Ser o SUV compacto de luxo mais vendido do Brasil há anos não é tarefa fácil. Afinal, a categoria é recheada de modelos com qualidades ímpares e atraentes. Mas esse posto é do BMW X1 há tempos e a marca alemã não pretende abrir mão desse status. Especialmente agora com o reforço da terceira geração.
Inicialmente importado da Alemanha em um lote de 700 carros, o BMW X1 passará a ser produzido localmente a partir do mês que vem. Mas isso significa algum tipo de mudança? Não. O que a marca alemã precisou fazer nele, já foi feito. E a evolução foi mais do que significativa.
Em um test-drive entre São Paulo e o interior do estado, a BMW levou jornalistas (o que inclui esse que vos escreve) para rodar com o X1 nas duas versões com motor 2.0 turbo. O test-drive começou com o 20i X-Line de R$ 328.950 e terminou com o 20i M Sport de R$ 349.950. Mecanicamente eles são iguais, mas a lista de equipamentos difere.
Era uma vez o etanol
Nessa nova geração, por conta da evolução do motor 2.0 quatro cilindros turbo, o BMW X1 deixa de ser flex. O motor agora entrega 204 cv e 32,6 kgfm de torque, um aumento expressivo frente aos 192 cv e 28,5 kgfm que o modelo entregava em sua geração anterior. E isso refletiu na hora de acelerar.
O X1 tem performance boa, entregando acelerações vigorosas e, em momento algum, nega fogo. O problema é que nessa categoria existe o Audi Q3 com um 2.0 turbo de 231 cv e 34,7 kgfm. O Audi é mais arisco, forte e entrega toda sua potência e torque de maneira mais instantânea que o BMW.
O que acaba por roubar parte do ímpeto do BMW X1 é sua transmissão automatizada de dupla embreagem. Em geral, esse tipo de câmbio é bem rápido, mas não é o que acontece nele. As trocas são um tanto quanto lentas, ficando nítido o momento que uma marcha é desengatada e a próxima entra. São alguns preciosos segundos que o tornam mais lento.
As reduções também são um tanto quanto teimosas. É preciso pressionar bem o pedal do acelerador e esperar para que o câmbio acorde. Isso faz a transmissão não parecer uma dupla embreagem. Mas não é algo que tire o brilho do BMW X1 em performance, até porque é um carro que segue muito bom de dirigir.
Tração dianteira?
Assim como a transmissão parece algo que não é, a tração do BMW X1 segue pela mesma tocada. Ele é um carro de tração dianteira, mas parece quase um integral. Isso porque tem comportamento extremamente neutro e centrado. Algo que mostra que a BMW segue prezando (e muito) pela diversão ao volante. Mesmo em seus modelos de entrada. A direção é pesadinha e firme, além de rápida. Junte isso ao volante de aro grosso e ficará claro que o posicionamento do X1 é mais pelo lado da esportividade.
A suspensão vai na mesma toada, com acerto mais firme que faz com que o modelo tenha comportamento mais próximo de um hatch. Essencialmente urbano, o BMW X1 reclama ao passar em buracos e superfícies ruins, mas brilha em curvas fechadas e estradas sinuosas – como a dos Romeiros onde testamos o SUV compacto.
Evolução e revolução
Externamente o design do BMW X1 parece (e é) uma evolução do modelo anterior, tendo fortes influências do Série 3. Ele ficou mais agressivo e quadrado, com capô mais reto, grade frontal grande e faróis agressivos. A traseira tem um toque de Volvo XC60, mas as lanternas com efeito 3D são bonitas. Mas é por dentro que o jogo mudou (e muito).
Diferentemente do e do Mercedes-Benz GLA, que ficam devendo em acabamento perante seus irmãos maiores, o BMW X1 segue a escola do Volvo XC40 e entrega o mesmo nível de qualidade, mas em uma embalagem menor. A cabine é bem moderna, recheada de couro e materiais macios ao toque. Destaque para o conjunto de telas de alta qualidade para a central multimídia e o painel de instrumentos digital.
Ambas são configuráveis e customizadas, além de ter excelente qualidade e pouca intrusão de reflexos. A central multimídia está mais fácil de operar, ainda que agora obriga o motorista a controlar o ar-condicionado por ela. Comandos físicos ficam no console central elevado e flutuante, inspirado no iX. Aliás, um dos detalhes mais legais.
O curioso é que a BMW colocou uma saída de ar única abaixo da central multimídia e duas do lado do passageiro em uma fileira que lembra muito o . Espaço interno é surpreendentemente bom para essa categoria, chegando no nível do Volvo XC40 – especialmente na traseira. Porta-malas leva 476 litros.
A BMW restringiu a troca de marchas no volante (ou qualquer tipo de atuação do motorista nas trocas) para a versão M Sport. Além disso, só o modelo mais caro tem piloto automático adaptativo. São dois itens que deveriam estar presentes em todas as versões.
Como forma de compensação, há o genial sistema de GPS por realidade aumentada presente no X1 M Sport. Ele funciona somente com o sistema de navegação nativo, que tem mapas com indicações confusas e gráficos bem datados. Seria perfeito se houvesse integração entre esse sistema e o Google Maps ou Waze via Android Auto e Apple CarPlay.
Veredicto
A renovação total vinda antes dos concorrentes fará com que o BMW X1 consiga se manter em destaque no mercado. Só que manter a liderança não será nada fácil, frente a forte concorrência. A vantagem, é que ele tem um conjunto mecânico competente, interior refinado e espaçoso, além de ser bom de dirigir.
Tecnicamente, o X1 agora tem um certo complexo de Toyota Corolla. Ele não é exatamente o melhor do segmento e só leva vantagem, frente aos rivais, em alguns elementos específicos. Contudo, não possui nenhum defeito latente ou ponto que seja pior que seus concorrentes. É no equilíbrio que o BMW vai conquistar mais clientes e se manter no topo.
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