Dentro do portfólio de marcas da Stellantis, a Peugeot está posicionada em um patamar intermediário. Ela não é totalmente generalista como Fiat, Citroën e Opel. Mas também não está entre as marcas de luxo como Alfa Romeo, DS e Lancia. A francesa fica em um patamar intermediário. Quase premium. E é ali que está o .
Por R$ 269.990 ele se afasta (e muito) da seara de preços dos SUVs médios de base como Jeep Compass, Volkswagen Taos e Toyota Corolla Cross. Na realidade ele briga com modelos peso-pesado como Honda CR-V, Toyota RAV4 e também com algumas versões de Volvo XC40, Audi Q3 e BMW X1. Mas um Peugeot com preço de carro premium vale à pena?
Aquele patamar mais alto
Grande parte da culpa do preço elevado do Peugeot 3008 tem a ver com o fato de que ele é produzido na França. Ou seja, paga o preço absurdo do Euro para chegar ao Brasil. É o mesmo mal acometido pelo Honda CR-V, que vem dos EUA, e do Toyota RAV4 que vem do Japão. Mas a Peugeot arranjou um jeito de tentar justificar essa cifra alta.
O 3008 tem acabamento muito acima da média da categoria. A cabine está a um mínimo degrau do segmento premium. O layout interno chamado de i-Cockpit é do tipo ame ou odeie (eu curto demais). Isso porque todo Peugeot tem volante pequeno com base achatada, painel de instrumentos lá no alto e posição de dirigir mais baixa.
A cabine do 3008 foi pensada para envolver o motorista em um casulo próprio, dando uma sensação de condução de um carro mais baixo e esportivo. O console central envolve o motorista com um aplique metalizado no qual se funde com os botões estilo teclas de piano.
Toda superfície do painel é macia ao toque e a divisão do ambiente é feita por uma faixa de alcantara cinza, também estendida às portas. À noite, o tecido nas portas é iluminado por luz es de LED no tom azul, que forma um efeito bastante elegante e sutil. Nos bancos, há couro e alcantara, ambos na cor preta e de qualidade digna de Mercedes, Audi, BMW e Volvo.
Destaque nos bancos dianteiros para a presença de massageadores. Com cinco modos diferentes, o Peugeot 3008 acaricia suas costas por quanto tempo quiser e sem reclamar. Os bancos são bastante macios, com diversas regulagens, incluindo de comprimento da poltrona – algo geralmente visto somente no segmento premium.
Recheado com mimos
A montagem da cabine é excepcional e a tecnologia embarcada segue a contento. O 3008 GT Pack tem painel de instrumentos totalmente digital e configurável – pena não ser a versão 3D do 208, que teria efeito visual ainda melhor. Há carregador de celular por indução, ar-condicionado digital de duas zonas controlado pela central multimídia e GPS.
Além disso, ele traz câmera dianteira e traseira, alerta de ponto cego, sensor de estacionamento dianteiro e traseiro, porta-luvas refrigerado com capacidade para duas garrafas de 1,5 litros, porta-malas com abertura elétrica, teto solar panorâmico, chave presencial, seis airbags, controle de tração e estabilidade e frenagem de emergência.
Ou seja, quanto ao pacote de itens de série, o Peugeot 3008 não deve nada a modelos do segmento premium. Um detalhe interessante é que ele traz piloto automático adaptativo com função stop and go (para e acelera totalmente sozinho) e sistema de manutenção em faixa bastante preciso e permissivo. Mas ele não faz curvas totalmente sozinho como os Volvo.
Em questão de espaço interno, entretanto, o Peugeot 3008 é apenas ok. Quem se senta na dianteira tem uma vastidão de espaço e é bem recebido. Já os passageiros traseiros tem espaço suficiente para as pernas e cabeça. Não é tão espaçoso quanto um Honda CR-V, mas está longe do aperto do Toyota Corolla Cross.
Já o porta-malas de 520 litros é ótimo para a categoria. Ele tem piso regulável em altura. Com ele na posição mais alta, os se dobrar os bancos traseiros, é formada uma superfície plana e sem vãos, liberando 1.482 litros de espaço. Os bancos são dobrados facilmente por alavancas na lateral do porta-malas. E a abertura elétrica por senso no pé realmente funciona (ao contrário de muitos outros carros por aí).
Às vezes se põe à mesa
Beleza é algo relativo, mas não há como negar que o Peugeot 3008 seja um dos SUVs mais bonitos já fabricados – se bobear o mais bonito disponível no mercado hoje. Ele tem uma pegada esportiva e elegante ao mesmo tempo, com doses de ousadia que só uma marca francesa tem coragem de fazer.
Exemplo disso são os LEDs diurnos em forma de dente de leão que descem pelo para-choque. Outra inspiração felina está na grade frontal, que tem prolongamentos logo abaixo dos faróis simulando os bigodes de um gato. A grade, por sua vez, agora não tem mais moldura e traz cromo escurecido na versão GT Pack.
A carroceria musculosa e com vincos fortes foi ainda mais ressaltada pelas rodas de liga-leve de 19 polegadas e pela belíssima cor Azul Vertigo (R$ 1.890 extra). Atrás, o novo 3008 tem lanternas translúcidas em LED que só ganham contornos vermelhos com o carro ligado. A ligação entre elas é feita por um aplique plástico preto.
Como diferencial da versão GT Pack em relação à Griffe, o Peugeot 3008 recebe acabamento de cromo escuro nas molduras das janelas, grade frontal, logotipos e inscrições.
Se até agora o Peugeot 3008 até convence como um carro premium, na hora da direção é que vem o quase. Não que ele não seja gostoso de dirigir, muito pelo contrário, mas é que em alguns pontos há uma certa falta. Isso faz com que ele se mantenha justo no patamar intermediário.
Por que não, Peugeot?
Debaixo do capô está o já conhecido motor 1.6 THP quatro cilindros turbo. Só que, inexplicavelmente, a Peugeot resolveu não colocar a versão flex desse propulsor, ou seja, é a variante antiga, que bebe apenas gasolina e entrega 165 cv e 24,5 kgfm de torque. No Citroën C4 Cactus esse motor o transforma em um foguetinho, no 3008 é apenas suficiente.
O SUV médio da Peugeot tem boa performance e acelera sem vacilos. Faz retomadas a contento e ainda entrega boa economia de combustível. Nossas médias com gasolina em cidade e estrada ficaram na casa dos 9,1 km/l. Vale o elogio para o ótimo casamento entre o motor THP e o câmbio automático de seis marchas.
O funcionamento é extremamente suave, com trocas sendo feitas de maneira imperceptível e no tempo certo. O 3008 segura marcha quando acelera com força, mesmo com o pé aliviando o acelerador – é como se ele esperasse uma nova retomada ou uma tomada de curva. Já em condução regular, ele aproveita bem o torque em baixa e não reduz desnecessariamente.
É aí que vem o quase
Com pegada mais esportiva, a direção pequenininha permite fazer curvas mais ágeis com o Peugeot. Junte isso a combinação de pneus de perfil mais baixo e duro por causa das rodas de 19 polegadas e à suspensão firminha e verá que o 3008 tem mais perfil de hatch grandão do que de SUV na hora de dirigir.
A carroceria é bastante estável e curvas em alta velocidade são brincadeira para ele, que se mantém na trajetória como se não tivesse as dimensões que tem. É um carro verdadeiramente divertido de dirigir. Silêncio a bordo é notável e o rodar confortável em estrada também se faz elogiável. Só poderia bater menos seco em buracos e vias de asfalto ruim.
Um dos itens mais legais do Peugeot 3008 está no sistema de LEDs adaptativos dos faróis. Mais sofisticado que o do Taos Highline, ele regula altura e intensidade do facho automaticamente sem intervenção do motorista. Ao dar seta, ele ilumina parte da lateral justamente para o lado que ele seguirá.
Em suma, a dirigibilidade do Peugeot 3008 é uma das mais agradáveis do segmento. Ele é divertido de dirigir e prazeroso mesmo a longas distancias (especialmente com a massagem ligada). Está acima de modelos generalistas como Honda CR-V e Toyota RAV4 quanto a condução, mas falta aquele pequeno refinamento a mais como o presente no Volvo XC40.
Veredicto
O Peugeot 3008 GT Pack é a prova cabal da estratégia da Stellantis para a marca do leão. Ele é verdadeiramente acima da média quando comparado aos rivais de marcas não de luxo. Ao mesmo tempo, entrega refinamento e equipamento no mesmo patamar das marcas mais refinadas. O preço, fica quase lá também.
A cereja do bolo fica por conta do que os olhos veem. O exterior é indiscutivelmente belíssimo e a cabine impressiona, tanto em tecnologia quanto em refinamento e estilo. Especialmente quando lembramos que a Peugeot já vendeu carros populares. Dá para dizer, portanto, que o Peugeot 3008 é um SUV gourmet: mais que um generalista, menos que um premium.
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