Com o objetivo de popularizar a eletrificação no Brasil, , e passaram a vender modelos semi-híbridos por aqui. Contudo, todos com o logotipo Hybrid na carroceria. Carros como os CAOA Chery Tiggo 5X, Tiggo 7 e Arrizo 6, além dos Kia Stonic e Sportage são anunciados como híbridos, assim como os recém-lançados Pulse e Fastback da Fiat. Mas são híbridos de verdade?
Aqui no Auto+ já mostramos um que existem atualmente. Você confere abaixo essa explicação. Mas basicamente no mercado brasileiro contamos hoje com híbridos leves / semi-híbridos (MHEV), híbridos tradicionais (HEV), híbridos plug-in (PHEV) e elétricos com autonomia estendida (REEV).
Basicamente um carro híbrido usa dois ou mais motores em sua composição, em geral um a combustão e outro elétrico. É essencial que para ser classificado como um híbrido de verdade que os dois motores consigam mover as rodas do carro. Se os dois motores não movem as rodas sozinhos, não pode ser chamado de híbrido.
Por isso um híbrido leve ou um elétrico com autonomia estendida não são híbridos de fato. Mas por quê? Pois nesses dois sistemas o motor sobressalente não move as rodas. No híbrido leve, o elétrico substitui o alternador e o motor de partida, diminuindo o esforço do sistema a combustão: jamais movendo as rodas.
No elétrico com autonomia estendida (REEV), o motor a combustão só funciona como gerador de energia para o sistema elétrico e não é conectado às rodas. Por isso até são considerados como carros elétricos.
O que diz a lei?
A norma ABNT NBR 16.567 considera carros MHEV como híbridos de fato. Isso porque, segundo a lei, se 2% da energia do combustível consumido no ciclo de ensaio, for feita por energia elétrica, o carro é híbrido. Mesmo indo contra o conceito de híbrido, que é mover as rodas com os dois motores.
Contudo, conforme procedimentos contidos nesta norma, o sistema é recarregado por um gerador elétrico a bordo, uma fonte externa de energia elétrica, ou ambos. No modo híbrido de operação, o motor de combustão e o sistema elétrico podem ser utilizados sequencial ou simultaneamente para a propulsão.
Entretanto, a lei no Brasil diz que o Renault Kwid é considerado um SUV. Isso se deve por medidas de ângulo de entrada, saída e altura em relação ao solo. Porém, ele não passa de um hatch subcompacto. Ainda assim, a lei o classifica como um SUV por conta disso.
Com isso, podemos ver que a lei brasileira, devido a parâmetros, classifica um carro de maneira errônea. No caso dos sistemas MHEV, como o motor elétrico não move o carro sozinho, não deveria ser considerado híbrido. Contudo, um auxílio (muito bem vindo). Mas a lei os vê como híbridos.
Os CAOA Chery são híbridos de verdade?
Respondendo diretamente à pergunta, não: exceto um deles. A CAOA Chery usa nos Tiggo 5X Pro Hybrid, Tiggo 7 Pro Hybrid e Arrizo 6 Pro Hybrid o sistema híbrido-leve. Ou seja, eles não são carros híbridos de verdade. Isso porque esses quatro modelos são híbridos leves.
O quarteto combina motor 1.5 quatro cilindros turbo flex a um pequeno motor elétrico que substitui o alternador. Essa unidade é alimentada por uma segunda bateria de 48V que é independente da bateria do motor a combustão. O elétrico tem 10 cv e 4,08 kgfm de torque e serve para reduzir o esforço do motor 1.5 turbo e não move as rodas.
Com isso, o conjunto total tem 160 cv e 25,5 kgfm de torque. Nas versões não eletrificadas de Tiggo 5X Pro e do Arrizo 6 hpa 150 cv e 21,4 kgfm de torque. O Tiggo 7 Pro usa motor 1.6 mais potente e transmissão de dupla embreagem na versão sem o sobrenome Hybrid, enquanto o Sport tem o mesmo 1.5 turbo, mas sem auxílio elétrico.
Resumindo: o pequeno motor elétrico dos CAOA Chery Hybrid elevou a potência e o torque, além de ter reduzido o consumo de combustível em 13%, mas sem mover sozinho as rodas. Esse é o papel do sistema híbrido leve: deixar o carro mais econômico, mas não usar a eletricidade para movê-lo.
E os carros da Kia?
Além da CAOA Chery, a Kia também vende carros com o logotipo Hybrid na traseira, mas que não são híbridos de verdade. Trata-se do Stonic e do Sportage. Ambos contam também com o mesmo tipo de sistema semi-híbrido ou híbrido leve.
O Stonic é um SUV compacto de porte semelhante ao . Ele usa motor 1.0 três cilindros turbo de 120 cv e 20,4 kgfm de torque com auxílio de um pequeno motor elétrico que substitui o alternador e o motor de partida.
O sistema é igual ao do Kia Sportage, só que o motor é maior. Sai de cena o 1.0 três cilindros turbo, entra um 1.6 quatro cilindros turbo de 180 cv e 27 kgfm de torque. Nos dois SUVs, a transmissão é automatizada de dupla embreagem com sete marchas.
Mas e os Fiat?
Os mais recentes a figurar nesta lista, os carros da Fiat também são apenas semi-híbridos e tem sistema ainda mais simples do que os da CAOA Chery e da Kia. Pulse e Fastback contam com uma arquitetura de 12V na qual o motor elétrico substitui o motor de partida o alternador.
O 1.0 T200 três cilindros turbo mantém os mesmos 130 cv e 20,4 kgfm de torque da versão não eletrificada. Além disso, o motor elétrico só reduz o consumo e emissões do 1.0 turbo, mas jamais atua nas rodas. Por isso, nem Pulse Hybrid, muito menos o Fastback Hybrid deveriam ser considerados híbridos de verdade.
Entretanto, o sistema da Fiat auxilia muito no consumo, mesmo sendo simples. O consumo com etanol no Fastback tem redução de 9,8%. Contudo, com gasolina, a melhora é de 10,5% Já o Pulse baixa em 10,7% seu consumo, tanto com etanol, quanto com gasolina.
CAOA Chery tem um híbrido de verdade
Além de oferecerem os modelos semi-híbridos, CAOA Chery e Kia contam com carros híbridos de verdade. Ao contrário da Fiat, que somente tem um 100% elétrico como próximo passo da eletrificação dentro da gama. No caso da chinesa, o Tiggo 8 Pro PHEV é o único híbrido de verdade.
Enquanto os demais modelos da CAOA Chery levam o nome Hybrid na tampa traseira e não são híbridos de verdade, o Tiggo 8 PHEV estampa com orgulho sua sigla eletrificada. Até porque, o Hybrid está lá escondido na sigla Plug-in Hybrid Electric Vehicle (PHEV).
Aqui o conjunto é totalmente diferente. O Tiggo 8 Pro tem também motor 1.5 quatro cilindros turbo, mas que bebe apenas gasolina – enquanto Tiggo 5X Pro Hybrid, Tiggo 7 Pro Hybrid e Arrizo 6 Pro Hybrid são flex. São 156 cv e 23,45 kgfm providos somente pelo motor a combustão. O conjunto total rende 317 cv e 56,6 kgfm.
Contudo, ele combina a força do 1.5 turbo a dois motores elétricos. Esses sim, capazes de mover o Tiggo 8 Pro sozinhos por até 77 km. Por ser híbrido do tipo plug-in, o Tiggo 8 Pro é recarregável na tomada ou se carregar sozinho através do motor a combustão. Demora de 6 horas (tomada 220V a 3 horas (wallbox de 350V).
Kia também traz eletrificação de verdade
Já do lado Kia, temos o Niro. O SUV de porte compacto usa motor 1.6 quatro cilindros aspirado de 105 cv e 14,7 kgfm de torque ligado a um motor elétrico de 44 cv e 17,3 kgfm de torque. Diferentemente do Tiggo 8 Pro, o Kia Niro é híbrido do tipo tradicional (HEV), ou seja, não precisa de tomada.
O modelo marca bons números de consumo, com 19,8 km/l na cidade e 17,7 km/l na estrada com gasolina. Por ser um sistema híbrido mais simples, basta colocar gasolina no tanque que o próprio Kia Niro lida com a função de carregar o sistema e economizar combustível.
Você acha justo que Kia, Fiat e CAOA Chery usem o logo Hybrid em carros com sistema MHEV? Conte nos comentários.