Faz muitos anos que o carro mais vendido dos EUA é a Ford F-150. A realidade é que o mercado estadunidense considera todas as picapes da série F como um carro só e a F-150 é a mais vendida entre todas elas. E por anos também foi o carro importado de maneira independente mais vendido do Brasil. Mas ela tem algo de especial para tanto?
Depois de muita espera, a Ford finalmente trouxe a caminhonete grande oficialmente para o Brasil. E depois de , pudemos colocar as mãos atrás do volante dessa verdadeira jamanta americana. E agora entendi o porquê de os americanos gostarem tanto da Ford F-150.
Custo do luxo
Diferentemente dos EUA, aqui no Brasil a Ford deu à sua caminhonete o status de veículo de luxo. Até porque, lá na terra do Tio Sam a F-150 precisa atender desde o trabalhador que por aqui usa uma Fiat Strada, passando por um público que a usa como veículo off-road pesado como um Wrangler e finalizando no luxo em que alguém trocou um Mercedes pela picape.
Aqui no Brasil a Ford apostou na fatia de cima com a versão Platinum de R$ 509.990 e com a Lariat de R$ 479.990. Ambas vem bem recheadas, mas só a topo de linha traz console central retrátil que vira uma mesa, sistema de som premium B&O com caixa de som no encosto de cabeça, acabamentos cromados e estribo lateral elétrico.
A lista de itens de série é recheada com painel de instrumentos totalmente digital, central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, direção com ajuste elétrico de altura e profundidade, tampa da caçamba com abertura e fechamento elétrico, faróis full-LED, aquecimento nos bancos dianteiros e traseiros, banco dianteiro elétrico e teto solar.
Mas o grande ponto sobre a F-150 é a qualidade do interior. Há couro dígno de uma marca de luxo nos bancos e no painel. Muitas superfícies são macias ao toque, além disso, a versão Platinum traz contraste de elementos em metal e madeira clara. A Lariat aposta em um couro vermelho escuro como contraste, junto do metal.
A central multimídia é enorme, com tela de altíssima definição e gráficos limpos, além de fácil de usar. Já o painel de instrumentos tem gráficos modernos demais para a proposta da picape. Parece algo feito para um carro elétrico, não para uma caminhonete. Faz falta uma opção de mostradores que imitam os analógicos, não somente números gigantes.
Latifúndio
O que não dá para reclamar é de espaço. Afinal, a F-150 é tão grande por fora quanto por dentro. Mesmo quem se senta atrás tem espaço suficiente para cruzas as pernas, mesmo se um motorista alto estiver no comando. O piso é um pouco mais algo do que o da RAM 1500, deixando o joelho mais alto o que o necessário.
Há de pontuar, contudo, que o espaço lateral é generosíssimo. Mesmo três pessoas atrás podem se sentar de maneira bem confortável. Destaco ainda o console central com possibilidade de virar uma mesa de trabalho – mas somente na versão Platinum. Portas dianteiras e traseiras contam com uma enormidade de porta-objetos.
Debaixo do banco traseiro é possível criar um cesto para levar mais coisas, enquanto na frente a F-150 traz dois porta-luvas. Na caçamba, ela conta com 1.370 litros de capacidade. O que chama atenção é a presença de um degrau com corrimão para facilitar o acesso. Há ainda tomada 110V, tampa traseira com abertura e fechamento elétrico e muitas luzes.
Um dos itens mais interessantes da Ford F-150 é um sistema de iluminação que cria uma zona 360° iluminada ao redor da picape. Ela usa os faróis e luzes posicionadas na lateral e na caçamba para deixar todos os seus arredores iluminados.
Coração de Mustang
Um dos pontos mais legais dessas caminhonetes gigantes como Ford F-150 e RAM 1500 é a presença de motores usados em muscle-cars. No caso do modelo do oval azul, há um borbulhante V8 5.0 de 405 cv e 56,7 kgfm de torque pareado a um câmbio automático de dez marchas.
É exatamente o mesmo conjunto mecânico do Mustang, mas a entrega é diferente. Ainda que ele produza o mesmo (maravilhoso) som, na F-150 o motor tem entrega de torque mais linear e contínua, sem o grande impacto causado pelo Mustang em acelerações. Ele acorda cedo e tem torque vasto em boa parte da faixa de giro, mas é bruto perto em alta rotação.
A transmissão vai nessa mesma tocada, fazendo trocar praticamente imperceptíveis e rápidas. O que surpreende nessa transmissão é a velocidade de trocas. Ela é capaz de saltar de sexta para terceira marcha em apenas um pisão no acelerador. Ao mesmo tempo, faz o motor V8 ronronar em baixo giro ao engatar a décima marcha.
Tamanho é documento
Sendo um carro tão grande quanto a F-150 é, se espera um comportamento não tão dócil assim. Só que a caminhonete surpreende. Ela é confortável mesmo em terrenos difíceis, absorvendo bem os impactos e imperfeições do solo. No asfalto, essa suspensão mais macia faz com que a carroceria aderne e incline bem em curvas em velocidade mais alta.
Por sorte, ela conta com diversos sistemas eletrônicos de auxilio a condução e que deixam tudo no lugar. O controle de tração e de estabilidade entra bem cedo, deixando claro que o motorista não pode abusar demais ou será penalizado. Mesmo escorregadas mais sutis no cascalho já são interrompidas pela eletrônica da picape em nome da segurança.
O interessante é que ela traz diversos modos de condução diferentes que permitem, até mesmo, andar na areia sem a menor dificuldade. Existem modos específicos também para avanço lento em rocha ou para andar na lama. Nessas situações, ela altera a resposta de acelerador, entrega de torque, funcionamento da tração e dos controles eletrônicos, além de funcionamento do câmbio.
Passe de mágica
Mas um dos sistemas eletrônicos da Ford F-150 que mais merece destaque é, sem dúvida, o auxílio de reboque. Confesso que nunca havia rebocado nada na vida e que a lógica de ter de virar o volante para o lado oposto do que quer que o trailer vá, mexe com a mente, mas a caminhonete faz tudo praticamente sozinha.
É preciso apenas controlar a picape por um rotor no painel e deixar que o volante gire para os lados sozinho. Ele controla automaticamente através de sistemas eletrônicos o quanto é preciso virar o volante e em quais direções para que o trailer vá ao ponto determinado pelo motorista. E há ainda botões para controlar o freio do reboque. Genial.
Veredicto
Assim como sua rival RAM 1500, a Ford F-150 é cara, desnecessariamente enorme, potente e muito refinada. Mas é justamente esse seu charme. Melhor de dirigir que a rival, mais sofisticada e tecnológica, além de 200 kg mais leve por conta do extensivo uso de alumínio. Para quem tem espaço na garagem, é um versátil carro de luxo e divertidamente potente.
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