Com mais de 15 SUVs compactos diferentes no mercado, sendo só dentro da Stellantis 5 rivais, a Citroën precisava fazer algo de diferente com o C3 Aircross para ter alguma chance no segmento. Até porque dentro de casa já tem o C4 Cactus. Por isso, abriu mão de refinamento em favor do espaço e praticidade em seu novo SUV.

Se você busca um SUV compacto refinado e mais requintado que um hatch compacto mundano, melhor ir para a Jeep atrás do Renegade ou até dos Fiat Pulse e Fastback. A pegada do Aircross é oferecer espaço para a família, em uma embalagem simples, mas com melhorias substanciais frente ao C3 hatch.

Passado que honra

Se há algo que a Citroën (a exceção dos primeiros modelos C) sempre soube fazer bem é suspensão. E esse é o maior triunfo do C3 Aircross. O SUV consegue ser confortável, o mesmo tempo em que transmite uma nítida robustez ao rodar. Sua altura elevada de 23,3 cm em relaçã;o ao solo só reforça isso.

Ao passar por buracos ou asfalto ruim, o Aircross filtra muito bem as imperfeições, transmitindo pouca vibração. O conjunto também trabalha em silêncio, tendo bom isolamento de ruídos. Mas há de pontuar que ele não ficou bobo nas curvas, muito pelo contrário, se mantém estável e sólido.

A direção elétrica foi recalibrada por conta do novo motor. Ela ficou mais firme e rápida em relação ao C3. Por conta disso, o Citroën C3 Aicross é um carro mais gostoso de dirigir que o hatch. Justamente por rodar mais sólido, ter direção mais precisa e com peso correto, além de uma ótima suspensão.

Prata da casa

Outro ponto no qual a Stellantis acertou foi no uso do já conhecido motor 1.0 três cilindros turbo. Esse motor ainda tem no Peugeot 208 a sua melhor aplicação, mas o Aircross não fica muito para trás. Tal qual a Fiat Strada, ele faz o espirro do turbo presente nas acelerações, até porque o isolamento acústico de motor é fraco.

Completo oposto à performance, já que as acelerações são vigorosas e fortes, entregando rapidamente todos os seus 130 cv e 20,4 kgfm de torque. Em retomadas mais fortes, o C3 Aircross chega a desligar o ar-condicionado para recuperar força, mas não é algo que de fato atrapalhe.

Há de ser elogiado também a transmissão automática do tipo CVT. Em geral, esse tipo de câmbio tira o prazer ao dirigir por produzir o famoso efeito enceradeira, por segurar a rotação do motor lá em cima, enquanto o carro acelera. No conjunto feito pela Fiat, não.

Há trocas simuladas a meio pedal, enquanto a progressão de rotação e torque é bem linear. A 110 km/h, o C3 Aircross se mantém a baixos 2 mil giros, com o motor trabalhando em silêncio. Mas, basta pisar forte no acelerador para que o câmbio acorde o motor muito rápido.

Ainda é um C3

Por dentro, se você esperava muito mais sofisticação que um C3, sinto muito. Agora a Citroën é a marca de entrada da Stellantis, apelando para um lado mais simples e barato. E isso se reflete na cabine. Ela tem plásticos de qualidade, mas nenhum acabamento macio ou até mesmo tecido nas portas.

Para tentar dar um charme a mais no Aircross em relação ao C3, a marca deu a ele uma faixa de plástico marrom texturizado no lugar do acabamento mais simples do hatch. Há ainda painel de instrumentos totalmente digital de verdade, o qual, mesmo sendo simples, é 100 vezes melhor que o cluster inaceitável do hatch.

Algumas economias continuam. A chave ainda é mais simplória do que a de uma moto, enquanto os botões de comando do vidro traseiro seguem posicionado terrivelmente no console central, o botão Sport é mal localizado e não há indicação no painel de quando ele está ativo.

Carro de sete

Um dos pontos que a Citroën reforçou bem na apresentação do C3 Aircross foi o espaço interno. De fato, ele é um carro grande por dentro. O motorista tem a liberdade de sentar-se mais alto ou baixo conforme a preferência, enquanto o passageiro fica exageradamente alto.

Atrás, a versão de cinco lugares se aproxima de um Nissan Versa no quesito espaço. Como os bancos são mais altos, o joelho fica bem dobrado e há área de sobra para as pernas, o mesmo vale para a cabeça. Mesmo no Aircross de sete lugares, com segunda fileira 10 cm levada para a frente, o espaço ainda é muito bom.

Quem senta lá no fundão é que sofre. O piso é muito alto, fazendo com que as pernas fiquem desconfortavelmente altas, enquanto o banco é pequeno e duro. Ainda assim, eu com 1,87 m de altura caibo lá sem raspar a perna no banco dianteiro. Pessoas menores conseguirão andar por lá tranquilamente.

A única questão é que o sistema de acesso ao espaço extra foi mal feito. Há uma cordinha de qualidade duvidosa que destrava o banco da fileira do meio. O problema é que ela libera o encosto e o assento, fazendo com que eles dobrem de qualquer maneira e deem a impressão de que vão quebrar.

Na ultima fileira, temos dois assentos que pesam somente 7kg, além de poderem ser removidos com uma facilidade impar. Para colocá-los no lugar novamente, a operação é fácil, mas costuma dar errado várias vezes justamente por não travar o encosto dobrado.

Veredicto

É preciso olhar o Citroën C3 Aircross por dois prismas. Primeiro como um SUV compacto: ele é o único de sete lugares, custa pouco (clique aqui e veja os preços), tem porta-malas enorme, além de ótima suspensão e conjuntos mecânico competente.

Só que ele deve muito em refinamento de acabamento e  itens em relação aos rivais. Não ter ar-condicionado digital, sensor de estacionamento dianteiro, qualquer tipo de sistema de segurança além de quatro airbags (só a partir do Feel Pack) também é outro pecado causado pelo preço baixo.

Mas, o segundo prisma, e o mais importante, é enxergá-lo como rival da Chevrolet Spin. Ele tem a mesma robustez da minivan, interior mais espaçoso e veste o estilo de SUV tão desejado pelo mercado. É simples como ela, mas mais prazeroso ao volante e moderno. E, nesse território, há mais vantagem do que os bancos a mais.

Acha que o Citroën C3 Aicross vai vender bem? Conte nos comentários.

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