Não é segredo para ninguém que a Toyota criou o Corolla Cross com o mesmo objetivo da Volkswagen com o Taos: roubar do Jeep Compass o título de SUV médio mais vendido do Brasil. Ainda que as apostas digam que nenhum deles fará isso, os dois vão disputar carro a carro a segunda colocação.
Portanto: qual dos estreantes é uma real alternativa ao Jeep Compass? Convocamos as versões topo de linha de cada um em um embate que promete esquentar o asfalto. O Volkswagen Taos chega na versão Highline com motor turbo por R$ 181.79. Já o Toyota Corolla Cross se apresenta na híbrida XRX por R$ 188.590. Quem leva?
A mais e a menos
No embate com o Jeep Compass, o Volkswagen Taos saiu na vantagem do preço, aqui ele larga novamente à frente. Para se equiparar ao Corolla Cross em equipamentos, é preciso colocar o teto solar opcional da versão Highline que deixa o SUV da VW nos R$ 187.905, menos que os R$ 188.590 do Toyota.
O Corolla Cross XRX não tem opcionais, mas chega aos R$ 190.540 graças a cor Azul Netuno, exclusiva da variante topo de linha. Outra vantagem do modelo da Volks é que as três primeiras revisões são gratuitas, comodidade não oferecida pela Toyota apesar dos custos baixos nas paradas obrigatórias.
Em questão de itens de série, eles se equiparam bastante. Taos e Corolla Cross trazem faróis full-LED e piloto automático adaptativo, mas os do Volkswagen são mais sofisticados. Há também acendimento automático dos faróis, chave presencial, câmera de ré, sensores de estacionamento, farol alto automático, retrovisores elétricos com rebatimento e luz ambiente.
Há ainda central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay (sem fio só no VW), alerta de ponto cego, alerta de tráfego cruzado, frenagem autônoma de emergência, ar-condicionado digital de duas zonas, bancos dianteiros elétricos (com aquecimento no Taos), rodas de liga-leve de 18 polegadas e seletor de modo de condução.
A mais que o Toyota, o Volkswagen tem carregador de celular por indução, monitoramento de pressão dos pneus e verotização de torque. O Corolla Cross da o troco na presença de faróis de neblina.
Mundos totalmente diferentes
Para muitas pessoas, o comparativo se encerra aqui. Corolla Cross e Taos tem conjuntos mecânicos tão diferentes que são capazes de mudar o resultado da disputa dado o perfil do usuário. O Toyota é híbrido e tem câmbio CVT ser marchas simuladas. Já o Volks usa motor turbo e transmissão automática tradicional.
No lado japonês são 122 cv e torque desconhecido (a Toyota não divulga o número total, mas o 1.8 flex entrega 14,5 kgfm e o elétrico tem 16,6 kgfm). Na média com etanol o Taos marcou 9 km/l durante nossos testes contra 16,1 km/l do Corolla – basicamente o dobro. Vantagem do sistema híbrido.
Na hora de dirigir, os perfis são igualmente opostos. O Corolla é para quem busca conforto e serenidade. Ele entrega suspensão macia, direção leve e precisa, além de um rodar mais pacato e silencioso. A transmissão CVT só irrita em acelerações mais fortes ao fazer o motor gritar sem parar.
Já o Taos é para o tipo de motorista que gosta de dirigir. Ele é mais envolvente, gostoso e levemente (bem levemente) apimentado. Tem direção excessivamente leve em modo normal, sendo recomendado o uso em Sport para um peso adequado. A suspensão é mais firminha e adepta a curvas mais fortes.
Além disso, o motor turbo entrega mais força e acelerações mais animadas. São 150 cv e 25,5 kgfm providos pelo motor 1.4 TSI quatro cilindros turbo. Uma vantagem de 27 cv perante o Toyota, mas sem o advento do torque instantâneo do motor elétrico. Ao menos ele é econômico para seus padrões, bastante elástico e com boas respostas.
A transmissão automática de seis marchas do Taos tende a reduzir de marcha desnecessariamente na estrada. Mas faz trocas relativamente suaves, mas sentidas na medida para instigar uma condução mais divertida. O câmbio do Corolla parece entender melhor o que o motor quer fazer do que o do Taos.
Um pênalti inaceitável no Toyota é a presença de freio de estacionamento no pé. Um recurso vindo das caminhonetes norte-americanas dos anos 1990. Custava colocar um freio elétrico como no Taos? Afinal, nos EUA o SUV japonês conta com esse recurso.
Súditos do Compass
Além de terem sido criados para bater o Compass, Corolla Cross e Taos tem uma característica em comum: passam vergonha perto do Jeep quando o assunto é cabine. O Volks abusa dos plásticos de qualidade apenas ok e tenta disfarçar sua simplicidade com telas bonitas, uma faixa de suede no painel e luzes ambientes elegantes.
Já o Corolla entrega uma cabine mais refinada, com mais partes macias ao toque e encaixes mais bem cuidados. Ainda assim, está bem aquém do modelo da Jeep nesse quesito. O que atrapalha ele também é o excesso de simplificações quando comparado ao seu irmão sedã. Contudo, nitidamente bem superior ao Volkswagen.
Em questão de espaço interno, ponto para o Taos. A segunda fileira de bancos acomoda melhor três pessoas do que no modelo japonês. Tanto em distância para as pernas, quanto para os ombros, passageiros traseiros reclamarão menos de passeios longos a bordo do SUV turbinado do que na cabine do híbrido.
Em porta-malas, o Volks também ganha com vantagem de 58 litros (440 litros no Toyota contra 498 litros) de capacidade. As tecnologias oferecidas pelo Taos também são melhores na cabine. A central da Toyota tem tela ruim, menus confusos e é lenta. Já o alemão tem tela de ótima definição, rápida e cheia de recursos. Pena que trave excessivamente.
O painel de instrumentos dos dois é digital, mas de maneiras diferentes. O Corolla Cross apresenta alguns mostradores analógicos em par com a bela tela central de ótima definição e usabilidade facilitada. Já o Taos tem somente mostradores digitais e permite personalização até das cores das bordas dos instrumentos.
Veredicto
Mais barato, mais espaçoso, com mais itens de série e mais gostoso de dirigir, o Volkswagen Taos se sai vitorioso desse comparativo. A disputa com o Toyota Corolla Cross foi menos suada que a com o Jeep Compass, onde o alemão só venceu porque é mais de R$ 10 mil mais barato. Aqui os preços são mais próximos, mas o VW está alguns degraus acima.
O resultado desse comparativo só se inverte totalmente se consumo de combustível for sua prioridade máxima. Nesse caso, fica impossível para qualquer concorrente atual do segmento de SUVs médios bater o Toyota Corolla Cross. Afinal, fazer 19,1 km/l com gasolina, é algo que só ele faz.
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