O paradoxo do brasileiro é pedir produtos globais, mas comprar modelos desenvolvidos localmente. Prova disso é que a maioria dos carros mais vendidos do Brasil ou são projetos nacionais ou modelos internacionais modificados.
Por isso, reunimos aqui nessa lista dez carros que nasceram para ganhar o mundo, mas precisaram passar por alterações especificamente para poder agradar ao brasileiro. Foram desconsiderados carros totalmente desenvolvidos para o Brasil baseados em modelos internacionais.
Volkswagen up!
Sabia que o up! brasileiro é maior, leva mais gente e é mais potente que o up! europeu? Quando foi lançado no Brasil, o subcompacto ganhou 14 cm a mais no comprimento, porta-malas ampliado e tanque maior, tudo para agradar ao brasileiro que, ainda assim, o enxerga como pequeno demais.
Além disso, o up! brasileiro (até a linha 2021) carrega cinco passageiros, contra quatro do modelo europeu. Fomos o primeiro país a ter o up! TSI, além disso, todas as versões vendidas no Brasil são mais potentes que as da Europa. Salvo o esportivo up! GTI, que infelizmente nunca veio ao Brasil. Outra mudança é a tampa traseira de metal, enquanto o europeu usa uma peça de vidro.
Citroën C4 Cactus
Nascido como um hatch médio com pretensões de SUV, o Citroën C4 Cactus virou um utilitário esportivo de fato aqui no Brasil, provando que além do visual os carros podem ser modificados no Brasil a ponto de mudar de categoria. Ganhou suspensão mais alta, pneus maiores e alguns pequenos retorques no para-choque para parecer mais robusto. Além disso, perdeu os airbumps na parte inferior da porta.
Por dentro, o Cactus brasileiro tem painel completamente diferente, com layout menos exótico e materiais mais baratos. Exemplo do plástico duro no lugar dos revestimentos de couro. Ao menos o nosso Cactus abre o vidro traseiro (o europeu é basculante) e tem motores mais potentes que lá na Europa, que usa somente o 1.2 aspirado, enquanto por aqui temos um 1.6 turbo.
Jeep Renegade [divulgação]
Jeep Renegade
Verdadeiramente global, o Jeep Renegade é um dos raros casos de carros que são pouco modificados nos países em que são vendidos. Mas há uma peculiaridade muito específica do SUV compacto que ocorre apenas no Brasil. Lá fora, as versões com tração dianteira têm para-choque maior com estilo mais agressivo, enquanto os modelos 4×4 têm para-choque recuado.
Essa estratégia era feita aqui no Brasil até a última reestilização, quando a Jeep decidiu que todas as versões deveriam adotar o para-choque recuado em virtude da reclamação dos donos do Renegade Flex que raspavam a dianteira em saídas de garagem. Agora ficou praticamente impossível diferenciar um Flex de um Diesel sem ver o logotipo atrás.
Peugeot 2008
Meses antes da segunda geração do Peugeot 2008 ser apresentada na Europa, a filial brasileira da marca francesa decidiu reestilizar o modelo antigo, que, até então, ainda fazia parte do grupo de carros globais da PSA. Agora faz parte do grupo de carros modificados pela PSA para o nosso mercado quase que exclusivamente. Inspirado no 3008, o SUV compacto ganhou novo para-choque com desenho mais esportivo e grade frontal modificada, além de para-lamas com plásticos pretos.
A maior diferença, no entanto, foi a adaptação que a Peugeot do Brasil teve de fazer na estrutura do 2008 para que o motor 1.6 THP coubesse no cofre junto à transmissão automática de seis marchas, uma combinação inédita no SUV. Orgulhosamente, temos o Peugeot 2008 de primeira geração mais potente do mundo com 173 cv.
Hyundai Creta
Projeto nascido na Índia e vendido também na China, o Hyundai Creta recebeu diversas modificações para o mercado brasileiro. O modelo ganhou dianteira levemente alterada, com para-choques exclusivos, interior mais sofisticado e lanternas traseiras exclusivas.
A primeira (e única) reestilização que o Creta sofreu no Brasil trouxe novos para-choques traseiros e dianteira com visual único. Ironicamente, a lanterna traseira de LED do Creta indiano passou a ser usada pelas versões mais caras do modelo brasileiro após a última atualização visual, algo que havia sido abandonado por lá.
Volkswagen T-Cross
Apresentado simultaneamente na Europa, Brasil e China, o Volkswagen T-Cross de cada uma dessas regiões é diferente. O nosso é maior, tem entre-eixos de Virtus (igual ao chinês), mas tem detalhes visuais que o diferenciam totalmente do restante dos modelos com mesmo nome.
O VW T-Cross do Brasil tem para-choques mais robustos, com mais área em preto, grade frontal diferenciada e um leve retoque na iluminação das luzes traseiras. Por dentro o visual é bem semelhante entre os T-Cross, contudo, o modelo brasileiro é o único com a VW Play (a partir da linha 2021) ou suporte de celular acima da central multimídia (antes da linha 2021).
Renault Sandero
Apesar de ser um dos carros globais da Aliança Renault-Nissan, pouco a pouco, a Renault do Brasil deixou o Sandero modificado a ponto de dar a ele uma cara única. A primeira geração, desenvolvida aqui, era praticamente idêntica como Renault e como Dacia. Quando a reestilização chegou, o nacional ganhou alguns toques visuais exclusivos, o que evoluiu na segunda geração.
Mesmo comparando a outros Renault Sandero do mundo, o brasileiro sempre teve lanterna traseira exclusiva. A reestilização trouxe lanternas espichadas de LED e tampa traseira que só existe por aqui. Além disso, o nosso Sandero é o único em todo o mundo a obrigatoriamente combinar câmbio automático a um visual aventureiro que não é da versão Stepway.
Volkswagen Polo
Tal qual o T-Cross, o Volkswagen Polo brasileiro faz parte da lista de carros globais modificados com algumas peculiaridades no Brasil. O para-choque, por exemplo, recebeu abertura de ar maior e uma sessão em plástico preto que faz com que essa abertura pareça ainda maior. Além disso, há um vinco acima da luz de neblina ausente no Polo do outro lado do oceano.
Somente no Brasil, o Volkswagen Polo traz saída de ar-condicionado para o banco traseiro. Contudo, não temos o tão desejado teto solar que está disponível na Europa. Outra diferença é que o nosso Polo esportivo, o GTS, tem motor 1.4 TSI de 150 cv, enquanto os europeus são agraciados pelo Polo GTI com motor 2.0 TSI de 200 cv.
Ford Ka
Vendido na Índia como Ford Figo e por um tempo na Europa como Ka+ (leia-se Ka Plus, não Ka Mais como era o antigo nome do Ka Sedan), o Ford Ka brasileiro é mais sofisticado que seus irmãos em alguns pontos. O nosso hatch usa as maçanetas do Fiesta, vem com seta no retrovisor e não traz um inexplicável cromado na ponta do para-lama.
Além disso, somente no Brasil, o Ford Ka é equipado com transmissão automática atrelada a um motor 1.5. Lá na Índia o maior motor é um 1.2 e não há opção sem pedal de embreagem. Em contrapartida, algumas versões do Ka lá foram são vendidas com teto solar, bancos com aquecimento e resfriamento, além de alguns mimos eletrônicos.
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