Já imaginou ir de Campinas até São Paulo gastando só um litro de combustível? Pois isso é possível se você tiver um Volkswagen XL1. Apesar de não estar mais em produção, ele é até hoje o carro mais econômico do mundo. A VW prometia um consumo de 100 km/l, mas será que ele conseguia ser tão frugal? Conheça a história do modelo.
Neto de Porsche
Ferdinand Piëch, neto de Ferdinand Porsche, foi presidente do grupo Volkswagen entre 1993 e 2002. Nitidamente um homem que nasceu com gasolina nas veias. Durante sua gestão, o grupo Volkswagen fez suas maiores loucuras, tudo a mando de Piëch. Uns dos maiores exemplos é o primeiro hipercarro da história, o Bugatti Veyron.
Piëch também idealizou o Volkswagen Phaeton. Só que esse modelo foi um verdadeiro surto coletivo, onde a VW achou que alguém compraria um sedã gigante de luxo da mesma marca do Gol ao invés de preferir um Mercedes-Benz. Mas a maior ousadia de Piëch, falecido em 25 de agosto de 2019, foi o desafio de fazer um carro que conseguisse fazer 100 km/l.
A ideia surgiu em 2002 com um protótipo, evoluiu em 2009 com um segundo modelo e depois mais um conceito em 2011. Mas a Volkswagen queria colocar esse carro nas ruas. Então, em 2013 no Salão de Genebra, foi apresentado o Volkswagen XL1. Tudo bem que ele ainda aparenta ser um carro conceito, mas acredite, foi vendido assim.
A Volkswagen garantiu uma produção limitada a 200 unidades: todas foram fabricadas entre 2013 e 2016 na Alemanha. A ideia era fazer do XL1 o carro mais econômico do mundo, o que deu certo. Prova disso, é que ele tem esse título até hoje mesmo tendo saído de linha há seis anos. Mas como a Volkswagen fez isso? Com muita tecnologia.
Mais fraco que um Gol 1.0
Para quem reclama de carros 1.0 três cilindros, melhor sentar na cadeira pois o XL1 tem motor ainda menor e menos potência que um Gol da locadora. Montado em posição central-traseira como um esportivo, o motor dois cilindros 0.8 diesel tem só 47 cv. Só que ele é ajudado por um motor elétrico de 27 cv. A combinação total é de 68 cv e 14,3 kgfm de torque.
Apesar de mais fraco que um Gol 1.0, o hatch compacto veterano não faz o que o XL1 consegue. O exótico Volkswagen tem consumo declarado de 111 km/h… mas com um truque: é preciso carregar as baterias a cada 75 km para atingir tal nível. Mesmo assim o XL1 impressiona.
Na vida real, ele faz 50 km/l usando somente o motor diesel, o que já é um feito. No combinado dava algo perto de 75 km/l. Nem um VW up! TSI faz isso, ou um Toyota Corolla híbrido. E o mais legal é que o tanque tem só 10 litros de capacidade. Contudo, como o motor elétrico roda sozinho 50 km com carga total, dá para chegar a 400 km de autonomia.
O Renault Duster turbo que testamos aqui no Auto+ não chega a isso com etanol mesmo tento um tanque de 46 litros. Segundo dados do Inmetro, o SUV roda até 386 km com etanol na estrada. Ele só consegue rodar mais quilômetros que o Volkswagen XL1 se usar gasolina, atingindo 497 km de autonomia na cidade e 529 km na estrada.
Truques do vento
Mas nem tudo é sobre o motor, a Volkswagen precisou extrair o máximo de eficiência possível no XL1 para chegar a tamanha frugalidade. O câmbio é um automatizado de dupla embreagem DSG com sete marchas. A transmissão foi toda reprogramada para extrair o máximo de eficiência possível em detrimento da performance.
Além disso, a construção do XL1 tem materiais super leves como fibra de carbono e magnésio. Cada grama importa e por isso ele pesa só 795 kg. É menos que um Renault Kwid, que registra na balança 818 kg em sua versão mais leve, a Zen de entrada.
E o Volkswagen XL1 não é um carro tão pequeno assim. São 3.90 m de comprimento, exatos 2 cm a mais que um Volkswagen Gol. Na largura, são 1,66 m, a exata largura de um Fiat Mobi. Já os minúsculos 1,11 m fazem do XL1 um carro 16 cm mais baixo que um Porsche 911.
A carroceria foi pensada para cortar o vento. Por isso, o Volkswagen XL1 tem câmeras no lugar dos retrovisores, não tem vidro traseiro e as rodas de trás são cobertas. Até o desenho da traseira tem um formato bem específico para direcionar o ar melhor, fazendo o XL1 praticamente rasgar o vento.
Rearranjo do up!
Os primeiros protótipos nem interior com acabamento decente tinham, mas a versão de produção era mais refinada. O Volkswagen XL1 volante com base reta, mas o mesmo miolo do up! e também roubou do hatch também o painel de instrumentos e a péssima central Maps and More. Vários botões de outros carros da marca também estavam lá.
Mas o curioso era o layout dos bancos. O passageiro se sentava um pouco recuado em relação ao motorista para ter espaço para as pernas. Porta-malas? Esquece. E também não se preocupa muito com performance, porque o XL1 demora 11,9 segundos para chegar aos 100 km/h.
O Volkswagen XL1 foi vendido somente na Europa, mas hoje algumas raras unidades aparecem no mercado de usados e vendem num piscar de olhos. Afinal, o Volkswagen XL1 é até hoje o carro mais econômico do mundo e um dos mais raros modelos da marca alemã.
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