, tendo respostas a contento e é, junto do Peugeot 208, o melhor hatch compacto em termos de dinâmica. O problema, tal qual antes, é o câmbio automático de seis marchas. A transmissão é lenta para responder aos estímulos do acelerador e troca de marchas com trancos.
O mais irritante é nas saídas, onde o cambio segura o giro baixo por um tempo, resultando em um delay forte para o Polo ganhar velocidade. Depois, o giro sobe com tudo, como se algo estivesse descolado dele. E aí nesse momento que o hatch compacto mostra a dose extra de pimenta que tem por conta do motor turbo.
Inegáveis raízes
Como referido anteriormente, a dinâmica do Polo é uma das melhores do segmento. Ele tem um apetite voraz por curvas e se comporta quase como um hatch médio. É um carro com bastante chão e o vetorizador de torque ajuda a deixar o Volks mais na mãos nas curvas.
Como todo modelo da marca alemã, a suspensão é mais durinha, mas não ao ponto de ser punitiva. Ou seja, dá para viver no dia a dia com tranquilidade e o Polo não vai reclamar muito de passar em buracos. Não é o primor de absorção de buracos como o Fiat Argo, mas o faz melhor que o Hyundai HB20.
A direção mais puxada para o lado durinho ajuda a dar essa sensação mais esportiva ao volante. Só que isso tudo não coloca o consumo como uma penalidade. Como resultado, temos o Polo Highline automático fazendo medias oficiais de 8,4 km/l na cidade e 10,5 km/l na estrada com etanol. Durante os testes, a media foi de 9,8 km/l com trechos equilibrados entre cidade e estrada.
Inegáveis raízes, mesmo
Outro ponto no qual o Volkswagen Polo segue a tradição da marca alemã é no acabamento ruim. Por mais que a porta agora tenha uma faixa larga de tecido macio, ela destoa do acabamento do apoio de braço que é de couro, mesmo material usado nos bancos.
Aliás, o couro usado no Highline é mequetrefe, especialmente no volante. Por lá, ele é áspero, enquanto nos bancos traz uma textura de plástico. O único couro bom usado no Polo está em uma discreta porção da manopla de cambio, que agora é a mesma do T-Cross.
Os plásticos usados na cabine são de qualidade apenas ok, mas há rebarbas aparentes em todos os cantos. Na reestilização, a faixa de plástico preto brilhante texturizada ajudou a melhorar sutilmente o acabamento, mas não há milagre. O que segue bom é o espaço interno.
Por ser um hatch compacto um pouco maior que a média do segmento, como o City e o Onix, o Polo é espaçoso. O motorista conta com uma grande quantidade de regulagens, podendo sentar bem baixo e com pernas esticadas, já que o volante também ajusta em profundidade.
Atrás, o espaço para as pernas e cabeça é bom, mesmo para quem é alto. Há ainda saída de ar-condicionado para quem senta na última fileira, algo que só o VW e o Honda possuem. Só que a marca esqueceu no churrasco a alça pqp, ausente em todas as versões do Polo. Porta-malas está na média com 300 litros de capacidade.
Mundo das telas
Deixei para falar das telas internas do Volkswagen Polo Highline em um capitulo separado justamente por serem os grandes destaques desse modelo. O painel de instrumentos totalmente digital é, disparado, o melhor do segmento. Tem ótimos gráficos, fácil de mexer e completo em informações.
O mesmo vale para a central multimídia VW Play, a referencia hoje na categoria. Ela tem tela de excelente definição, além de ser rápida na operação do Android Auto e do Apple CarPlay. Possui ainda aplicativos instalados internamente e atualizações via internet. É, hoje, a grande estrela da Volkswagen.
Só que a marca deu algumas escorregadas inexplicáveis. Qual a necessidade de tirar o botão de abertura do porta-malas do console dedicado a isso e enfiar na central multimídia? Um movimento que impede abrir o porta-malas com o carro desligado e ainda frustra totalmente o motorista.
A mesma estratégia foi usada para o botão do start-stop, que não funciona direito. Há momentos em que desliga de primeira, outras vezes é necessário apertar três vezes até que ele desative o sistema. Aliás, recomendo andar sempre com o start-stop do Polo desligado pois ele é bruto e tem funcionamento irritante.
Veredicto
Com o preço atrativo de agora, o Volkswagen Polo Highline se tornou uma compra certeira na categoria. Ainda que deva itens para o Hyundai HB20 e para o Honda City, ele compensa em dinâmica muito mais apurada que os dois, mais espaço que o HB20 e preço mais baixo que o City.
O dono de um antigo Polo Highline não sentirá falta da potência a mais que seu modelo tem ou do freio a disco traseiro, sendo compensado por novos itens de serie e um acabamento ligeiramente melhor. Ainda é um Polo e um Volkswagen, em todos os seus pontos bons e ruins. Mas agora, o único hatch da VW no Brasil.
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