Faz muitos anos que a Fiat Fiorino é a rainha do segmento de vans e furgões de porte compacto. As três marcas francesas até tentaram ofuscar o sucesso da irmã do Uno, mas nunca conseguiram. Nem mesmo Chevrolet com uma versão furgão da Montana foi capaz. Então talvez a Partner Rapid seja a grande sacada de mestre da Peugeot.
Explico: por anos, a Peugeot produziu a primeira geração da Partner na Argentina. O modelo está bem velho já e não vendia bem nos últimos tempos, por mais que a marca tentasse. Trazer a nova geração para o Brasil seria caro demais e pouco competitivo. Então, se não pode com eles, junte-se a eles.
Ditado popular mais do que conhecido faz muito sentido nessa situação. Afinal, se não dá para brigar com a Fiorino, por que não usá-la ao seu favor? Assim surgiu a Partner Rapid. Só que oferecer um produto igualzinho ao da Fiat sem nenhuma vantagem poderia ser um grande problema para a Peugeot, que ainda tem de enfrentar a injusta má fama que algumas pessoas insistem em atribuir à marca.
Por isso, a Peugeot colocou preço de entrada mais baixo na Partner Rapid e alguns itens que a Fiorino não tem em sua versão topo de linha. Só o modelo francês conta com luz diurna, repetidor de seta no retrovisor e piso revestido no baú (somente versão Business Pack). Além disso, os custos de revisão são mais baixos (R$ R$ 1.496 contra R$ 1.696 da Fiorino).
Mas como anda?
O test-drive da nova Peugeot Partner Rapid foi curto e na movimentada cidade de São Paulo, mas aqui não havia surpresas. Ela anda como um Fiat: um bom e robusto Fiat. O motor 1.4 Fire é antigo, mas tem bastante torque em baixa – algo necessário para mover até 650 kg em sua traseira.
São 12,3 kgfm disponíveis a 4.000 rpm, mas que boa parte dele já aparece em regimes mais baixos. O acelerador é sensível e faz com que a força máxima já seja entregue com pouco curso. Segundo a Peugeot, seu furgão urbano faz 8,1 km/l na cidade e 8,4 km/l na estrada quando abastecido com etanol. Na gasolina são 11,7 km/l e 12,4 km/l, respectivamente.
A suspensão talvez seja o ponto de maior destaque. Roda com muita robustez, encarando buraqueiras e superfícies ruins sem a menor dificuldade. A traseira tem feixe de molas como a Strada, fazendo com que aguente melhor as cargas. Só que, quando vazia, tende a pular um pouco quase como uma picape média.
Direção hidráulica tem peso adequado, sendo um pouco mais pesada em manobras. Já o câmbio tem engates borrachudos, longos e imprecisos – mas a embreagem macia e de fácil uso faz com que o dia-a-dia no trânsito pesado não seja cansativo. É um conjunto mecânico mais do que testado, aprovado e conhecido pela robustez.
É claro que não tem o típico tempero da Peugeot. Os carros da marca francesa têm posição de dirigir baixa, algo que a Partner Rapid faz contrário. Além disso, são tipicamente mais durinhos e voltados para a esportividade, enquanto o novo modelo visa o conforto para horas de volante no horário de trabalho. Apesar do logo do leão, a experiência de dirigir é toda Fiat (e isso não é nada ruim para a proposta do carro).
Veredicto
A Peugeot Partner Rapid tem um conjunto campeão e mais do que aprovado pelo mercado. Não à toa, a Fiat Fiorino reina sozinha no mercado há muitos anos e sem nenhum concorrente incomodando.
Com custos de manutenção mais baixos que a prima italiana e opção de compra mais em conta também, ela poderá fazer a alegria dos CNPJ por aí até mais que o modelo original. Até porque, no final do mês, o que conta para uma empresa é gastar o mínimo possível em um carro.
Como o modelo da de fato custa menos para comprar e manter que o da Fiat, há uma grande chance de sucesso no mercado. Basta apenas o brasileiro deixar de ser chato sem motivo com a Peugeot e perceber que a marca não tem mais os mesmos problemas do passado que causaram a sua má fama.
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