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Honda City Touring vive um toma lá dá cá | Avaliação

 Para todo pecado que o Honda City comete, ele compensa com alguma parte boa. Mas será que esse equilíbrio vale para todo mundo?

Honda City Touring [Auto+ / João Brigato]
Honda City Touring [Auto+ / João Brigato]

Desde que o Fit morreu, o City assumiu o posto de modelo de entrada da Honda no Brasil. Além de ter também tentado compensar a ausência de versões mais baratas do Civic por aqui. Depois de um certo tempo no mercado, o modelo volta ao Auto+ para uma avaliação em que fica evidente sua estratégia de equilíbrio

Na versão Touring de R$ 139.100, o Honda City vem bem equipado, mas com conjunto mecânico igual ao de outras versões. Apostando em motor aspirado e câmbio CVT contra uma penca de rivais turbinados, ele é um dos mais caros da categoria, mas também um dos que mais oferece itens de série. Entendeu de onde vem esse toma lá dá cá?

Calma japonesa

Independentemente da versão que escolher, o Honda City traz motor 1.5 quatro cilindros aspirado de 126 cv e 15,8 kgfm de torque ligado a um câmbio CVT. O motor conta com com injeção direta, o que garante um consumo de combustível mais baixo. São 9,2 km/l na cidade com etanol e 10,5 km/l na estrada com o mesmo combustível.

Honda City Touring [Auto+ / João Brigato]
Honda City Touring [Auto+ / João Brigato]

Mas é na gasolina que ele brilha: 13,1 km/l na cidade e 15,2 km/l na estrada. Contudo, durante nossos testes, o City chegou a 17,5 km/l na estrada com gasolina e ficou acima dos 14 km/l na cidade. Já com etanol, o modelo ficou em sólidos 9 km/l na cidade, mas subiu para 12 km/l na estrada. Ou seja, na vida real é mais econômico.

Só que isso vem com um preço: enquanto o Honda City é muito econômico, ele é muito sem graça para dirigir. O motor entrega potência suficiente, mas basta acelerar um pouco mais para que a rotação fique alta e o motor ronque constantemente causando o efeito enceradeira, típico dos CVT da marca japonesa.

Honda City Touring [Auto+ / João Brigato]
Honda City Touring [Auto+ / João Brigato]

Falta o ímpeto e a força do torque instantâneo dos rivais com motor 1.0 turbo, que tem cerca de 5 kgfm de torque a mais e potência semelhante – mas gastões. Em rítmos tranquilos é onde o City mostra seu equilíbrio, jogando a rotação lá para baixo e mantendo um silêncio à bordo impressionante.

Abordagem diferente

Um ponto interessante do City é que ele roda quase como um sedã médio. Quase. Não modelos da escola de VW Jetta e Honda Civic, que apelam para uma esportividade extra na tocada. Mas sim algo mais na linha de Toyota Corolla e Nissan Sentra. É um carro de rodagem tranquila, silenciosa e que mostra uma boa montagem.

Honda City Touring [Auto+ / João Brigato]
Honda City Touring [Auto+ / João Brigato]

Só que, sendo um modelo compacto, não mostra a mesma solidez da categoria de cima. Ele é mais firme que a geração anterior, em que dava a impressão de que a carroceria rodava toda solta e molenga. Mas, dentro da categoria, é um dos poucos carros que passa a sensação de ser mais caro do que de fato é ao dirigir.

A direção é firminha como todo Honda, sendo bem direta e rápida, além de comunicativa. Pena que o City Touring tem um couro áspero que é até incômodo no volante. Já na suspensão temos um carro que se mantém na linha do conforto, mas que inclina um tanto nas curvas e é mais suscetível a ventos laterais por ter pneus pequenos e suspensão macia.

Honda City Touring [Auto+ / João Brigato]
Honda City Touring [Auto+ / João Brigato]

Eu que comecei

O que a Honda pode se vangloriar é de ter iniciado um movimento de adoção de tecnologia na categoria com o City. Hoje não é mais exclusividade, mas ele foi um dos primeiros a contar com piloto automático adaptativo e sistema de manutenção em faixa, que ainda funcionam muito melhor do que todos os rivais com mesma tecnologia.

Ele ainda traz faróis full-LED (com peças internas soltas que fazem com que o foco do farol sempre trema em ruas esburacadas), chave presencial, câmera no retrovisor direito para auxílio de ponto cego, frenagem autônoma de emergência, faróis com acendimento automático e assistente de luz alta, partida remota e monitoramento de pressão dos pneus.

Honda City Touring [Auto+ / João Brigato]
Honda City Touring [Auto+ / João Brigato]

Há ainda ar-condicionado digital de uma zona, sensor de estacionamento dianteiro e traseiro, retrovisor elétrico, central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, volante com regulagem de altura e profundidade, revestimento interno de couro, banco traseiro rebatível e vidros elétricos um toque para todos.

Toque de cor

O Honda City Touring repete a estratégia da marca japonesa na versão topo de linha: trazer revestimento interno claro como sinal de sofisticação. Os bancos, parte das portas, uma faixa no painel e duas no console são cobertas por couro bege de qualidade boa, diferentemente da usada no volante.

Honda City Touring [Auto+ / João Brigato]
Honda City Touring [Auto+ / João Brigato]

É um revestimento que traz sofisticação a mais para o interior do sedã compacto, mas é bem suscetível a sujeiras. Os plásticos usados na montagem da cabine estão acima dos presentes no Toyota Yaris e do Volkswagen Virtus, mas um degrau abaixo do Hyundai HB20S, especialmente em áreas como a parte superior do painel, onde parece um carro barato.

Painel de instrumentos é parcialmente digital, mas segue o padrão da Honda, trazendo muitas funções úteis, além de ter leitura clara em qualquer situação de luz. Um contraste com a central multimídia que, de longe, é a pior da categoria. A tela tem definição terrível, além de menus datados.

Mas há algo bem irritante. A tela sempre fica em modo diurno, mantendo um brilho fortíssimo, mesmo quando o farol está aceso. Para que ela escureça, é preciso apertar um botão físico na lateral até que ela entre em modo noturno. Essa função deveria ser conjugada ao acendimento do farol. Mas não.

Em compensação, a Honda colocou comandos físicos para o ar-condicionado, evitando que fosse necessário usar a central multimídia ruim para também controlar a ventilação. Se há um apelo a ser feito para a marca japonesa no momento em que for reestilizar o City no Brasil é que troque urgentemente essa central.

[Auto+ / João Brigato]
[Auto+ / João Brigato]

É de família

Algo que o Honda City e seus irmãos Fit e HR-V sempre foram elogiados é no quesito espaço interno. O sedã compacto atende muito bem a uma família de quatro pessoas, sendo que ninguém vai reclamar de falta de espaço. Um quinto passageiro, assim como quase todos os carros, sofre um pouco. 

O pênalti maior vai para a presença de encostos de cabeça fixos no banco traseiro, que roubam bastante espaço na visão traseira. Contudo, a Honda se preocupou em revestir o espaço entre as portas e o final do banco, onde também está a caixa de roda, com o mesmo couro dos bancos e espuma, fazendo a área útil das costas ainda maior.

O porta-malas leva impressionantes 519 litros, mas tem carpete de baixa qualidade, um contraste com o fato de ter toda parte interna da tampa revestida. Até mesmo o material do piso do porta-malas parece frágil e suscetível a quebras em caso de objetos mais pesados por ali. É possível dobrar os bancos traseiros pelo porta-malas através de um puxador.

Veredicto

Entre os sedãs compactos atualmente vendidos no Brasil, o Honda City é um dos mais equilibrados. Ele pode não ser tão divertido de dirigir quanto o VW Virtus, mas não tem o mesmo acabamento ruim. É tão confiável quanto um Toyota Yaris, mas não parece um carro de 2012. Ao mesmo tempo que é tão espaçoso quanto um Nissan Versa, mas é mais equipado.

[Auto+ / João Brigato]
[Auto+ / João Brigato]

Seu único problema é não andar tão bem quanto Hyundai HB20S, Chevrolet Onix Plus ou que o Volkswagen Virtus, mas entrega um nível de economia de combustível digno de carros híbridos. Em suma, o Honda City é um carro extremamente equilibrado para aqueles que não querem riscos ou grandes emoções, tanto para o lado positivo, quanto para o negativo.

Você teria um Honda City? Conte nos comentários.


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