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Jeep Compass 4xe: o futuro custa R$ 100 mil a mais | Avaliação

 Se o futuro tem um preço, o novo Jeep Compass 4Xe cobra R$ 106.400 por essa passagem no tempo eletrificada

Jeep Compass 4xe [Auto+ / Maurício Garcia]
Jeep Compass 4xe [Auto+ / Maurício Garcia]

É fato mais do que consumado que os carros a puramente a combustão estão morrendo. O futuro ainda é incerto se será 100% elétrico ou híbrido. Mas a eletrificação fará parte do nosso cotidiano e o é o primeiro passo em direção a esse futuro. Mas ele cobra R$ 349.990 por isso, exatos R$ 106.400 a mais que o Compass diesel mais caro de todos.

Mas será que compensa pagar o valor de um Fiat Pulse a mais somente para ter o conjunto híbrido? Antes mesmo de detalhar mais sobre o Compass 4xe, já afirmo que não. A não ser que você faça muita questão de um carro híbrido ou puder sempre o carregar de graça em um eletroposto perto de casa ou no trabalho.

Explico: um Compass diesel tem autonomia declarada entre 624 km e 810 km, dependendo das condições de rodagem. Um 4xe faz oficialmente entre 914 km e 871 km. Contudo, só atinge esses números se for constantemente carregado. Durante nossos testes, o Compass 4xe secou um tanque inteiro e mais três quartos de outro tanque para rodar exatos 536 km.

Jeep Compass 4xe [Auto+ / Maurício Garcia]
Jeep Compass 4xe [Auto+ / Maurício Garcia]
A média de consumo ficou em 17 km/l no Compass 4xe, enquanto o diesel avaliado pela última vez aqui no Auto+ garantiu média de 10 km/l. Considerando que o tanque do diesel leva 60 litros, ele roda teoricamente 600 km com um tanque. Já o 4xe tem tanque de 36 litros pode rodar teoricamente 612 km, mais algum extra tirado do sistema elétrico.

Na prática, com o preço médio do diesel rondando a casa dos R$ 7 e da gasolina em R$ 6, a diferença de mais de R$ 100 mil entre a versão diesel mais cara e o 4xe demoraria mais de décadas para se pagar. Isso, claro, se você não conseguir carregar o Compass 4xe de graça em um eletroposto – aí a conta se inverte.

Jeep Compass 4xe [Auto+ / Maurício Garcia]
Jeep Compass 4xe [Auto+ / Maurício Garcia]

Eu primeiro

Jeep Compass mais potente da história, o 4xe entrega 240 cv e 47,9 kgfm de torque quando combinadas as forças de seu 1.3 quatro cilindros turbo de 180 cv e 27,5 kgfm de torque e o sistema elétrico de 60 cv e 25,5 kgfm. Mas no dia a dia, ele gosta de ser educado e deixar que cada conjunto trabalhe independente.

Quando o 1.3 turbo está em funcionamento, ele roda parecido com o Commander. Por conta do peso extra das baterias (1.908 kg ao todo contra 1.790 kg do Compass diesel mais pesado), o Jeep sofre com falta de força. É interessante no sinal que ele primeiro larga com o motor elétrico, sente que não tem força suficiente, chama o motor a combustão para ajudar.

Jeep Compass 4xe [Auto+ / Maurício Garcia]
Jeep Compass 4xe [Auto+ / Maurício Garcia]
Nisso, ele vai ganhando velocidade, mas ao engatar a terceira marcha e ficar próximo da velocidade de cruzeiro, o motor a combustão desliga e só o elétrico atua. Em carros híbridos plug-in concorrentes, em geral, o motor elétrico dá conta sozinho das saídas de sinal. No Compass 4xe não.

O único momento em que você sente de fato que esse híbrido é mais forte que seus irmãos flex e diesel é nas acelerações bruscas. Pise fundo no acelerador e o SUV vai surpreender com aceleração forte e uma vivacidade que o Compass nunca viu. Os dois motores a pleno vapor empurram o modelo como se tivesse um V8 debaixo do capô.

Jeep Compass 4xe [Auto+ / Maurício Garcia]
Jeep Compass 4xe [Auto+ / Maurício Garcia]
É justamente a força que falta ao modelo flex e que o diesel começa a pedir, mas ela só aparece com o pé lá em baixo. Tanto que chega aos 100 km/h em 6,8 segundos. Na condução diária, com o acelerador trabalhando sem desespero, o Compass 4xe parece fraco e não empolga.

Sincronismo no silêncio

Mas algo que a Jeep conseguiu amplificar no Compass 4xe é o conforto de rodagem e o silêncio a bordo. Ele já era um carro bastante refinado no quesito ruídos de motor e externos, algo amplificado com a eletrificação, já que o barulho do motor pouco aparece e o isolamento acústico é de primeira.

[Auto+ / Maurício Garcia]
Você só ouve, por exemplo, o barulho de rodagem elétrica para avisar pedestres que o carro se aproxima caso o vidro esteja abaixado. Fora isso, é silêncio digno do segundo antes em que a orquestra está prestes a iniciar seu show e o maestro está com a batuta para cima. A suspensão segue por esse caminho, ainda que seja nitidamente mais dura que o padrão.

Batidas mais fortes nos buracos e menor capacidade de absorção de impactos são vistas no 4xe de maneira que os diesel e flex não fazem. Ainda assim, é um carro que pode passar por uma lombada com mais velocidade que qualquer outro carro ou atropelar um buraco e nem parecer que havia algum relevo por ali.

[Auto+ / Maurício Garcia]
[Auto+ / Maurício Garcia]
A direção é muito bem calibrada, sendo leve nas manobras e suficientemente firme em alta velocidade. Aliás, suspensão e direção com acerto perfeito tem sido a especialidade da Stellantis no Brasil, especialmente nos modelos da Jeep. Tanto que o Compass é referência nesses quesitos na categoria.

A nossa grama e a do vizinho são verdes

Uma das grandes preocupações dos brasileiros quando recebemos modelos europeus equivalentes aos nossos, é que a grama do vizinho é sempre mais verde. O Peugeot e-208 GT importado tem acabamento muito superior ao 208 produzido na Argentina. E isso era o que todos esperavam quando o Compass 4xe chegou ao Brasil importado da Itália.

[Auto+ / Maurício Garcia]
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Mas não. O acabamento dele é idêntico ao do brasileiro. E isso é um ponto extremamente positivo por dois motivos. Primeiro que o Compass é referência em acabamento na categoria, cheio de materiais macios e de qualidade, além de bons encaixes. Segundo que mostra que a Stellantis se preocupou em oferecer um carro nacional no mesmo nível do gringo.

Ou seja, tudo que você espera do Compass está lá: revestimento de couro de qualidade nos bancos e volante, materiais de toque agradável e texturas interessantes, revestimento macio nas portas dianteiras e no painel. Esse conjunto se completa com a excelente central multimídia com tela de boa definição, fácil de usar e rápida.

O painel de instrumentos é totalmente digital, mas conta com alguns gráficos pequenos demais, especialmente os de funcionamento do sistema elétrico. Apesar disso, é bastante configurável e muito mais fácil de operar que o Active Info Display da Volkswagen. A única diferença que você verá no Compass 4xe em relação aos brasileiros são quatro botões.

Eles ficam do lado esquerdo do motorista e controlam os modos de condução do SUV médio e um deles abre o tanque de gasolina. Em Hybrid os dois motores funcionam juntos, enquanto em Electric o elétrico que ganha prioridade. Já o e-Save funciona para que o combustão carregue o elétrico e as baterias sejam poupadas.

[Auto+ / Maurício Garcia]
[Auto+ / Maurício Garcia]
Por falar em baterias, o Compass já está pronto para o presente, tanto que é cheio de recursos para carregar o celular. Na dianteira há carregador de celular por indução, entrada USB do tipo normal e rápida do tipo C. Ambas as entradas funcionam para conexão com Android Auto e Apple CarPlay, que também pode ser feita sem fio.

Já atrás, além da saída de ar, as entradas USB se repetem nos dois formados. Contudo, há ainda uma tomada residencial de três pinos já no padrão brasileiro, apesar desse Compass 4xe ser importado da Itália. Um tipo de cuidado que muitas montadoras não oferecem ao importar modelos com tomada residencial embutida.

Toque azul

Baseado na versão topo de linha S, o Compass 4xe traz alguns diferenciais estéticos em relação aos demais modelos. Começa pelo logotipo da Jeep e nome Compass na lateral com borda azul. Ele tem dois bocais de abastecimento atrás, um para combustível e outro para a tomada elétrica. Além disso, não tem rack de teto, mas as rodas e o teto em preto são de série.

Ele ainda é equipado com faróis de LED com projetores, enquanto todo Compass brasileiro usa sistema com espelhos. Outra diferença está na presença de sistema de câmeras 360° e som Alpine, não oferecidos em outras variantes por aqui. Mas é bem recheado: tem chave presencial, teto solar panorâmico e ar-condicionado digital de duas zonas.

Jeep Compass 4xe [Auto+ / Maurício Garcia]
Jeep Compass 4xe [Auto+ / Maurício Garcia]
É equipado ainda com sistema de manutenção em faixa (exageradamente intrometido e que desativei após um dia de teste), frenagem autônoma de emergência, piloto automático adaptativo, controle de tração e estabilidade, faróis com acendimento automático, sensor de chuva, assistente de partida em rampa, sensor de estacionamento dianteiro e traseiro.

Traz ainda farol alto automático, alerta de ponto cego, indicador de fadiga, seis airbags, banco do motorista com regulagem elétrica, retrovisor eletrocrômico, porta-malas com abertura elétrica, Android Auto e Apple CarPlay sem fio, retrovisores com rebatimento automático, subwoofer e auto hold.

Jeep Compass 4xe [Auto+ / Maurício Garcia]
Jeep Compass 4xe [Auto+ / Maurício Garcia]

Veredicto

Apesar de seu genial layout híbrido onde o motor a combustão move a dianteira e o elétrico a traseira, provendo assim tração 4×4, o Jeep Compass 4xe custa caro demais para oferecer pouca economia a mais em relação ao modelo diesel. Por ser importado e trazer um conjunto caro, ele fica pouco atrativo frente aos modelos produzidos no Brasil.

Na prática, o 4xe só é mais potente e rápido que seus equivalentes com o pé em baixo, enquanto no dia a dia parece rodar como seu pesado irmão Commander. Além disso, falta uma melhor integração entre os motores do Jeep. Por fim, só vale á pena levar o híbrido para casa ao invés de um Compass diesel se você tiver como carregá-lo de graça. Caso contrário, economize R$ 100 mil.

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