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Ram Rampage R/T é esportivo com caçamba por acaso | Avaliação

 Comportamento da Ram Rampage R/T não é o que se espera de uma caminhonete e isso tem seus lados bons e ruins

Ram Rampage R/T [Auto+ / João Brigato]
Ram Rampage R/T [Auto+ / João Brigato]

Nada como uma avaliação mais longa e um contato mais íntimo com um carro para entender sua verdadeira natureza. Quando andei na Ram Rampage pela primeira vez na pista de testes da Fiat, sai com a impressão de que ela era uma Fiat Toro mais potente – visão compartilhada por muitos. Mas não é nada disso, especialmente a Rampage R/T.

Ainda que a Rampage seja nascida a partir da Toro e compartilhe com ela diversos elementos de construção e peças de fato, as duas caminhonetes têm comportamentos completamente diferentes e são para públicos diferentes. Mas talvez seja a versão R/T a que mais se destaca, justamente por não parecer uma caminhonete.

Vendida a R$ 269.990 nesse período inicial de vendas, a Rampage R/T é a versão topo de linha e traz acertos exclusivos. Só ela tem suspensão voltada a performance em asfalto, pneus de uso urbano e um sistema de escapamento que só é desse jeito por conta do que a Stellantis fez com o Pulse Abarth. E que belo conjunto.

Ram Rampage R/T [Auto+ / João Brigato]
Ram Rampage R/T [Auto+ / João Brigato]

Firmeza na fala

Um dos pontos no qual mais me surpreendeu na Rampage R/T é seu conjunto de suspensão. Ela é dura, verdadeiramente dura, como um carro esportivo. Qualquer relevo do asfalto ou superfície ruim resulta em reações da carroceria copiando o que se passa por ali. A Ford Maverick Hybrid também tem comportamento parecido, mas menos dura.

Isso faz com que a Rampage R/T seja bastante comportada nas curvas. Ela tem uma tendência natural de sair de frente por conta do tipo de construção que tem, além de ser um carro bem alto. A Maverick é mais no chão que sua rival e melhor nas curvas, mas já é uma enorme evolução em comparação à Fiat Toro.

Ram Rampage R/T [Auto+ / João Brigato]
Ram Rampage R/T [Auto+ / João Brigato]

A direção é igualmente voltada à esportividade. Verdadeiramente pesada, ela combina com a aura mais apimentada da R/T. Mas, o interessante é como ela muda de comportamento rápido. Ao engatar a ré, a direção fica muito mais leve, a ponto de até estranhar nos primeiros movimentos. Até o fim da manobra, fica leve. Depois, volta a endurecer.

Fôlego de canhão

Diferentemente das outras versões, a Rampage R/T é equipada exclusivamente com motor 2.0 quatro cilindros turbo a gasolina. As versões Laramie e Rebel ainda trazem opção de 2.0 turbo diesel. São 272 cv e 40,8 kgfm de torque para todas as variantes que bebem gasolina, tendo só acerto de acelerador e câmbio diferente para o modelo esportivo.

Ram Rampage R/T [Auto+ / João Brigato]
Ram Rampage R/T [Auto+ / João Brigato]

São precisos 6,9 segundos para chegar aos 100 km/h, um número bastante saudável para um carro de quase duas toneladas (1.917 kg), com tração 4×4 e câmbio automático de nove marchas. Em momento algum, a menor das Ram faz parecer ter pouca força, acelerando com ímpeto e vontade logo nas primeiras pisadas do acelerador.

As coisas ficam ainda mais divertidas com o modo R/T ligado, onde a caminhonete fica com acelerador bem sensível e arisca. As trocas de marcha, nesse modo, são feitas com patadas fortes, instigando uma tocada mais apimentada. Além disso, com o câmbio em P, ela corta giro até o limite, produzindo estouros no escapamento. É incrível.

Ram Rampage R/T [Auto+ / João Brigato]
Ram Rampage R/T [Auto+ / João Brigato]

Só o consumo que não é bom. Oficialmente a Stellantis promete 8 km/l na cidade e 10 km/l na estrada. Contudo, durante nossos testes, a Ram Rampage R/T ficou em média de 8,6 km/l, sendo a maior parte dos trechos feitos na cidade. Anda muito bem, mas bebe proporcionalmente o mesmo.

Acertos a serem acertados

Na parte eletrônica, é nítida a melhora da Rampage em relação aos seus primos com plataforma Small Wide. Mas ainda não está no ponto perfeito. O piloto automático adaptativo funciona de maneira linear, mas provoca trocas desnecessárias de marcha em diversos momentos.

Ram Rampage R/T [Auto+ / João Brigato]
Ram Rampage R/T [Auto+ / João Brigato]

Além disso, o sistema de manutenção em faixa continua terrível. Ele corrige o volante com socos e não dá muita margem para o motorista circular em cantos da faixa – algo extremamente necessário em lugares com corredores de moto. Melhora com a redução da assistência por meio de configuração na central, mas ainda é ruim.

A Rampage R/T, sendo a versão mais cara da picape, ainda conta com frenagem autônoma de emergência, monitoramento de pressão dos pneus, assistente de luz alta, farol automático, alerta de tráfego cruzado, seis airbags, assistente de partida em rampa e de descida, chave presencial e controle de tração e estabilidade.

Ram Rampage R/T [Auto+ / João Brigato]
Ram Rampage R/T [Auto+ / João Brigato]

Há ainda banco do motorista com regulagem elétrica (do passageiro é opcional junto do sistema de som Harman Kardon e do subwoofer por R$ 6.000 no Pack Elite), painel de instrumentos digital, central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, freio de estacionamento elétrico, seletor de modo de condução e retrovisores elétricos.

Nível Ram

Ainda que a Stellantis diga que a Ram é uma marca premium (e ela não é), é o tipo de montadora que entrega carros com acabamento primoroso. E isso não é exceção para a Rampage. O painel conta com uma enorme faixa de material macio, além de uma faixa que, na R/T, é feito em suede.

Ram Rampage R/T [Auto+ / João Brigato]
Ram Rampage R/T [Auto+ / João Brigato]

O couro do volante tem qualidade bem acima dos outros modelos nacionais da Stellantis, além de também trazer suede na parte superior (algo que particularmente me incomoda, mas entendo a proposta esportiva). Os bancos recebem os mesmos dois materiais, além de costuras vermelhas.

Nas portas, acabamento macio na parte superior e bastante couro nas laterais. É um nível acima do Commander, que já é um carro sofisticado. Além disso, traz materiais metalizados e superfícies em preto piano que ajudam a dar uma sensação a mais de refinamento. O console central alto, lotado de espaços para cacarecos, contribui para isso.

O porta-copos central é pequeno e não abriga garrafas grandes, sendo a mesma peça usada nos Fiat Pulse e Fastback. Já nas portas, os bolsões são pequenos também para garrafas maiores. Carregador de celular por indução é bem posicionado e tem saída de ar dedicada. Além disso, a Rampage conta com um porta-objetos grande abaixo da zona do câmbio.

Herança da Toro

Só que tudo isso muda no banco traseiro. A Ram Rampage é muito apertada, até mais que sua prima Fiat Toro. Isso porque ela tem bancos dianteiros mais grossos, que comprometem o já apertado espaço traseiro. O encosto é muito reto e a área para a cabeça é escassa. É quase como uma caminhonete para duas pessoas e só.

O acabamento também sofre um corte abrupto na traseira: tudo que é macio na porta dianteira, se transforma em plástico duro atrás. É como se o orçamento do projeto tivesse acabado bem na hora de fazer o acabamento traseiro. Outro ponto imperdoável é a falta de capota marítima como item de série, sendo que Strada e Toro trazem esse item essencial.

A caçamba é grande, levando 980 litros de bagagem com até 750 kg (as versões diesel levam uma tonelada). A tampa abre de maneira suave, além de ser leve. Há a possibilidade de abertura pela chave. Mas, vale lembrar, não há acionamento elétrico como nas caminhonetes de grande porte.

[Auto+ / João Brigato]
[Auto+ / João Brigato]

Veredicto

Se você busca um carro com pegada esportiva, interior refinado, mas por um acaso precisa de uma caçamba, a Ram Rampage R/T é a realização dos seus sonhos. Com a conveniência de uma picape alta, aliada ao esmero da cabine e o comportamento de carro apimentado, ela é uma grande surpresa entre os modelos no Brasil.

Além disso, entrega proposta única. Afinal, para chegar a esse nível de sofisticação de cabine, é preciso partir para as caminhonetes grandes – nem a , a mais sofisticada entre as médias, equivale ao acabamento da Rampage. Pena ser apertada na segunda fileira e beber demais. 

[Auto+ / João Brigato]
[Auto+ / João Brigato]

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