Ser líder em uma categoria não é um mero acaso. O carro precisa ser verdadeiramente bom, ter receptividade do mercado, preço condizente e algum tipo de atrativo. E o fato de a Chevrolet ter o sedã mais vendido do Brasil deixa tudo mais evidente, tanto que o Onix Plus Midnight se vestiu todo de preto somente para honrar isso.
Vestido com um pretinho básico na versão Midnight de R$ 85.190, o Chevrolet Onix Plus prova que é como uma camiseta preta? Aquela escolha sem dúvida e certeira para praticamente todo mundo?
Pelo Prisma do Cobalt
Quando a Chevrolet lançou o Onix Plus em 2019, afirmava categoricamente que o Cobalt não seria substituído por ele. Mas era óbvio que isso aconteceria. Ele conseguiu reunir o que havia de melhor no Prisma e no Cobalt em uma embalagem mais atrativa e com preço mais barato.
Dito e feito, o Cobalt morreu e o Onix sedã assumiu seu posto. Talvez a única característica boa que o Onix Plus não herdou deles foi o porta-malas. Apesar de bons 469 litros, muito bem aproveitados, diga-se de passagem, ele perde para o antecessor (sobrevive como Joy Plus) que tinha 500 litros, enquanto o rei dos motoristas de Uber e taxistas levava 563 litros.
Uma das grandes qualidades que o irmão Cobalt tinha era o farto espaço interno, repetido por aqui. Quem se senta atrás consegue até dobrar as pernas, mesmo que passageiros altos estejam lá na frente. O espaço para cabeça também é bom.
Quem se acomoda na dianteira tem disponibilidade de diversos recursos de ajuste do banco e volante, que tem altura e profundidade reguláveis. O único porém vai para o assento que é curto e incômodo para motoristas mais altos, pois falta suporte para as pernas.
O encosto de cabeça fixo é interessante do ponto de vista visual, apesar de ser nitidamente um recurso aplicado para economizar custos. Seus reveses são a falta de altura para suportar corretamente a cabeça de quem tem mais de 1,80 m de altura e também o fato de bloquear boa parte da visão de quem se senta atrás.
Ganho em escala
Uma das implicações em o Onix Plus ter se tornado um carro global, algo que Cobalt e Prisma nunca foram, foi o ganho em escala de produção. Contudo, outros países também interferiram no desenvolvimento do modelo, em especial a China. Corte de custos foram feitos e isso fica evidente em alguns detalhes.
O acabamento tem aspecto geral simples, não se destacando na categoria nem positivamente, nem negativamente. Os plásticos usados são de qualidade apenas ok e o volante só se salva pelo revestimento de couro aplicado na versão Midnight, pois tem plásticos evidentemente baratos nas demais regiões.
Igualmente simplificado, o painel de instrumentos é pequeno, tem computador de bordo com tela preto e branco com pixels aparentes e bastante plástico decorativo. Ao menos entrega em tecnologia ao oferecer uma ótima central multimídia com tela de 8 polegadas, gráficos de qualidade, usabilidade amigável e rapidez nos comandos.
Com Android Auto e Apple CarPlay sem fio somente na versão Premier, a Chevrolet deixa um pouco evidente o que ficou faltando nessa versão. Custando R$ 1.000 a mais, o Onix Plus Premier traz revestimento de couro nas portas (plástico duro áspero no Midnight). Ambos usam couro nos bancos, mas o material artificial é evidentemente simples.
A lista de itens de série ainda é contemplada por chave presencial, faróis com projetores e acendimento automático, luzes diurnas de LED, retrovisores elétricos, câmera e sensor de ré, seis airbags, controle de tração e estabilidade, ar-condicionado analógico, vidros elétricos com função um toque para todas as janelas e assistente de partida em rampa.
Pretinho básico
O grande charme da versão Midnight está no visual. Tal qual o Onix RS, essa variante ganha grade frontal exclusiva, rodas de liga-leve de 16 polegadas com acabamento preto brilhante, máscara negra nos faróis e interior com detalhes em preto por todos os cantos.
A exclusividade está na cor preto Ouro Negro, que é metálica e presente como única opção nessa versão. Mas há duas inconstâncias. O Onix Plus Midnight traz o nome Premier em sua traseira (algo que ele não é) cromado, assim como o logo Turbo. Enquanto isso, o nome Onix é em preto.
Além disso, diferentemente do Onix RS que tem teto interno em preto para dar um visual mais esportivo, o Onix Plus Midnight, que adota a cor preta em tudo, tem a parte interna do teto na mesma cor das demais versões. Isso tudo sem contar a chave que tem gravata dourada ao invés da preta do restante do carro.
Impulso turbinado
Tal qual acontece com o Onix RS, a versão especial do Onix Plus também é disponibilizada somente com um conjunto mecânico. Debaixo do capô preto do Midnight reside um motor 1.0 três cilindros turbo de 116 cv e 16,8 kgfm de torque, sem injeção direta como seus rivais Hyundai HB20S T-GDi e Volkswagen Virtus TSI.
A transmissão, por sua vez, é uma automática de seis marchas e que segue exatamente a mesma receita dos concorrentes. Contudo, a conversa entre motor e câmbio é um pouco ruidosa. Nem sempre o que um quer fazer, o outro está disposto.
Em retomadas, por exemplo, há um evidente delay entre a aceleração do pedal e a redução de marchas para que o motor turbo ganhe fôlego. A vantagem, no entanto, é que quando o motor do Onix Plus enche, ele sai em disparada com até um certo temperinho esportivo. Prova disso é que chega aos 100 km/h em 9,7 segundos, segundo a GM.
A transmissão também é adepta a trancos, sentidos especialmente nas reduções e em marchas mais baixas. Ainda assim, tenta trabalhar com suavidade em boa parte do tempo, tornando as trocas quase imperceptíveis nos momentos em que não engasga. Há de notar também a certa demora nas trocas quando comparado a alguns concorrentes.
Como fica evidente pelo posicionamento da Chevrolet para o Onix Plus, ele é um carro voltado ao conforto. A suspensão é bastante macia, mas sem deixar o carro bobo ou descontrolado em estrada. Nem mesmo ventos laterais o tornam suscetíveis a mudanças bruscas de direção. Mas, tal qual o Tracker, a suspensão traseira gosta de fazer barulho em ruas esburacadas.
A direção também é leve na medida para o conforto na cidade e em manobras. Tem atuação rápida e filtra bem as imperfeições do asfalto. Se vale uma observação, poderia ficar um pouco mais firme na estrada, onde o excesso de assistência compromete um pouco a confiança em velocidades mais altas.
Mas a surpresa fica por conta do consumo. Durante nossos testes, o Onix Plus Midnight marcou em trechos de estrada 19 km/l com facilidade usando gasolina. Com etanol, os números não passaram de 13 km/h na estrada. Já na cidade ele sempre ficava acima de 12 km/l, independentemente do combustível usado.
Veredicto
O Chevrolet Onix Plus é um dos raros casos de carros recomendáveis para diversas situações. Comprá-lo é a certeza de não cometer um erro, afinal é um sedã espaçoso, com bom porta-malas, boa lista de itens de série, motor turbo competente e econômico, além de ter boa fama no mercado. É como uma camiseta preta, sempre vai servir para qualquer situação.
A versão Midnight apela para a cor preta pela carroceria e em detalhes para parecer mais especial que outras variantes. Vale à pena por R$ 1.000 a menos que a Premier? Não por trazer central multimídia com menos recurso e acabamento ainda mais simples do que é. A não ser que faça muita questão mesmo do visual todo escurecido.
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