A morte do Volkswagen Gol, marca não somente o fim de uma era para a marca alemã, mas sim para o Brasil. É o fim de todos os carros populares icônicos que existiam em nosso país desde o século passado. Sem exceção, cada um dos carros que ajudaram a mover esse país por anos já morreu.
Analisando a história automotiva brasileira, para atingir tal status que o Gol tinha, é preciso que o modelo tenha sido um dos mais vendidos do Brasil, de gigantesca importância para sua marca e que tenha deixado um legado. Dentro da própria Volkswagen, outro popular tão icônico quanto ele foi o Fusca, que já nos deixou há tempos.
Gol e Fusca, aliás, foram os carros populares com mais tempo de produção no Brasil. O Gol nasceu em 1980 e morrerá agora na virada do ano, assim que completar 42 anos de vida em três gerações. Já o Fusca nasceu em 1969, morreu em 1986, mas renasceu das cinzas em 1994 e ficou vivo até 1996. As duas gerações posteriores já não eram mais populares.
A Fiat teve sua dose pesada de representantes populares de peso: 147, Uno e Palio. Cada um desses modelos nasceu para substituir o outro, mas acabou convivendo simultaneamente por algum tempo. O caso do Uno é ainda mais emblemático, pois ele sobreviveu por anos e ganhou uma nova geração, mesmo com o Palio na ativa.
O 147 foi o que teve vida mais curta, durando só dez anos (1976 a 1986) e em somente uma geração. Já o Palio nasceu em 1996 e ficou até 2017 em linha – ele teve duas gerações, sendo que a primeira só morreu um ano antes do fim de toda a linha. Já o Uno teve 36 anos de carreira (entre 1985 e 2021) e também somente duas gerações.
Juntos pelo tempo
Da Ford, o trio Escort, Fiesta e Ka criou uma escadinha. O Escort nasceu para ser o modelo de entrada, mas evoluiu para o segmento médio conforme trocou de geração. Nascido em 1984 como popular, morreu em 2003 como um carro mais caro e sofisticado. Essa subida do Escort abriu espaço para o Fiesta, que surgiu em 1995 importado.
De todos os populares da Ford no Brasil, foi o que teve mais gerações: 5 ao todo. E tal qual aconteceu com o Escort, o crescimento do Fiesta e aumento de sofisticação fez com que surgisse espaço para o Ka. Ele surgiu em 1997 e teve três gerações até 2021 – apenas a primeira foi desenvolvida na Europa, enquanto as duas seguintes nasceram no Brasil.
Já na Chevrolet, o grande ícone popular foi o Corsa. Ele nasceu em 1994, mudou de geração em 2002, mas o modelo antigo seguiu em linha como Classic. O Corsa, em sua segunda geração, morreu em 2012, enquanto o Classic o superou e sobreviveu até 2016. (basicamente o mesmo carro) entre 1999 e 2015.
A Renault também teve outros dois populares que já não estão mais entre nós. O Clio foi o primeiro modelo de grande volume da marca e, tal qual o Fiesta, surgiu em 1996 como importado. Teve duas gerações e ficou no Brasil até 2016. Nessa época, o Sandero já estava firme e forte. Ele foi lançado em 2008, teve duas gerações e morreu nesse ano, tal qual o Gol. Indiretamente sobrevive pelo aventureiro Stepway.
E os populares de hoje?
Curiosamente, quase todos esses grandes ícones populares brasileiros têm sucessores que hoje estão na ativa. Para o lugar do Gol, a Volkswagen desenvolveu o . O modelo indiretamente também ocupará o lugar do Fusca quando entrar em produção a partir de 2023.
Na Fiat, a linha de sucessão de 147, Uno e Palio dá hoje no Argo. Dentro do grupo Stellantis, a Peugeot finalmente recolocou o 208 no lugar que um dia foi do 206, já que agora o modelo tem motor 1.0 aspirado – algo que a geração anterior teve.
A Chevrolet substitui o Corsa pelo Onix, que atingiu patamares nunca estabelecidos por seu antecessor. O Corsa nunca foi o carro mais vendido do Brasil, ao contrário do Onix que conseguiu a posição por seis anos seguidos. Dá até para dizer hoje que o Onix é mais importante para a história da Chevrolet do Brasil.
Na Renault, o posto de popular da marca passou para o Kwid. Ele disputa com o Fiat Mobi constantemente o posto de carro mais barato do Brasil – situação na qual Sandero e Clio nunca figuram. Além disso, ele constantemente está entre os mais vendidos e tem obtido mais sucesso que os antecessores.
A Ford, entretanto, é a única que não substituiu no Brasil seus populares Ka, Fiesta e Escort. A marca fechou as fábricas no país e passou a vender somente modelos de passeio acima de R$ 200 mil. Não dá para dizer que Maverick, Territory ou Bronco Sport são modelos populares como um dia Ka e Fiesta foram.
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