Fazia tempo que um carro não mudava completamente minhas percepções de algo. O último a fazer isso foi o Porsche Taycan, que fez com que tudo que dirigi depois dele parecesse lento. E agora, mais um carro estragou completamente meus referenciais, mas dessa vez no quesito luxo e tecnologia: o BMW i7.
Custando R$ 1.282.950, ele é o maior, mais sofisticado e mais caro que a BMW vende no Brasil. Além disso, é o único sedã full-size elétrico à venda no Brasil, até porque e Audi A8 não têm versão elétrica nem aqui, nem lá fora. O máximo que se aproxima dele é o BYD Han, mas que custa 1/3 e proporcionalmente menos refino.
Sutileza elétrica
Se no passado, o BMW Série 7 já teve motores V12, V8 e até híbrido, nessa nova geração o sedã gigante passou a ser totalmente elétrico. E é incrível como esse tipo de motorização faz muito mais sentido para um carro como ele. Diferentemente de um M2, de um M3 ou até do X7, que precisam do motor a combustão para seu público, o i7 combina com elétrico.
Isso porque, no segmento de ultra luxo, onde ele está, tudo tem relação com a sutileza e conforto. Por isso, ter motorização elétrica permite a ele cortar com todas as vibrações e sons do motor, além de apresentar muito mais linearidade e conforto para quem está à bordo.
São 544 cv e 76 kgfm de torque providos por dois motores elétricos. O dianteiro vem com 258 cv e 37,2 kgfm, enquanto o traseiro entrega 313 cv e 38,7 kgfm. Como resultado, mesmo tendo o mesmo peso de uma caminhonete grande (2.640 kg), ele chega aos 100 km/h em 4,7 segundos, exatos 0,2 segundo mais rápido que o Porsche 718 Cayman.
Ou seja, mesmo gigantesco, ele é rápido (e muito). Em modo Sport, o BMW i7 acelera brutalmente, assustando a qualquer um que está dentro dele. É capaz de grudar nos bancos, tanto que as almofadas dianteiras inflam e apertam as suas laterais para te manter no lugar. E essa aceleração é completamente instantânea por conta do motor elétrico.
Adaptação da regeneração
Segundo a BMW, são 479 km de autonomia totalmente elétrica já medida no pessimista ciclo INMETRO. Já no ciclo WLTP, exageradamente otimista, são 625 km. Ou seja, na vida real, você rodará fácil mais de 550 km com o BMW i7. Só que essa autonomia pode ser inteligentemente estendida.
Isso porque o modelo usa os radares na dianteira para ativar o modo regenerativo de maneira automática. Ou seja, sem carros à frente, ele deixa sem regeneração, sendo muito proveitoso em estradas e ruas rápidas. Já com uma lombada, sinal, ou veículo próximo, ele pode elevar a regeneração ao nível máximo completamente sozinho.
O sistema funciona de maneira tão natural e prática, que se torna uma extensão do cérebro do motorista. Só que a atuação é até mais rápida que o seu pé, permitindo que o i7 torne a condução ainda mais fácil e relaxada. É uma tecnologia que auxilia sem te domar ou te tornar um coadjuvante ao volante. Afinal, é um BMW, feito para dar prazer ao dirigir.
M Sport
Um ponto interessante sobre a dirigibilidade dos BMW no Brasil, é que a marca sabe que seus clientes gostam da veia esportiva. Por isso, a marca optou por trazer o Série 7 elétrico com o pacote M Sport. Isso resultou em uma suspensão pneumática mais firme e responsiva nas curvas, eixo traseiro esterçante e direção mais firme.
Mesmo sendo um carro pensado para ser usado por quem o compra no banco de trás, ao assumir o volante, ele mantém os bons predicados da marca. É ágil, firminho e esportivo na medida do possível. Sem contar que traz uma quantidade até absurda de tecnologia, com destaque especial para o piloto automático adaptativo praticamente autônomo.
Cavalheirismo
Uma das coisas que mais impressiona no BMW i7 é a quantidade de tecnologia. As quatro portas podem ser abertas eletricamente ao apertar de um botão. O fechamento também é automático e pode ser controlado até pelo motorista na central multimídia. Obviamente o porta-malas também tem abertura elétrica.
Dentro, o modelo tem acabamento excelente, feito com couro de carneiros portugueses os quais oferecem uma pele mais macia e sedosa. Como destaque, ele conta com uma larga faixa em plástico que imita os cortes de diamante. Atrás dele, um painel de LED deixa a ambientação da cabine diferente ao toque de um botão.
No teto, filetes de LED deixam o vidro iluminado de maneira genial durante a noite, enquanto de dia há tratamento térmico para evitar torrar a cabeça dos passageiros que queiram andar com as cortinas abertas. Por falar nisso, ele conta com persianas nos vidros traseiros para criar mais privacidade à segunda fileira.
Além disso, as cortinas permitem assistir melhor à tela de 31,3 polegadas instalada no teto. A tv retrátil é touch, conta com internet à bordo e acesso a todos os streamings e redes sociais, como TikTok e YouTube. No BMW i7 é possível controlá-la também por duas pequenas telas instaladas nas portas traseiras.
Esses pequenos displays concentram todos os comandos que o passageiro traseiro pode desejar: desde a regulagem dos bancos, massagem, ventilação individual, controle das cortinas e até da central multimídia para escolher suas músicas. O motorista controla a central de tela excelente por toque ou pelo touchpad no console central.
Modo Lounge
Como a ideia é sempre priorizar quem senta atrás, um dos elementos mais legais do BMW i7 é o modo Lounge. Ao apertar de um botão, ele joga o banco dianteiro do passageiro o mais longe possível para que o passageiro traseiro possa ficar em posição praticamente deitada. É o jeito mais confortável que já me sentei em um carro.
O encosto do banco dianteiro ganha um degrau para apoiar os pés e a parte inferior do assento traseiro se levanta para apoiar as panturrilhas. Junte isso à almofada extra macia no encosto e poderá tirar um cochilo com extrema facilidade. Nesse modo, a televisão assume outra inclinação para facilitar a visualização.
Veredicto
Carro igual ao BMW i7 simplesmente não existe no Brasil. Afinal, não temos outro sedã elétrico tão grande e tão refinado quanto ele. Seus rivais diretos usam motor a combustão e estão uma geração atrás dele. É tamanho nível de refinamento, que até os faróis tem cristais Swarovski em sua composição.
Enorme, luxuoso, confortável, mas ainda prazeroso ao dirigir, o BMW i7 constrói um novo referencial sobre o que é um modelo topo de linha de uma marca. Prova disso, é que, mesmo custando o tanto que custa, a marca alemã projeta vender 40 carros ainda neste ano. E, ao que tudo indica, será pouco para o que ele oferece.
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