São poucos os carros que desafiam a lógica. Recentemente posso dizer que o Honda Civic Type-R fez isso ao apresentar comportamento de tração integral em um carro de tração dianteira. Assim como a Ford Ranger Raptor por ser uma caminhonete absurdamente rápida em qualquer situação. Entra para esse grupo o novo .
Tudo bem que já estava esperando um carro bom e divertido de dirigir, afinal, é um Porsche. Só que o que o Panamera faz é diferente. Ele é um carro que vai além de desafiar as leis da gravidade para se tornar um carro que as afronta. Ele pega o regulamento descrito por Isaac Newton e joga outra maçã em sua cabeça.
Três palavras que mudam tudo
Por R$ 57.494, você leva para casa o sistema Porsche Active Ride. Trata-se de uma suspensão ativa que foi trabalhada pela marca por seis anos. Existe uma bomba hidráulica movimentada por um motor elétrico que atua diretamente na suspensão. Ela é capaz de aumentar ou diminuir a altura do conjunto de maneira instantânea.
Como resultado, você tem um carro que compensa as forças gravitacionais elevando a suspensão nos locais em que a gravidade a puxaria para baixo e baixando onde a carroceria seria baixada. Isso com o objetivo de ganhar mais estabilidade em curvas, mas também garantir mais conforto ao cupê de quatro portas.
Por exemplo: em uma curva de alta velocidade para a esquerda, é comum que o lado do carro que fica para a parte interna da curva fique mais alto, já que a gravidade empurra o centro de massa para fora. O Panamera compensa isso elevando o lado esquerdo e baixando o direito, mantendo a carroceria mais reta possível.
Em acelerações bruscas, onde a frente levantaria, ele sobe a traseira. Enquanto em uma frenagem com tudo, ponto em que a frente mergulha, o Porsche Active Ride trata de baixar a traseira para compensar o movimento. Isso é mais sentido no modo Hybrid e em velocidades mais baixas, onde ele compensa mais a ação gravitacional.
Até mesmo buracos e ondulações na pista podem ser parcialmente canceladas pelo Porsche Panamera. É mais conforto para o dia-a-dia, especialmente porque essa é a pegada desse modelo: ser o carro do dia-a-dia do executivo, mas também aquele que pode ser dirigido com mais ímpeto quanto necessário.
Além disso, a suspensão ajuda a conter todo o deslocamento de massa sentido por uma barca como é o Porsche Panamera. Afinal, falamos de um carro de 5,05 m de comprimento, 1,93 m de largura, 1,42 m de altura e 2,95 m de entre-eixos. Cujo porta-malas tem capacidade volumétrica de 430 litros (atrapalhado por um estepe enorme).
V quente
Sob o capô, o Porsche Panamera traz motor V6 2.9 biturbo a gasolina de 304 cv que trabalha em conjunto com um novo motor elétrico de 190 cv. No 4 E-Hybrid, os números combinados são de 470 cv e 66,3 kgfm, permitindo acelerar de 0 a 100 km/h em 4,1 segundos (0 a 200 km/h em 16,2 segundos) e atingir uma velocidade máxima de 280 km/h.
O 4S utiliza o mesmo motor V6, mas com potência específica elevada a 353 cv. Aqui, os números combinados sobem para 544 cv e 76,5 kgfm. O resultado é uma aceleração de 0 a 100 km/h em 3,7 segundos, além de velocidade máxima de 290 km/h. De acordo com o INMETRO, ambas as versões atingem 63 km de autonomia elétrica.
Um dos destaques dessa geração é que o motor elétrico foi incorporado à transmissão de dupla embreagem, tornando o conjunto mais eficiente. Assim como a colocação dos dois turbos dentro do V do motor, facilitou a operação do sistema.
Cada vez mais 911
Um dos pontos mais interessantes sobre o Porsche Panamera, é que a cada geração ele fica mais 911 e menos sedã. A primeira geração era estranha, a segunda atingiu um belo ponto de beleza, mas a atual é muito mais ligada ao modelo ícone da marca. As linhas são bem parecidas, com músculos bem formados e traseira esguia.
Ele é mais sedã do que o Taycan, mas ainda assim mantém um vidro traseiro bem inclinado e proporções bem esportivas. Como é um carro executivo, tem espaço de sobra no banco traseiro, tanto para as pernas, quanto para a cabeça. Mas dizer que um quinto passageiro entra ali, é forçar a barra.
O visual da cabine também é bem 911, com linhas horizontalizadas e console central alto. A Porsche merece palmas por ter mantido comandos físicos para o ar-condicionado, mas um puxão de orelha pela péssima ideia de ter os controladores do vento do ar-condicionados manipuláveis somente pela central multimídia.
Veredicto
Estamos falando de um carro cujos preços ficam entre R$ 803.000 para o Panamera 4 E-Hybrid e R$ 922.000 para o Panamera 4S E-Hybrid. Além de uma suspensão de R$ 57.494 que faz tudo aquilo que já falei e ainda se eleva em 5,5 cm para facilitar sua entrada e saída. Só por ela, a compra já vale.
Mas o Porsche Panamera vai um tanto além. Ele é esportivo na medida do possível, tem boa autonomia elétrica e um inegável conforto. Dificilmente o dono de um terá apenas esse Porsche na garagem, mas certamente pode ser o carro do dia-a-dia com tranquilidade e que, quando necessário, pode até dar algumas voltas na pista.
Qual seu Porsche preferido? Conte nos comentários.