AFun Casino Online

Avaliação

BYD Song Plus e a saga dos 1.000 km com um tanque | Avaliação

 Se a BYD diz que o Song Plus é capaz de fazer 1.000 km com um tanque, coloquei ele à prova em um desafio até o sul do Brasil

BYD Song Plus [Auto+ / João Brigato]
BYD Song Plus [Auto+ / João Brigato]

Enquanto as montadoras brigam para fazer carros elétricos rodarem mais de 500 km com uma carga, os híbridos estão indo cada vez mais longe. Único carro híbrido da marca no Brasil, o BYD Song Plus é um dos raros carros que, na teoria, roda 1.000 km com um tanque. Mas, por R$ 229.990, ele é realmente capaz de fazer isso?

Com o desafio em mãos, levei o BYD Song Plus em uma viagem de Campinas, interior de São Paulo, até Foz do Iguaçu. Um caminho que passava dos 1.000 km e de 12 horas de estrada, indo direto. Será que ele seria capaz de cumprir tal trajeto? Direto e reto e com spoiler: sim e surpreendentemente quase fez isso duas vezes.

Mil, mas com sufoco

Parti de São Paulo, onde fica a assessoria de imprensa da BYD, rumo a Campinas com tanque cheio e baterias totalmente carregadas. A promessa era de 1.069 km de autonomia, mas não chegou a tanto. A viagem de fato, só começaria no dia seguinte, mas já com a quilometragem contabilizado o caminho entre São Paulo e Campinas.

BYD Song Plus [Auto+ / João Brigato]
BYD Song Plus [Auto+ / João Brigato]

As baterias não foram carregadas em nenhum momento do percurso. Mas não foi necessário. Afinal, o BYD Song Plus possui um sistema inteligente de carregamento próprio das baterias. Batizada de SOC, a tecnologia permite configurar pela central multimídia o máximo de bateria que o SUV deve gastar ou se carrega sozinho.

Mesmo rodando muito, ele mantem carga de bateria em níveis sempre aceitáveis para caso de emergência. Com isso, diferentemente de híbridos plug-in como os Volvo ou o Jeep Compass 4xe, que gastam toda bateria para depois usar o motor a combustão, o BYD controla o uso mais inteligente dos dois motores.

BYD Song Plus [Auto+ / João Brigato]
BYD Song Plus [Auto+ / João Brigato]

Qual motor for mais eficiente naquele momento, ele usa, sempre dando um jeito de também carregar as baterias. Isso foi essencial nos últimos quilômetros. Até porque, ao baixar de 50 km de autonomia, ele apaga o mostrador de autonomia, e um suor frio escorre pela sua testa de desespero. E faltavam ainda 72 km até o posto.

Só que, por sorte, o Song Plus havia manejado o carregamento para ter eletricidade de sobra para rodar mais alguns quilômetros mesmo com o tanque completamente seco. Quando a gasolina acabou e ele (e eu, além de toda família no carro) entrou em desespero, a eletricidade foi usada para bater os 1.000 km.

BYD Song Plus [Auto+ / João Brigato]
BYD Song Plus [Auto+ / João Brigato]

Como o resultado final, ele rodou os 1.000 km exatamente antes de parar para abastecer. Confesso que cheguei ao posto com 999,7 km e fiquei rodando em torno da bomba até virar. Na ida, essa quilometragem foi atingida com o Song Plus em modo Eco. Na volta, em modo normal, foi a 879 km com um tanque.

Troca de forças

Justamente por conta desse uso mais inteligente dos motores, o BYD Song Plus tem momentos diferentes de performance. São 179 cv e 32,2 kgfm de torque no eletrico, contra 110 cv e 13,8 kgfm no 1.5 quatro cilindros aspirado a gasolina. Juntos, podem entregar 235 cv 40,8 kgfm de torque.

Em modo eco, ele privilegia o motor elétrico a maior parte do tempo, mas roda com performance mais próxima às do motor 1.5 aspirado. Não chega a ser manco, mas o rendimento não empolga e é preciso um pouco mais de coragem e distância para poder fazer ultrapassagens.

BYD Song Plus [Auto+ / João Brigato]
BYD Song Plus [Auto+ / João Brigato]

Já em modo normal, a performance é verdadeira. O Song Plus acelera muito bem, mesmo carregado com cinco pessoas e muambas compradas no Paraguai. A promessa é de 8,9 segundos para atingir aos 100 km/h, mas a empolgação da família Brigato nas compras jogou o tempo para cima disso devido ao lastro.

A transmissão é do tipo eCVT, na qual maneja bem o controle dos motores. É possível ouvir o 1.5 roncando um pouco mais alto e em descompasso com a velocidade, especialmente nos momentos de carregamento. A transição entre os modos elétrico, híbrido e a combustão não é percebida em momento algum.

BYD Song Plus [Auto+ / João Brigato]
BYD Song Plus [Auto+ / João Brigato]

Com o bom isolamento acústico no interior, poucos vão notar quais são os motores funcionando. Além disso, há pouco ruído de vento, mesmo em alta velocidade, garantindo um conforto acústico bom para viagens longas que não vão requerer gritaria na cabine para conversar — algo inevitável em famílias italianas.

Acerto oriental

Confesso que uns dos meus grandes incômodos com a maioria dos carros chineses é a suspensão. Em geral, são carros molengas como pudim e que não respondem bem em buracos. Mas esse não é o caso do BYD Song Plus. Ele tem um acerto mais firme e coerente com o gosto do brasileiro. Mas não ainda a firmeza europeia que gostamos.

BYD Song Plus [Auto+ / João Brigato]
BYD Song Plus [Auto+ / João Brigato]

O Song Plus é voltado ao conforto, se mantendo suave na estrada e comportado na cidade. Não é um ávido fazedor de curvas, inclinando um pouco mais e não demonstrando muita desenvoltura nesse quesito, mas nada que seja perigoso ou até incomodo. É neutro, dentro do seguro para qualquer tipo de motorista.

Só que a grande questão está nos buracos. O BYD Song Plus até absorve bem as pancadas do nosso asfalto de centavos. O problema é que os pneus, do tipo run-flat, batem duro. Passar em um buraco mais rápido resultará em um a batida seca e a sensação de que furou o pneu, mas não é isso que acontece. 

BYD Song Plus [Auto+ / João Brigato]
BYD Song Plus [Auto+ / João Brigato]

A direção tem a mesma lógica, sendo leve e de assistência bem presente para o conforto ao rodar. Ela tem ajuste Conforto e Sport, mas em ambas as reações são bem rápidas. Ou seja, o típico comportamento dos carros chineses, não se repete no BYD Song Plus.

Tecnologia acertada

Trazido ao Brasil em versão topo de linha, o BYD Song Plus vem lotado de itens de série voltados a tecnologia. Conta com piloto automático adaptativo de funcionamento suave e preciso, aliado ao sistema de manutenção em faixa que atua vibrando o volante suavemente como alerta ao motorista.

[Auto+ / João Brigato]
[Auto+ / João Brigato]

Há ainda frenagem autônoma de emergência, alerta de aproximação rápida da traseira (que dispara o pisca alerta), sistema de câmeras 360º, chave presencial, seis airbags, painel de instrumentos totalmente digital, central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay a cabo, porta-malas com abertura elétrica e bancos dianteiros elétricos.

Há ainda aquecimento e resfriamento para os bancos dianteiros, farol full-LED com acendimento automático e assistente de luz alta, teto solar panorâmico, luz ambiente interna, bancos e volante revestidos em couro, vidros elétricos nas quatro portas, retrovisores elétricos e sensor de estacionamento dianteiro e traseiro.

[Auto+ / João Brigato]
[Auto+ / João Brigato]

Existem referências

Se há algo que os carros da BYD acertam muito é no interior. A qualidade do Song Plus é para colocá-lo como referência na categoria, até mais que o GWM Haval H6 e que o Jeep Compass. A exceção da parte inferior e dos detalhes em preto brilhante, a porta é toda macia.

No painel, temos partes em borracha azul marinho junto de faixas em couro bege com costura laranja. Volante também é revestido em couro, assim como boa parte do console central. Os bancos misturam couro azul marinho liso com bege perfurado com costuras laranja.

[Auto+ / João Brigato]
[Auto+ / João Brigato]

Os bancos são muito confortáveis. Fazer mais de 1.000 km em uma viagem e ainda com a tensão da meta em um tanque, a espuma macia e com bom suporte foi a glória das colunas dos cinco passageiros. Como o Song Plus foi lotado o tempo todo, o espaço interno também surpreendeu.

Ninguém reclamou de falta de espaço para as pernas ou até para os ombros, mesmo com pessoas grandes no banco traseiro. No porta-malas são 574 litros, que levaram com folga as malas de todos, mas que voltou no limite por conta da quantidade de muamba. 

Tela da casa própria

Outro ponto no qual o BYD Song Plus manda bem é na qualidade das telas. Feitas pela própria marca, os displays tem qualidade ótima, além de bom brilho para não sofrerem mesmo com sol forte. O painel de instrumentos poderia ter opções de personalização, mas tem instrumentos claros e fáceis de ler.

Já a central multimídia necessita urgentemente de uma atualização. Não quer seja ruim, mas o layout parece de um tablet com sistema Android de uns 7 anos atrás. Ela é relativamente lenta nos comandos e deveria manter os controles do ar-condicionado fixos no canto inferior — mesmo mal que sofre a tela da GWM. As câmeras 360º ajudam bastante, mas a qualidade é apenas ok. 

[Auto+ / João Brigato]

Veredicto

Com o preço antigo, o BYD Song Plus já era uma compra recomendável na categoria. Contudo, agora custando R$ 229.990 e comprovadamente fazendo 1.000 km com um tanque, ele se torna o SUV médio com melhor custo-benefício à venda no Brasil. E ainda com a vantagem de ser híbrido com sistema bem inteligente.

Confortável, bom de andar, refinado, bonito e extremamente econômico, o BYD Song Plus só não é uma alternativa real a uma pessoa que ainda insiste em ser (chata) preconceituosa com carros chineses. Se isso já está no seu passado, coloque o modelo na sua lista de compras se cogita Compass, Corolla Cross ou Haval H6.

[Auto+ / João Brigato]
[Auto+ / João Brigato]

.

.

>>Territory melhorou muito, mas ainda não é um Ford | Avaliação

>>GWM Haval H6 HEV é imbatível nos R$ 200 mil | Avaliação

>>BYD inicia pré-venda do SUV Song L por R$ 170 mil