Em fevereiro de 1989, o Mazda Miata era apresentado ao mundo para se tornar um carro lendário. Sorridente, com faróis escamoteáveis e uma dinâmica acertada, ele nunca tentou ser o que não é. Potência nunca foi seu forte, mas o conversível compensa isso enfiando um sorriso no rosto de todo mundo que anda nele.
Curiosamente, a inspiração para o projeto surgiu longe do Japão. O Miata repete uma receita que era comum nos carros ingleses dos anos 1960, de ser um carro leve, conversível e acessível, como acontecia com o Lotus Elan. A ideia de fazer o Miata surgiu do jornalista americano Bob Hall, que passou a ser funcionário da Mazda nos anos 1980.
Bob tinha sugerido para a empresa criar um esportivo barato antes mesmo de ser funcionário da marca, quando ainda era jornalista. A Mazda deu de ombros, mas resolveu acatar a sugestão depois, quando Bob passou a cuidar dos projetos futuros da montadora.
Carro certo na empresa certa
Embora a Mazda não seja tão famosa no Brasil, já que operou por aqui por poucos anos, ela é uma das marcas mais inovativas do Japão. Afinal, por anos seus esportivos tiveram motores rotativos, inclusive o protótipo que venceu as 24h de Le Mans de 1991. Por isso, era natural que uma empresa com essa filosofia fizesse um esportivo como o Miata.
A receita do carro é simples: motor de quatro cilindros na dianteira e tração traseira. Distribuição de peso quase perfeita, com traseira e frente tendo o mais próximo possível da relação de 50/50. Suspensão independente nas quatro rodas, e espaço bom para os dois ocupantes.
Estava assim concebido o conceito do Miata, que estreou em 1989 e faz sucesso até os dias de hoje. A primeira e a segunda geração, que nasceu em 1997, foram vendidas oficialmente no Brasil, já que a Mazda encerrou as operações por aqui em 2000. Entretanto, poucas unidades foram vendidas e hoje custam uma fortuna.
Evoluções do Miata
Talvez a maior característica do Miata foi ter conservado sua essência ao longo dos anos. Pegue um Porsche 911 original e compare com um atual: não há nada em comum, apenas o nome e a posição do motor. Um 911 moderno é grande e extremamente luxuoso. Já o Miata não cresceu absurdamente, mesmo estando em sua quarta geração.
Ou seja, a Mazda soube evoluir seu projeto, mas sem perder a essência. Até mesmo o característico sorriso da entrada de ar frontal foi mantido. Os faróis escamoteáveis foram retirados por conta das mudanças das leis. Se não fosse por isso, pode ter certeza que até esse detalhe seria conservado.
Quando estreou, o Miata (ou MX-5, dependendo do mercado) usava um motor 1.6 16v feito somente para ele. Mesmo parecendo um motor comum, ele tinha duplo comando no cabeçote e virabrequim e volante do motor aliviados. Com isso, eram extraídos 116 cv e 13,8 kgfm de torque, com câmbio manual de cinco marchas.
Alguns anos depois, veio o motor 1.8 de 133 cv, que deu um fôlego extra para o carrinho, que pesava menos de 1 tonelada. Se você acha que um VW up! TSI anda bem, imagine um esportivo de peso igual e com 20 cv a mais, com um motor aspirado que gira alto.
Atualmente, o Miata utiliza um motor 2.0 de 184 cv e 20,9 kgfm de torque. A transmissão segue sendo manual, mas tem seis marchas, embora haja uma opção de câmbio automático, mas ninguém vai querer isso. A suspensão segue independente nas quatro rodas, mas a traseira utiliza sistema multilink desde a terceira geração, enquanto a dianteira sempre manteve o sistema de duplo A.
É verdade que o Miata é maior e mais pesado hoje, mas não muito. A Mazda soube evoluir seu carro sem perder as características originais. E assim, aos 35 anos, sendo que o atual já tem nove anos, o esportivo sorridente segue fazendo a alegria de quem pode comprar um esportivo barato.
Infelizmente, aos brasileiros, resta apenas admirar o legado desse carro, ou então pagar uma fortuna para ter acesso ao modelo via importação independente.
Gosta do Mazda Miata? Queria que o esportivo voltasse a ser vendido de maneira oficial no Brasil? Deixe nos comentários a sua opinião.
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