Muitos defendem que potência é tudo, não é mesmo? Embora já tenha recebido críticas por preferir a Audi RS4 Avant em vez da RS 6 Avant devido ao melhor equilíbrio entre desempenho, usabilidade e experiência de condução, no puramente elétrico Volvo C40 Plus essa sensação voltou à tona.
Ele custa a partir de R$ 359.950 e é construído na fábrica de Ghent, na Bélgica. Esse SUV cupê derivado do Volvo XC40 usa apenas um motor elétrico montado no eixo traseiro, ao contrário do C40 Ultimate, que possui duas unidades movidas a eletricidade, tração AWD (All-Wheel Drive), 408 cv e preço de R$ 418.950.
Concebido realmente para ser um elétrico dentro da estratégia eco-friendly da , o Volvo C40 compartilha a plataforma CMA (Compact Modular Architecture) com o XC40, sendo diferente principalmente pelo caimento suave do teto, como no Audi Q3 Sportback, nos BMW X4 e X6, assim como no precursor dessa tendência, o SsangYong Actyon de 2005.
Tudo é pensado para a eficiência aerodinâmica. Desde a ausência da grade frontal, que denuncia o C40 como um 100% elétrico, ao spoiler montado sobre o teto e o aerofólio no fim do amplo vidro traseiro. De acordo com a Volvo, o coeficiente de arrasto (Cx) é de 0,31, beneficiando tanto o desempenho quanto o alcance livre de emissões.
De uma extremidade a outra, o Volvo C40 mede 4,44 m de comprimento, 1,87 m de largura, 1,59 m de altura e 2,70 m de entre-eixos. Ou seja, em comparação ao XC40 Plus, a diferença está na altura da carroceria de 1,64 m.
Essas medidas contribuem para a habitabilidade do elétrico escandinavo, embora seja ligeiramente menor comparado ao BYD Yuan Plus (4,45 m de comprimento e 2,72 m de entre-eixos) e maior que as dimensões do Renault Megane E-Tech (4,20 m e 2,68 m, respectivamente).
Cabine ecologicamente correta
Uma vez dentro, o refinamento é comum nos modelos da Volvo e o habitáculo utiliza em grande parte materiais reciclados, além dos acabamentos semelhantes a metais serem feitos de plástico.
Ao contrário do que possam imaginar, essa pegada voltada à ecologia em nenhum momento tirou o brilho do luxo tão apreciado e que estamos acostumados a ver em outros modelos, como no 850, no V60 e no S60.
A posição de dirigir é rapidamente adquirida e os confortáveis bancos (os frontais elétricos com memória para o condutor) acomodam e abraçam muito bem o corpo, enquanto a cabine minimalista oferece somente os comandos essenciais. Essa ergonomia ainda é evidenciada pela empunhadura do volante de três raios com regulagem manual de altura e profundidade e os poucos comandos localizados à mão.
O quadro de instrumentos é de 12,4 polegadas e o multimídia vertical de nove polegadas possui sistema operacional Android Automotive, baseado no Google. Intuitivo, caso você tenha uma conta Google, todos os seus aplicativos nativos serão baixados para o carro.
A pegada ecologicamente correta continua no painel com o uso de materiais reciclados e tanto a área texturizada à frente do carona quanto nas laterais de portas revestidas ficam iluminadas à noite, transmitindo ares de sofisticação.
Cerca de R$ 59.000 mais barata que a versão Ultimate, a versão Plus do Volvo C40 não oferece o som da nem o sistema de purificação de ar, por exemplo.
Na segunda fileira de bancos, os passageiros encontram um bom espaço para as pernas e os joelhos, além de saídas de ar dedicadas e tomadas USB-C. Contudo, o túnel central elevado rouba o espaço do quinto ocupante.
Questão de espaço
Embora pessoas de alta estatura não raspem a cabeça por conta do caimento da capota. O teto solar panorâmico possui tratamento contra raios UV, evitando o calor excessivo dentro da cabine.
Do ponto estilístico, a traseira é o grande ponto alto do Volvo C40 Plus, exibindo linhas recortadas e lanternas que invadem a tampa do porta-malas. O compartimento acomoda 413 litros de capacidade (440L no Yuan Plus, 440L no Megane E-Tech e 419L no XC40 Plus).
A tampa possui abertura e fechamento elétrico. Uma pequena área escondida permite levar objetos pequenos e, por ser um modelo 100% elétrico, a ausência do motor a combustão abriu espaço para o compartimento frontal de 21 litros, que pode armazenar o cabo de carregamento.
Dirigibilidade na medida
No começo dessa avaliação, comentei minha preferência pelo Audi RS4 Avant em vez do RS6 Avant e irei mais longe seguindo essa linha. Afinal, dentro da gama 911 da Porsche, a versão GTS é a que entrega um melhor compromisso de custo-diversão em relação ao brutal 911 Turbo S.
Essa analogia reflete muito bem no Volvo C40 Plus. Afinal, com um motor elétrico montado no eixo traseiro, ele entrega boas doses de diversão ao volante sem ser radical demais como o C40 Ultimate, que possui dois motores elétricos (um em cada eixo) e confere números de desempenho dignos de esportivos puro-sangue, com 408 cv e indo de 0 a 100 km/h em menos de cinco segundos.
Na versão C40 Plus, estão disponíveis 238 cv e 47,7 kgfm, permitindo um 0 a 100 km/h em 7,4 segundos, com velocidade máxima de 180 km/h. Não há botão de partida e, para colocar o carro em movimento, basta mover a alavanca seletora de marchas para a posição D (Drive); para desligar, é preciso apertar a tecla P (Parking) e abrir a porta do motorista.
Condução
Ao volante, o C40 Plus entrega reações mais brandas e equilibradas devido ao menor poderio elétrico em relação à opção Ultimate, mas isso tem suas vantagens. A usabilidade fica melhor, enquanto a tração traseira eleva a experiência de condução, dando a sensação de que o C40 Plus é um carro mais controlável, ágil e bom de chão.
Mais forte que o Yuan Plus (204 cv e 31,6 kgfm) e o Megane E-Tech (220 cv e 30,6 kgfm), a relação peso-potência do C40 Plus é de 8,59 kg/cv. Isso joga contra o Volvo, que é o mais pesado deles, com 2.045 kg. Ou seja, uma boa diferença em relação aos 1.700 kg do Yuan Plus e 1.680 kg do Megane E-Tech.
Apesar disso, nas saídas de semáforos, dificilmente um carro a combustão o alcançará, e o único ruído presente é o da rolagem dos pneus de medidas 235/50 R19 no eixo dianteiro e 255/45 R19 atrás.
Nem tudo são flores
As suspensões são firmes e convivem bem em nosso asfalto, mas dependendo do tipo de piso, é possível escutar elas trabalhando, da mesma forma que batidas secas são transmitidas ao passar por buracos mais fundos ou lombadas pronunciadas.
Para quem deseja um elétrico para o dia a dia sem ser um canhão, esse Volvo C40 Plus é uma escolha acertada. Mas, como nem tudo são flores, ele não possui modos de condução, como Eco ou Normal, e algo que leva um tempo para se acostumar é o sistema de regeneração de energia ajustável em três níveis.
Quando desligado, ele deixa o SUV-cupê solto, enquanto na função Automática, por conta de uma atualização recente, o carro faz a regeneração ligado ao controlador de velocidade adaptativo (ACC).
Ou seja, ele faz a recuperação da energia em função do trânsito. Em situação de estrada, sem carros à frente, o sistema deixa o C40 Plus solto para cooperar na eficiência.
A que leva mais tempo de aprendizado é a One Pedal Drive, que possibilita dirigir utilizando apenas o pedal do acelerador. O desconforto é evidente nas desacelerações, apesar de poupar e enviar a energia de volta à bateria de 69 kWh. Outro ponto que me desagradou foi a visibilidade do vidro traseiro, pois o desenho limita o campo de visão, como acontece no Range Rover Evoque.
Indo longe demais?
Durante a nossa convivência, o computador de bordo indicou médias de 6 km/kWh dirigindo em grande parte do tempo no desconfortável modo One Pedal Drive. Com um motor elétrico montado no eixo traseiro e alimentado pela bateria de 69 kWh, o alcance do C40 Plus no ciclo do Inmetro é de até 385 quilômetros.
Para obter um carregamento completo em equipamentos DC de até 200 kW, são necessários 27 minutos, ou em 10 minutos se conquista um alcance entre 80 e 100 quilômetros. Já plugado em estações de 175 kW, são necessários 34 minutos para ir de 10 a 80%, enquanto de 0 a 100% em carregamento rápido AC de 11 kW (Tipo 2) trifásico de 16A são necessárias sete horas.
Veredicto
O Volvo C40 Plus entrega menor potência em comparação ao C40 Ultimate, mas, em contrapartida, é mais dócil, melhor de chão e com melhor convivência. Agrada pela potência na medida certa e pelo design muito bem resolvido, além do interior construído com materiais reciclados.
Embora seja desconfortável guiar com o modo One Pedal Drive acionado, ele é uma opção a ser levada em conta pelos consumidores que desejam um carro puramente elétrico.
Apesar de ser mais caro que o BYD Yuan Plus (R$ 229.800) e o Renault Megane E-Tech (R$ 279.900), está no mesmo patamar de preço do BMW iX1 (a partir de R$ 359.950) e é mais barato que o Mercedes-Benz EQA 250 (R$ 399.999).
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