Desde que a no Brasil, o que chamou atenção na estratégia da Stellantis é ter feito e propostas totalmente opostas. Só que, como vantagem, todas elas são equipadas exatamente com os mesmos itens, mas se diferenciam por preço. E aí que a Rampage Rebel se destaca.
Mais barata entre todas as versões, a Rebel traz visual aventureiro bastante chamativo e diferenciações estéticas que a diferenciam fortemente da . Na prática, é a versão com melhor custo-benefício porque é equipada igual às outras e sai por R$ 254.790 com motor 2.0 turbo gasolina.
Cavalo que anda, bebe e muito
Enquanto a Rampage diesel não recebe um motor novo e tem que se virar com o 2.0 turbo diesel que vem desde os tempos dos primeiros Jeep Renegade, o que brilha na picape é o novo 2.0 turbo gasolina. Com 272 cv e 40,8 kgfm de torque ele é mais potente e mais torcudo que o diesel, tudo por conta da modernidade do conjunto.
Ele é casado com a mesma transmissão automática de nove marchas presente nos modelos diesel da Stellantis no Brasil, mas com um toque a mais de modernidade. Isso porque a conversa entre motor e câmbio é muito mais linear e bem feita. As trocas são no momento certo, sem trancos ou solavancos como acontece no diesel.
Como o 2.0 turbo tem força de sobra, tanto que leva a Rampage aos 100 km/h em 7,1 segundos, o câmbio pode trabalhar com marchas mais altas o tempo todo. Isso poderia privilegiar o consumo, mas não. Ela marca oficialmente 7,9 km/l na cidade e 9,7 km/l na estrada. Só que nos testes era difícil a Rampage fazer mais de 6 km/l.
Mesmo sem um motor V8 debaixo do capô, ela anda mais que suas irmãs gigantescas e bebe igual a elas. Só que a vantagem é andar muito. É divertido ver uma picape do tamanho da Rampage acelerando forte igual a um esportivo de verdade. Ela é, inclusive, mais rápida que a Ford Maverick FX4 em 0,1 segundo, que é conhecida por ser rápida.
Comportamento distinto
Um dos pontos mais interessantes da Ram Rampage é que ela se comporta como uma picape grande ou como um SUV a depender da situação. Sua suspensão é relativamente dura, fazendo com que ela copie bastante as superfícies do asfalto e chacoalhe quase como uma picape chassi sob carroceria.
Contudo, na estrada ou em asfalto liso, é difícil se lembrar que está em um carro com caçamba, não é um SUV. Já nas curvas, ela inclina bastante e a traseira dá uma leve sambada, diferentemente da Ford Maverick que tem comportamento mais próximo ao de um sedã médio.
Como todo Stellantis com base Small Wide (Renegade, Compass, Toro e Commander), a Rampage tem direção bem calibrada, sendo extremamente leve nas manobras e suficientemente pesada nas retas e estradas. Vale ressaltar que a sensação de direção boba em baixa velocidade, a qual a Toro tem, não é vista na Rampage.
Outro elemento importante da caminhonete mais cara da Stellantis produzida no Brasil é a calibração dos sistemas eletrônicos. Ela não corrige a faixa brutamente como seus primos e consegue ter atuação do sistema de frenagem autônoma de emergência menos desesperado do que o deles. Mas ainda está longe da perfeição dos Honda e Volvo.
Seu único porém vai para os pneus de uso misto. Por mais que eles contribuam (muito) para o visual aventureiro da Rampage Rebel, eles são muito barulhentos na cidade e na estrada. Além disso, são também responsáveis pelo consumo alto da caminhonete.
Um patamar acima, mesmo
Um dos pontos no qual a Ram acertou bem na Rampage é em acabamento. Fora o fato de que a R/T tem suede em partes do banco, volante e painel, o nível de refinamento interno de todas as versões é igual. Ela conta com portas dianteiras com largas faixas de couro e material macio, enquanto a traseira é de plástico e com só o apoio de braço macio.
No painel, a parte superior toda macia é a mesma peça do Compass e do Commander. Contudo, ela tem uma faixa de couro com o logotipo da Ram e outra texturizada que dão um ar diferenciado. Console central alto com manopla de câmbio rotativa é outro charme da picape.
Isso possibilitou que a Ram tivesse um porta-objetos grande na parte inferior, ótimo para conectar e esconder o celular. O porta-copos é pequeno, mas removível, sendo a mesma peça do Fiat Pulse. Já o descanso de braço central é menor que o do Jeep Renegade. Há carregador de celular por indução com saída de ventilação para não esquentar o aparelho.
Há de elogiar o painel de instrumentos totalmente digital que tem tela de melhor definição e mais recursos do que o de outros modelos da Stellantis feitos no Brasil. Além disso, a central multimídia é bonita, com tela grande e funciona com facilidade e velocidade. Conta com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, além de possibilitar conexão via cabo USB C ou USB normal.
Espaço escasso
Por compartilhar com a Fiat Toro boa parte da estrutura, a Ram Rampage tem o mesmo pecado da prima: é muito apertada no banco traseiro. O encosto do assento é reto demais, sendo verdadeiramente desconfortável, enquanto o banco curto não ajuda muito no habitáculo – algo que a Maverick ganha de lavada.
Quem senta à frente pelo menos tem regulagem elétrica nos bancos (opcional para o passageiro) e volante com ajuste de altura e profundidade. A caçamba leva 980 litros e até 750 kg na versão gasolina. Já vem com revestimento interno, além de abertura remota pela chave.
Querendo mais
Toda Ram Rampage vendida no Brasil vem equipada com seis airbags, piloto automático adaptativo, frenagem autônoma de emergência, ar-condicionado digital de duas zonas, sistema de manutenção em faixa, start-stop, chave presencial, faróis full-LED com acendimento automático e assistente de luz alta.
A lista de itens de série também é constituída por bancos revestidos em couro com ajuste elétrico para o motorista, vidros elétricos nas quatro portas, retrovisor elétrico com rebatimento automático, alerta de tráfego cruzado, sensor de estacionamento dianteiro e traseiro, câmera de ré, painel digital e central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay.
O modelo testado saiu por R$ 258.756,46 por conta dos opcionais. Ela traz a cor Branco Pérola de R$ 2.000 e o Pack Elite que adiciona banco elétrico para o passageiro, luz ambiente e sistema de som premium Harman Kardon com 10 alto-falantes por R$ 6.000. Como acessório, há capota marítima de R$ 1.966,46 que é imperdoável não ser item de série.
Questão de gosto
Dentre todas as versões da Ram Rampage, honestamente acho a Rebel mais bonita. Seu visual aventureiro é constituído por parte do para-choque dianteiro em preto fosco, mesmo acabamento usado nos arcos de roda, grade frontal, retrovisores e para-choque traseiro. As rodas são de 17 polegadas e o interior é sempre em preto.
Na Laramie, os plásticos são da cor da carroceria e ela é lotada de cromados, enquanto a R/T traz elementos preto escuro e adesivos decorativos. A aura aventureira combina com a Rampage, a deixando mais parruda. Mas nada explica como a Stellantis conseguiu homologar a picape sem a terceira luz de freio, que é obrigatória em carros de passeio.
Veredicto
Sendo a versão mais barata da Rampage, a Rebel é a com melhor custo-benefício. Escolher a Laramie ou a R/T é pura e exclusiva questão de não ligar para o dinheiro e preferir um visual diferente. A versão vem com tudo que é preciso, além de um estilo que não dá a ela uma cara de básica – como acontece com a Fiat Toro Endurance, por exemplo.
Ela é sofisticada e verdadeiramente gostosa de andar com sua aura de caminhonete com complexo de grandalhona, mas bebe demais e tem interior muito apertado. Se deseja uma picape mais sofisticada que as médias, mas sem o inconveniente do tamanho de um trambolho, a Rampage é a escolha certeira.
Você teria uma Ram Rampage? De qual versão? Conte nos comentários.
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