Pode não parecer, mas já faz um ano que a Ram Rampage é vendida no Brasil. Tanto que, para celebrar essa data, a marca até lançou uma série especial baseada na versão Rebel. A menor das caminhonetes da Ram é um projeto nacional voltado para uma categoria que tem borbulhado, basta ver a quantidade de picapes lançadas nos últimos dois anos, além de renovações de estilo.

E, além disso, o próprio segmento da Ram Rampage está em ebulição. Se antes tínhamos somente Fiat Toro e Renault Oroch, agora temos Ford Maverick e Chevrolet Montana também. Nissan e Volkswagen estão desenvolvendo novas concorrentes, e até mesmo a Ram entrou nele, mesmo sendo conhecida por suas caminhonetes imensas e carregadas do espírito americano.

Portanto, para se destacar, a Rampage precisa de um tempero extra. E ela tem, mas não na versão testada. Isso porque ela foi avaliada na configuração Laramie diesel, hoje tabelada em R$ 265.990. Ela traz debaixo do capô o já conhecido motor 2.0 turbo diesel, de 170 cv e 38,8 kgfm, associado a um sistema de tração integral e câmbio automático de nove marchas.

E por que não há um tempero extra nesta receita? Bem, basta ver qualquer versão da picape com o propulsor 2.0 turbo a gasolina, que extrai 272 cv e 48,8 kgfm de torque. Nesse caso, sim, a Rampage tem um grande diferencial. Mas na versão diesel, nem tanto. E isso, meu caro leitor, você vai entender nos próximos parágrafos.

Convivência com a Ram Rampage Laramie diesel

Antes de mais nada, a Rampage foi um dos carros que mais rodei em testes, chegando a quase 1.000 km. Foram dias agitados por um problema de saúde na família, mas deu até mesmo para fazer uma viagem curta, de cerca de 200 km, para o interior de São Paulo. A parte positiva é que testei ela em quase todos os cenários possíveis. Faltou só uma estrada boa de terra, mas convenhamos que a caminhonete tem um perfil mais urbano.

Alguns dos pontos que mais se destacam nesta picape é a sua posição de dirigir e o excelente acabamento interno. Por ter regulagem elétrica do banco do motorista, é fácil encontrar uma posição excelente, e os ajustes de altura e profundidade da coluna de direção também facilitam essa missão. Por ser quadradona, você guia vendo o capô, o que dá a impressão de que a Rampage é maior do que de fato é. Não é muito diferente de um Jeep Commander, por exemplo.

A qualidade do banco também é boa, apoiando bem o corpo do motorista. Sobre o acabamento, a versão Laramie tem detalhes em um tom caramelo que dão à Ram Rampage um aspecto de carro americano, algo que combina com a pegada da sua fabricante. Há bons materiais na cabine, os encaixes são precisos e o acabamento agrada o olhar e o toque.

Com duas telas grandes no painel, o condutor tem à disposição uma boa central multimídia, de 12,3 polegadas, e o painel de instrumentos digital, com tela de 10,3″. A multimídia tem uma resolução excelente, e funciona bem, principalmente o espalhamento sem fio. O cluster, por sua vez, também agrada, já que lembra bastante o utilizado pela dupla Commander e Compass da Jeep.

A versão testada tinha algumas comodidades a mais, como o banco do passageiro com regulagem elétrica, luz ambiente em LED e som assinado pela Harman Kardon, com 10 alto-falantes e subwoofer. Este é o único pacote de opcionais disponível na versão, chamado de pack elite, e que aumenta o valor em R$ 6 mil.

Desempenho comedido 

Apesar da boa cabine e posição de dirigir excelente, a versão Laramie diesel não consegue ser tão esperta quanto os modelos a gasolina. Isso é previsível, pois a diferença de potência supera os 100 cv. No entanto, o maior problema da versão diesel é que ela não se diferencia tanto em dirigibilidade da Fiat Toro diesel.

Na prática, o desempenho é semelhante, embora o 0 a 100 km/h da Rampage seja 1,5 segundo mais rápido (10,9 s vs. 12,4 s). Mas na vida real isso quase não faz diferença. E com o agravante da picape da Ram ser cerca de 50 kg mais pesada. Embora a potência de ambas seja igual, a Rampage tem um pouco mais de torque, mas isso pouca diferença faz no uso.

Em rodovias, o modelo da Ram demora um pouco mais do que o imaginado para embalar. Isso é sentido principalmente em ultrapassagens. Depois que embala, ela desenvolve bem a velocidade, e ao menos tem uma estabilidade fantástica. O acerto de suspensão é bom, estando na medida, e mesmo chegando perto das duas toneladas, a Rampage se comporta bem nas curvas.

No entanto, todo o fôlego que o modelo a gasolina tem desaparece no modelo diesel. Ao menos, o consumo é bom, tendo média de 13 km/l no teste. Nos dados oficiais, ela faz 9,9 km/l, na cidade, e 12,4 km/l, na estrada.

Equipamentos

A lista de equipamentos desta versão é boa, mesmo não sendo a topo de linha. Além dos itens já citados, e ignorando o pack elite, a caminhonete traz na versão Laramie diesel faróis em full LED com farol alto automático, lanternas em LED, alerta de colisão frontal com frenagem autônoma de emergência e detecção de pedestres e ciclistas, 7 airbags, sistema de monitoramento de ponto cego, assistente de partida em rampa, chave presencial, partida por botão e remota, e freios a disco nas quatro rodas.

Ainda faz parte desta versão o painel de instrumentos digital, de 10,3 polegadas, a central multimídia de 12,3 polegadas com Android Auto e Apple CarPlay, câmera de ré, controle de cruzeiro adaptativo (ACC) com Stop & Go, assistente de descida em declives, rodas de 18 polegadas, protetor de caçamba, sensores de chuva e crepuscular, além dos sensores de estacionamento, sistema de saída de faixa e o detector de tráfego traseiro cruzado.

Porém, mesmo bastante completa, a Ram Rampage Laramie diesel não traz a capota marítima de série. Para quem usa caminhonetes, sabe que este item faz falta, principalmente na hora de viajar. Só é possível comprá-lo como acessório, o que é uma pena. Poderia vir de série, como é na Toro.

Espaço limitado

Para ter direito ao motor diesel, a caçamba leva até 1.015 kg de carga, e tem 980 litros de capacidade. No entanto, mesmo tendo 2,99 metros de entre-eixos, a caminhonete não oferece um amplo espaço interno. Na dianteira, tudo é ótimo. Porém, falta espaço para quem viaja atrás.

Por ter 1,87 m de altura, eu fico apertado na segunda fileira se o banco da frente está ajustado na minha posição. Quem for menor, vai ter mais espaço, mas o encosto bastante reto do banco traseiro compromete o conforto. Ao menos há saída de ar e quatro portas USB para os ocupantes da segunda fileira: duas USB-C e duas USB-A.

Veredicto

A Ram Rampage é uma ótima caminhonete urbana, sendo confortável no rodar, bem acabada e, nesta versão, tem bons itens de série. Entretanto, eu não teria o modelo diesel. Caso quisesse uma caminhonete desse tamanho, economizaria quase R$ 50 mil e escolheria a Fiat Toro Ranch, a mais completa. Ou até mesmo a Volcano, vendida por R$ 199.990.

No caso da Rampage, eu ficaria com algum modelo a gasolina, porque com o motor 2.0 turbo, ela tem um destaque válido. Mesmo sendo mais cara que a Ford Maverick, ela tem 20 cv a mais. E também não compraria a versão Laramie. O excesso de cromado não me agrada. Prefiro as versões Rebel ou R/T. Sendo assim, mesmo achando essa caminhonete um bom produto, no fim a versão diesel não tem o tempero necessário para conquistar o meu coração.

O que acha da Ram Rampage? Deixe nos comentários a sua opinião.

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