Na virada dos anos 1990 para os 2000, a Ford já trabalhava na quinta geração do Fiesta. O modelo deixaria de ser totalmente global para ganhar duas variantes: o europeu, mais sofisticado, e o brasileiro de baixo custo. Só que o projeto Amazon também provia dois derivados, que resultaram em EcoSport e Fusion.

A ideia da Ford era surfar na onda das minivans, que eram um enorme sucesso na Europa e no mundo todo. A princípio, teríamos uma minivan de baixo custo, enquanto o Velho Continente receberia um modelo mais sofisticado – igualzinho ao que acontecia com o Fiesta. Mas a divisão brasileira viu uma oportunidade diferente.

Enquanto lá fora as minivans eram moda, aqui os carros aventureiros começaram a se tornar desejados. A Fiat vendia Palio Adventure a rodo, as marcas estavam criando versões aventureiras de seus carros e o Volkswagen CrossFox estava prestes a ser tornar até música. Por isso, a marca resolveu transformar o derivado do Fiesta em SUV. E isso deu muito certo.

Só que o outro lado da moeda, nós brasileiros não conhecemos. Por isso, hoje vamos falar da história do Ford Fusion, o irmão nada aventureiro do EcoSport e que não chegou a um terço do sucesso que o modelo SUV desenvolvido no Brasil chegou. Aliás, vale lembrar, o Fusion europeu e o americano coexistiram, mas nunca no mesmo mercado.

Fusão

Ainda que o nome Fusion tenha sido cogitado para o Focus e tenha se tornado popular no sedã médio da Ford, ele foi usado de fato pela primeira vez nesse derivado do Fiesta. Até porque a ideia da Ford era juntar a praticidade de um hatch compacto, com elementos de SUVs, além da aura das minivans.

É por isso que o Fusion tem para-lamas bem marcados e capô reto como o EcoSport, para lembrar os SUVs. Só que uma área envidraçada até exagerada e tampa traseira enorme como maneira de se conectar às minivans. O fato de ser derivado do Fiesta e trazer consigo vários componentes do hatch faz a junção final.

Sem estepe na traseira, o Fusion era um pouco menor que o Eco. Ele marcava 4,02 m de comprimento contra 4,22 m do SUV brasileiro. A largura era de 1,71 m, enquanto a altura registrava 1,50 m. Enquanto a largura era igual, ele era bem mais baixo que o EcoSport, isso porque o modelo brasileiro tinha suspensão alta e marcava 1,67 m nesse quesito.

Mais opções que o EcoSport

Enquanto no Brasil o Ford EcoSport foi vendido com motores 1.0 Supercharger, 1.6 ou 2.0 aspirados, o Ford Fusion teve mais opções. As versões de entrada vinham com um fraquíssimo 1.25 quatr cilindros aspirado de 75 cv que fazia com que o modelo demorasse 15,5 segundos para chegar aos 100 km/h.

Depois vinha o motor 1.4 de 80 cv com opção de câmbio automatizado de embreagem única Durashift. Depois, o motor 1.6 de 101 cv era igual ao do EcoSport brasileiro, tendo opção manual ou automática de quatro marchas. O Fusion ainda oferecia motor diesel 1.4 de 68 cv ou 1.6 de 90 cv.

Toque extra

O estilo do Ford Fusion foi revisto em 2005 com uma reestilização leve, mas que seguia as mudanças que a marca fez no Fiesta europeu. O para-choque trouxe novas linhas, com destaque para um recorte em L, enquanto a seta passou a ser laranja na dianteira. Atrás, ele ganhou mudanças na lanterna, que deixaram bem parecidas com as do Fiesta brasileiro.

Assim como o interior do Fiesta e do EcoSport foi alvo de reclamação com a estreia da quinta geração e a Ford sofisticou um pouco mais as coisas com a reestilização, o mesmo foi aplicado na Europa. O Fusion ganhou uma faixa em borracha no painel, que poderia ter cor contrastante.

Além disso, trazia itens que nunca foram oferecidos aqui, como ar-condicionado digital e bancos dianteiros com aquecimento. Durante seus dez anos de carreira, ele foi produzido na Alemanha, enquanto na Índia foi usada a planta de Chennai. Por lá, foram feitos o EcoSport de segunda geração, Ka (chamado de Figo) e o Ka Sedan encurtado, o Figo Aspire.

Enquanto o EcoSport teve a chance de uma nova geração, se tornando um produto global, o Ford Fusion morreu em 2012 para dar lugar à B-Max, uma minivan de verdade. Na época, os monovolumes ainda faziam sucesso e a Ford se arriscou com uma minivan derivada do Fiesta para brigar com Opel Meriva e Citroën C3 Picasso. Só que, dessa vez, com jeito de minivan, não de SUV não aventureiro.