O Hyundai Creta ainda desperta olhares curiosos, mesmo passado dois anos do lançamento da geração atual. Se antes o SUV tinha um visual genérico, mas convencional, ele exibe desde 2021 linhas chamativas e fora da caixinha, o que gera reações do tipo ame ou odeie.
Particularmente, não sou fã do desenho do Creta atual. Já até acostumei com a frente, mas a traseira simplesmente não me desce. O vinco apontado para baixo e os diversos pedaços de lanterna me causam estranheza até hoje. No entanto, basta se acomodar no banco do motorista para tudo isso ser esquecido.
E durante uma semana, o design foi a última coisa que notei no SUV compacto da Hyundai. Afinal, quem dirige não precisa encarar o desenho do carro, pois em seu campo de visão está o volante e o painel. O problema é de quem passa perto dele e vê um SUV exótico desfilando pelas ruas, mas aí é cada um com seu problema.
Competente ao volante
Como um carro não é feito só de design, há muitos bons pontos no Creta. Sempre gostei de andar na geração anterior, mas o motor 1.6 dos modelos mais em conta devia desempenho e bebia além da conta, mas tudo mudou com a adoção do motor 1.0 turbo de 120 cv e 17,5 kgfm de torque.
A potência não salta aos olhos, sendo até menor que a do antigo 1.6. No entanto, por ter mais torque em baixa rotação, o SUV é ágil na cidade e comedido em consumo na estrada. Em nossos testes, ele fez 10 km/l com etanol e 12,5 km/l com gasolina, no ciclo misto. E isso mesmo com dias bem engarrafados na cidade de São Paulo.
O conjunto mecânico só não é excelente por conta do câmbio. A calibração feita deixou a caixa lerda e inconsistente. Não é raro o carro ficar segurando o giro como se fosse um CVT, para só depois trocar de marcha e jogar as rotações para o Polo Sul. Se um ajuste fino fosse feito no câmbio, o Creta teria um dos melhores conjuntos mecânicos do segmento, sem sombra de dúvidas.
O comportamento dinâmico é outro ponto exemplar do Creta. Sua suspensão tem uma boa calibração, dando segurança em momentos de maior velocidade, ao mesmo tempo que proporciona um bom conforto para os ocupantes. Esta sempre foi uma característica do SUV, e felizmente a Hyundai manteve isso quando fez a mudança de geração. A boa altura do solo faz com que lombadas e valetas sejam superadas sem dificuldades, ao mesmo tempo que ajuda o modelo a não dar o final de curso da suspensão nessas situações e ao pegar um buraco, por exemplo.
Hyundai Creta Limited e o espaço cavernoso
Ok, o espaço não é tão grande assim. Mas por ser um SUV compacto, o Hyundai Creta se destaca na categoria. Há um bom espaço para pernas e cabeça no banco traseiro, e o porta-malas leva bons 422 litros. Dessa forma, é possível viajar com a família sem sufocos. E para ninguém passar calor, há ainda duas saídas de ar para quem viaja atrás, além de uma porta USB.
A posição de dirigir também merece destaque. O volante tem ajuste de altura e profundidade, e o banco é facilmente configurável. Nessa versão, o acabamento da peça é em tecido, mas algo compreensível por se tratar de um modelo intermediário.
O volante tem boa pegada e a direção é leve, voltada para o conforto em manobras. No Creta Limited, o painel de instrumentos é analógico, mas os ponteiros são bem posicionados e de fácil leitura. Outro destaque é a central de instrumentos de oito polegadas, que espelha Android Auto e Apple CarPlay sem fio.
A resolução não é das melhores, só que ao menos há diversos botões para acessar as funções dela. Seu uso é fácil e intuitivo, e nenhum travamento foi percebido durante os teste. No entanto, é um pouco chato você precisar ativar o Android Auto toda vez que liga o carro. A maioria das centrais faz isso de maneira automática, mas no Creta é preciso selecionar o seu celular todas as vezes que o carro é ligado.
A lista de equipamentos é bastante competitiva quando analisamos o segmento. De série, há rodas de liga leve de 17 polegadas, ar-condicionado digital, partida por botão e chave presencial, carregador por indução para smartphones, três portas USB, sistema Bluelink (que fornece ajuda em casos de emergência por apenas um botão, além de rastrear o veículo), alerta de presença no banco traseiro, faróis com acendimento automático e DRL em LED. Porém, as luzes principais são halógenas.
Veredicto
Espaçoso, com bom consumo e desempenho dentro da média, o Hyundai Creta Limited é uma compra racional no segmento. O SUV não chega a ser um grande destaque da categoria, mas é eficaz em seu conjunto, o que justifica os bons números de venda.
Acontece que talvez a versão Limited não seja uma boa compra, mesmo tendo um bom pacote de equipamentos, que inclui até ar-condicionado digital e carregador por indução. Segundo o site da marca, a versão custa R$ 146.390, enquanto a Limited Safety sai por R$ 147.890. A diferença é pouca, e o modelo mais caro tem assistente de permanência em faixa, frenagem autônoma de emergência, detector de fadiga e painel de instrumentos digital. Ou seja, é um melhor negócio.
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