Dentro da Stellantis, cada lado trabalha de maneiras diferentes quanto aos nomes. A Fiat sempre traz batismos novos para seus lançamentos, enquanto Peugeot e Citroën se apoiam em um sistema de números e letras. Já o lado Chrysler do grupo, o qual conta com Jeep, Ram e Dodge, gosta de resgatar nomes do passado. E esse vai ser o caso da Ram Rampage.
Com lançamento próximo, a caminhonete nova da Ram já está em processo de divulgação pela Stellantis e muitos questionaram de onde veio o nome desse modelo. Afinal, cria-se uma cacofonia ao falar Ram Rampage. Mas há história por trás desse batismo, ainda que não seja um legado de sucesso.
Lá pelos anos 1940, o mercado australiano começou a vender baseadas em carros de passeio. Chamadas de cupês utilitários, esses tipos de picapes logo se tornaram comum e uma tendência global. Prova disso é que a Ford lançou a Ranchero em 1957 nos EUA, sendo seguida pela Chevrolet El Camino em 1959.
Demorou muito para que o grupo Chrysler acordasse e fizesse uma picape para brigar com esses modelos. Prova disso é que a resposta só veio em 1982 com o lançamento da Dodge Rampage. A picape monobloco era baseada no compacto Dodge Omni, mas com elementos visuais da versão esportiva 024 (depois rebatizado para Charger).
Base global
A Dodge Rampage usava a plataforma L Body do grupo Chrysler, o qual dava vida a diversos modelos compactos americanos e europeus do grupo, indo de Dodge a Plymouth, até Simca, Matra, Talbot e Chrysler. O nome foi escolhido para dar a intenção de que ela era ligada diretamente à picape Ram, que na época era vendida como Dodge.
Só que o modelo foi um fracasso gigantesco. Ela foi produzida de 1982 a 1984 somente, tendo 37.401 unidades produzidas em Belvidere, Illinois. Houve também durante o ano de 1983 a Plymouth Scamp, mas que vendeu ainda pior que a Rampage. Com isso, ela saiu de linha com somente um ano de produção.
Com 4,66 m de comprimento, 1,69 m de largura e 1,31 m de altura, ou seja um porte bem parecido com o da Fiat Strada. Comparando o modelo americano e a brasileiríssima picape, a Rampage é 18 cm mais longa, mas 5 cm mais estreita e 26 cm mais baixa. Ela era vendida só com cabine simples e tinha capacidade de carga de 1.040 kg contra 720 kg da Strada.
O motor era um 2.2 quatro cilindros aspirado a gasolina que começou com 84 cv e terminou sua vida rendendo 99 cv. Vale lembrar que hoje, a Fiat Strada com seu 1.3 quatro cilindros aspirado entrega 107 cv, mostrando como os motores evoluíram.
Picape cupê
Depois do fiasco da Dodge Rampage, esse nome voltou a ser usado em 2006 em um conceito. Apresentada no Salão de Chicago, a Dodge Rampage Concept era uma caminhonete monobloco menor que a Dakota, mas ainda assim bem maior do que a Fiat Toro, a qual servirá de base para a Ram Rampage.
O conceito de 2006 contava com motor 5.7 HEMI V8 bastante parecido com o que as Ram Classic e usam no Brasil atualmente. Na época, eram 340 cv e 29,4 kgfm de torque. Hoje, esse motor está calibrado para entregar 400 cv e 56,7 kgfm de torque – ou seja, a potência subiu 60 cv e o torque quase dobrou.
Na época, a Dodge Rampage era um conceito que mostrava como uma picape cupê poderia ser. Ela contava com teto arqueado com vidro traseiro inclinado e portas traseiras com abertura ao contrário, do tipo suicida. Como o grupo Chrysler estava quase falindo na época, o projeto não foi para a frente.
Agora em sua nova fase, já separada da Dodge, a Ram trouxe o nome Rampage de volta para nomear sua primeira caminhonete produzida no Brasil. Esperamos que, dessa vez, a história tenha muito mais sucesso do que o modelo original.
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