Com reflexos do final da pandemia, preços subindo mais rápido do que uma lagartixa na parede e mercado pouco aquecido, o ano de 2022 não foi fácil para a indústria automotiva. Mas alguns carros fracassaram feio no ano que se foi, perdendo muito mais mercado que a média do segmento. Já outros viram suas vendas caírem pela metade.

Ao analisar que fechamos o ano de 2022 com 1.957.699 unidades vendidas contra 1.974.402 unidades de 2021, era de se esperar a manutenção da média de vendas da maioria dos modelos. Isso se fato aconteceu com diversos carros e categorias, mas outros escorregaram feio e preferem não lembrar que o ano passado existiu.

Quem mais sentiu esse impacto foi o Honda Civic, que despencou praticamente 90% suas vendas. Ele fechou 2021 com 18.949 unidades emplacadas, enquanto no ano passado foram somente 1.996 carros vendidos. Isso só se deu por culpa do encerramento da produção do modelo no Brasil. Caso contrário, a queda não seria tão forte.

A espera de uma mudança

Tirando o Civic da disputa dos carros que fracassaram em 2022, por ele ter saído de linha, o mais prejudicado foi o Volkswagen Virtus. Com queda de 72,64% nas vendas, ele despencou de 20.563 unidades emplacadas em 2021 e das posições mais altas na categoria, para pífias 5.626 unidades.

O caso do Virtus é explicado pela paralização da produção por conta da crise dos semicondutores e a espera pela reestilização do modelo. A mesma situação aconteceu com o Polo, o qual escorregou de 19.196 unidades em 2021 para 8.195 unidades em 2022 – resultando em uma queda de 57,31%.

A situação dos Volkswagen deverá se resolver neste ano por dois motivos. O Polo já foi reestilizado, a produção voltou a todo vapor e agora ele é feito em duas fábricas. Além disso, o Polo Track tomou o lugar do Gol, o que fará com que o modelo seja vendido fortemente a frotistas. O Virtus, sem o Voyage, também terá o mesmo movimento, além de visual novo.

Outro modelo que foi prejudicado pela mudança de geração é a Ford Ranger. Ela caiu 30.23% nas vendas em relação a 2021. Foi de 20.499 unidades para 14.302 unidades em 2022. Compradores já sabem que a nova geração chega em 2023 e preferiram esperar pela renovação da caminhonete média.

Outra que deverá mudar esse ano e também caiu é a Chevrolet S10. A caminhonete média da GM foi de 35.045 unidades para 27.128 unidades, representando uma queda de 22,59%. A S10, contudo, conseguiu se manter como segunda picape média mais vendida do Brasil, enquanto a Ranger perdeu seu terceiro lugar para a Mitsubishi L200 Triton.

Renovações recentes com efeito

Esperando só o anúncio oficial da Renault para morrer, o Captur caiu 63,79% na comparação de 2021 com 2022, segundo levantamento do Auto+ baseado em dados fornecidos pela . O SUV havia emplacado 8.304 unidades antes, o que já era um resultado fraco para o segmento, mas que piorou para 3.007 unidades no ano passado.

O que não se explica é a queda brusca de 30,46.% do Jeep Renegade. Recentemente renovado e finalmente com o motor certo para ele, o SUV compacto perdeu a liderança do segmento para o Chevrolet Tracker e ainda amargou uma diminuição de 73.913 unidades em 2021 para 51.398 unidades em 2022.

Sua prima Fiat Toro também caiu, mas menos que ele. Foram 30,08% de recuo nas vendas, descendo de 70.890 unidades em 2021 para 49.567 unidades em 2022 – mesmo depois de ter passado também por uma renovação recente e finalmente adotado um motor que faz jus à picape em potência. Contudo, os problemas apresentados pelo 1.3 turbo podem ter afastado os compradores de ambos os modelos.

No segmento de caminhonetes temos também a . Ela foi reestilizada em 2022, o que pode ter atrapalhado as vendas do modelo antigo. Só que, mesmo depois da mudança, o fôlego não foi retomado e ela enfrentou uma queda de 26,63% nas vendas. Saiu de 11.816 unidades para 8.669 unidades, ficando abaixo da linha de 10 mil emplacamentos junto da VW Amarok.

Por fim, o Nissan Versa aguarda reestilização e sofre de um mal, que é positivo, dependendo do ponto de vista. O sedã compacto vende igual água no México e está se dando bem nos EUA. Como resultado, não sobram unidades para a Nissan enviar ao Brasil, que recebeu só 5.656 Versa em 2022 contra 11.088 carros em 2022 – uma queda de 48.99%.

Menção honrosa

Entre os carros que fracassaram em 2022, duas menções honrosas precisam ser feitas. O conseguia manter seu ritmo de vendas constante – baixo, mas insistente. Só que o modelo morreu sem completar um ano de vida, mostrando que ele se tornou um dos carros mais fracassados que já foram produzidos no Brasil.

Outro modelo que merece ser citado é a . A ideia da Stellantis era interessante: pegar a Fiat Fiorino, que está sozinha no segmento, vendendo 20.954 unidades ao longo de 2022 e trazer para a Peugeot. Assim, aumentaria o volume de vendas da marca francesa. 

Só que a Partner emplacou só 2.154 unidades ao longo de 2022 – praticamente 10% do volume da Fiorino. Vale ressaltar que o modelo foi lançado em maio, ou seja, pode se redimir ao longo de 2023 e não ficar mais entre os modelos fracassados no Brasil. 

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