Quando os rumores sobre o Chevrolet Onix RS começaram, muitos apostavam em uma versão verdadeiramente esportiva do hatch compacto. A fórmula esperada era motor turbo, possivelmente até o 1.2 do Tracker, com câmbio manual. Mas não foi isso que veio.
O Onix RS seguiu exatamente com o mesmo conjunto mecânico das versões mais vendidas: 1.0 três cilindros turbo de 116 cv e 16,8 kgfm de torque. Mas, enquanto a versão LTZ tem opção de câmbio automático ou manual, ambos seis marchas, o esportivo ficou só com câmbio automático. Mas isso tira o brilho do Onix RS?
Esportividade das aparências
Seguindo o modismo criado há alguns anos pelos Fiat Sporting, os Volkswagen Pepper e até mesmo os Chevrolet Effect, o Onix RS se veste de esportivo, sem necessariamente ser um. A versão traz grade frontal exclusiva com contornos em preto brilhante, faróis com máscara negra e filete de LED da versão Premier.
Adicione à conta saias laterais, rodas de liga-leve de 16 polegadas em preto, aerofólio traseiro, falso extrator de ar, além de teto e retrovisores pintados em um belo tom preto metálico. A gravatinha da Chevrolet é preta nessa versão em todos os lugares, menos, ironicamente, na chave.
O efeito causado é bem interessante pois torna o Onix RS um carro mais interessante que o LTZ e até mesmo que o Premier, mesmo não contando com lanternas de LED. Ele parece de fato esportivo e diferente dos outros Onix, sem passar por perto da cafonice como fazia o Effect.
Por dentro essa temática se repete para disfarçar o acabamento simples do hatch compacto. Ele tem teto e colunas em preto, painel texturizado no mesmo tom, detalhes em vermelho nas saídas de ar e painel de instrumentos exclusivo. Há couro nas portas e volante com costuras vermelhas.
Já os bancos misturam couro nas laterais com tecido ao centro. Algo que ajuda a dar um visual mais interessante à cabine e evitar que seu corpo esquente demais depois se sentar no carro deixado ao sol por horas – algo bem comum diga-se de passagem.
Atributos conhecidos
Um dos grandes trunfos do Onix é seu espaço interno muito bem aproveitado. O motorista tem uma boa amplitude de regulagens para o banco e o volante, permitindo abrir espaço para quem se senta atrás não passar aperto.
Os passageiros traseiros contam com teto alto, boa distância para os joelhos, mas perderam a entrada USB para carregamento. Aliás, a Chevrolet deu uma boa capada em itens de série do Onix quando lançou a linha 2021. A central multimídia, por exemplo, não tem mais Wi-Fi fora da versão Premier.
Ao menos a tela cresceu para 8 polegadas, ganhou conexão sem fio com Android Auto e Apple CarPlay, além de mais velocidade e qualidade nos gráficos. A versão RS não tem ar-condicionado digital, chave presencial ou carregador de celular por indução, itens que seriam bem-vindos pelos R$ 75.790 que ele cobra.
Ao menos traz vidros elétricos nas quatro portas com função um toque, retrovisores elétricos, sensor de ré, direção elétrica, faróis com projetores, luz diurna de LED, seis airbags, controle de tração e estabilidade.
Jogo de ganha e perde
Se não tivemos acesso a motores mais potentes no Onix RS ou ao câmbio manual presente na versão LTZ, ao menos o modelo continua com um conjunto eficiente e bastante econômico. Durante nossos testes, ele registrou 18 km/l na estrada com gasolina e 14,5 km/l com etanol.
Na cidade a média com gasolina ficou em 12 km/l e com etanol sempre acima de 10 km/l. Isso não significa, porém, que o Onix seja um carro lento. Pelo contrário. Tem boas repostas e acelera até os 100 km/h em 10,1 segundos sem esforço. É possível até mesmo escutar o turbo enchendo em acelerações mais vigorosas.
A transmissão ajuda nesses momentos, ao trocar de marcha rápido e fazer as reduções necessárias sem vacilar na hora de uma ultrapassagem. Só que ironicamente, quando o pé alivia a força no pedal, o câmbio passa a trabalhar com letargia.
As trocas ficam lentas, o Onix segura mais rotação do que precisava e vez ou outra produz fortes e inexplicáveis trancos – os mais comuns vêm quando ele vai trocar de marcha e o pé sai do acelerador. Não há indicação no painel de que marcha ele está e o modo manual só funciona com o câmbio em L e com uma péssima tecla na lateral da manopla de câmbio.
Aparências enganam
Se o visual do Onix RS sugere uma tocada mais esportiva e claramente o motor mostra que é, apesar do temperamento apimentado de leve por causa do turbo, não é esportivo, outros atributos do hatch seguem por essa pegada. Ele foi pensado desde o começo para ser um carro confortável, como a maioria dos Chevrolet.
A suspensão é bem controlável nas curvas, mas nada que permita se empolgar demais. Está longe da firmeza de um Volkswagen, por exemplo, muito menos de um carro com pegada esportiva. E isso é bom para o conforto na cidade e no dia-a-dia. Da até para andar em terrenos ruins ou com pouco asfalto sem parecer torturar o Onix.
Nessa mesma pegada está a direção elétrica. Ela é leve em todas as situações, especialmente em âmbito urbano. É fácil e requer pouco esforço manobrar o Onix RS. Na estrada, ela ganha um pouco mais de peso, mas nada extraordinário. Ao menos conseguem manter o hatch firme na trajetória.
Há de notar também o bom trabalho da GM em conter as típicas vibrações do motor 1.0 três cilindros. O Onix é uma das referências na categoria nesse quesito, o que faz com que, muitas vezes, pareça mais com um motor de um cilindro a mais.
Veredicto
Não espere do Chevrolet Onix RS um esportivo como é o Renault Sandero RS ou o Volkswagen Polo GTS. E está tudo bem. A pegada dele é outra. Voltado ao conforto, a versão RS preza pelo bom custo-benefício, boa lista de itens de série e um visual mais interessante que todas as outras variantes do Onix. De brinde ainda é econômico, espaçoso e confiável.
Mas, sinceramente, custava ter opção de câmbio manual para pelo menos ficar um pouco mais esportivo?
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