Honda City e Nissan Versa podem não ser os sedãs compactos mais vendidos da categoria, mas certamente são referência em visual, equipamentos e qualidade de construção. Fazendo jus à boa fama dos japoneses, os dois modelos se enfrentam no embate em versão topo de linha com preço e equipamentos semelhantes.
O Honda City se apresenta na versão topo de linha Touring por R$ 137 mil, enquanto o Nissan Versa sai por R$ 122.890 na versão mais equipada, a Exclusive. A diferença de R$ 14.110 entre os dois sedãs, faz com que o Versa mais caro tenha preço intermediário entre as duas versões mais barata do City (EX de R$ 118.700 e EXL de R$ 128 mil).
Só que essa diferença de preço fica clara quando vemos a lista de equipamentos dos modelos. Só o City tem farol alto automático, luz diurna de LED, monitoramento de pressão dos pneus, sensor de estacionamento dianteiro, assistente de permanência em faixa, piloto automático adaptativo, retrovisores com rebatimento elétrico e partida remota.
O Versa tenta contra atacar com a presença de câmeras 360°, alerta de tráfego cruzado, cinto com ajuste de altura, carregador de celular por indução e alerta de ponto cego. Os dois, contudo, são equipados com sensor e câmera de ré, ar-condicionado digital de uma zona e central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay (sem fio no Honda).
Há ainda para ambos faróis full-LED, chave presencial, bancos revestidos em couro, direção elétrica com ajuste de altura e profundidade, painel parcialmente digital, vidros elétricos nas quatro portas, luz de neblina, retrovisores com ajustes elétricos, controle de tração e estabilidade, assistente de partida em rampa e seis airbags.
Aspiração natural
Diferentemente dos rivais Volkswagen Virtus e Chevrolet Onix Plus, os japoneses Nissan Versa e Honda City apostam em motores aspirados com câmbio CVT. O City traz um moderno 1.5 quatro cilindros aspirado de 126 cv e 15,8 kgfm de torque contra 113 cv e 15,3 kgfm do 1.6 quatro cilindros do Nissan.
Os dois usam caixa automática CVT, mas cada um deles tem qualidades diferentes nesse quesito. O motor do Honda é melhor, entregando médias de consumo mais baixa, menos aspereza na rodagem e uma performance mais a contento. Em contrapartida, o câmbio do Nissan é mais esperto e evita o efeito enceradeira comum no rival.
Oficialmente a o City faz com etanol 9,2 km/l na cidade e 10,5 km/l na estrada conta 7,9 km/l e 10,2 km/l no mesmo cenário para o Versa. Já na gasolina temos 13,1 km/l e 15,2 km/l (cidade e estrada, respetivamente) para o Honda e 11,5 km/l e 14,7 km/l para o Nissan no mesmo cenário. A dica que fica é: abasteça os dois sempre com gasolina.
Distinção nipônica
Na tocada, também há pontos de divergências fortes entre eles. O Versa é um carro mais divertido de dirigir. Sua suspensão é mais firme e a direção mais pesada – é notável que a Nissan colocou esforço para agradar àqueles que gostam de pilotar, mesmo que o seu sedã não transpareça isso em uma primeira olhada.
O City é mais confortável, a ponto de ser um carro bem sem graça. É silencioso, macio, eficiente e não passa emoção alguma. Tudo nele é neutro demais: a direção não é pesada, nem leve, a suspensão absorve bem os impactos, mas não chama atenção por uma condução apurada. É competente, e isso está ótimo para ele.
O que chama atenção, no entanto, é que o City é apenas 39 kg mais leve que o Versa, mas a diferença parece maior. Isso porque o Honda é bem mais sólido na rodagem e faz parecer um carro mais pesado. A leveza do Nissan na hora de dirigir é um de seus grandes trunfos – ao mesmo tempo que parece um carro mais mole de estrutura e menos refinado.
Faixinha e faixona
Por falar em refinamento, o interior dos dois modelos merece destaque. Ambos trazem revestimento preto contrastando com bege, sendo o Honda dotado de bancos inteiramente claros, enquanto o Nissan usa o acabamento contrastante com mais parcimônia. O couro do painel é mais presente no Versa do que no City.
Só que a montagem do Honda é um pouco melhor, com plásticos mais bem cuidados e mais sólidos. O couro do volante de ambos é horrível, de qualidade muito aquém do que o esperado para ambas as marcas. Mas é no detalhe do detalhe que a cabine do City parece melhor que a do Versa, ainda que de ambos esteja (bem) acima da média da categoria.
Um contraste com a central multimídia. Ainda aguardo ansiosamente o dia em que uma marca japonesa apresentará uma central minimamente boa. A tela em ambos é muito ruim, com contrastes fracos, gráficos de centavos e nítida lentidão. Há conexão com Android Auto e Apple CarPlay nos dois, mas sem fio só no City.
Das duas, a tela do Versa é menos pior para usar. A tela tem qualidade um pouco melhor e é mais bonita. Além disso, pelo menos tem regulagem de brilho automático. Um problema do Honda, que exige apertar um botão para ativar o modo noite, se não terá uma tela mais brilhante que um farol ao sair sob a luz do luar.
Outro ponto em comum entre os dois é o painel de instrumentos meio digital. Meio porque, literalmente, só metade do cluster tem uma tela funcional, mantendo o velocímetro analógico. A qualidade é excelente e a usabilidade fácil e cheia de recursos. Só que o painel do Honda é ligeiramente melhor de usar e tem mais qualidade.
Reis do espaço interno
O Nissan Versa volta a levar vantagem no espaço interno. Referência máxima nessa categoria, o sedã compacto é o que melhor trata os que sentam atrás com vastidão de espaço para as pernas e para a cabeça. Os bancos são muito confortáveis e uma especialidade da Nissan.
O City não fica tão para trás assim, sendo um carro igualmente confortável e espaçoso – só não tanto quanto o Versa. Em comum, um defeito: encosto de cabeça traseiro fixo. Mas só o Nissan traz a caixa de roda traseira, que invade o espaço para os passageiros, revestida de material macio.
No porta-malas, temos uma grande penalidade. O acabamento é bem ruim, com pouco revestimento na tampa e carpete de qualidade digna de um Renault Kwid. O City leva 519 litros contra 482 litros do Versa, além de contar com puxadores para dobrar os bancos diretamente da tampa traseira.
Veredicto
Os R$ 14.110 que a Honda cobra a mais pelo City Touring em relação ao preço pedido pela Nissan no Versa Exclusive podem pesar, e muito, na conta final. Se seu orçamento está apertado, não relute em levar o Versa para casa. Bonito, bom de dirigir, econômico e bem acabado, ele é uma das melhores compras do segmento.
Só que o City é um pouco melhor quase tudo, por isso custa mais. Vem mais equipado, tem motor mais eficiente e mais econômico, além de ser um projeto mais moderno. Só é sem graça para dirigir. Mas, nessa categoria, boa parte dos consumidores só quer conforto e confiabilidade – algo que os dois japoneses têm de sobra.
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