Faz bastante tempo que a Lexus está no Brasil. Mas a atuação da marca japonesa é bem tímida. Parte por conta da estratégia de pouco divulgar a marca, outra parte por tentar apoiar a construção de imagem à Toyota. Mas um dono de um Lexus de meio milhão não quer visitar o mesmo concessionário e oficina de um Yaris.
Por isso, a marca vai passar por um intenso processo de relançamento por aqui, com novos produtos, novas concessionarias e até voltou a ter uma frota de imprensa. Aproveitando isso, revisitei o Lexus UX250h, o qual testei há cinco anos em uma outra realidade profissional e pessoal completamente diferente. Se eu amadureci, será que o UX também?
Porta de entrada
Por R$ 313.990, você leva o Lexus UX250h na versão topo de linha Luruxy, que é R$ 40 mil mais cara que a Dynamic. Só que o salto de preço não justifica o tanto de equipamento a mais que vem: camera 360º, retrovisor eletrocrômico, alerta de ponto cego, direção com ajuste elétrico, carregador por indução, ventilação no banco dianteiro e porta-malas elétrico.
Mas o carro vem bem completo desde a versão de acesso. Todos os Lexus UX vendidos no Brasil trazem seis airbags, piloto automático adaptativo, frenagem autônoma de emergencia, alerta de trafego cruzado, camera 360, farois full-LED com luz alta automática, sensor de chuva, controle de tração e estabilidade.
Há ainda ar-condicionado digital de duas zonas, banco dianteiros com regulagem elétrica e aquecimento, chave presencial, revestimento interno de couro com três opções de cores, central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, painel meio digital, retrovisor externo com aquecimento e rebatimento automático.
Tudo que o Corolla Cross queria ser
Confesso a você, caro leitor, que quando dirigi o Lexus UX pela primeira vez, achei um dos carros mais sem graça que havia pilotado. Culpa de ter testado poucos carros na época e de anteriormente ter avaliado um GLA 45 AMG. Só que a maturidade mostrou algumas coisas e a comparabilidade também.
Tal qual o Toyota Corolla Cross e seu irmão sedã, o Lexus UX é construído sobre a plataforma TNGA e é híbrido do tipo tradicional. Nos Toyota, é usado um motor 1.8 aspirado flex junto de um conjunto elétrico, que tem desempenho fraco e consumo bom. Já no Lexus, o motor cresce para um 2.0 e a parte elétrica tem mais força.
São 145 cv e 18,8 kgfm de torque do motor a combustão, somados a 107 cv e 20,2 kgfm do elétrico. A cavalaria total é de 181 cv e o torque não é divulgado pela Toyota. Como resultado, o Lexus UX anda muito mais que o e gasta bem menos. Ele é um carro que não nega fogo, acelerando aos 100 km/h em 8,5 segundos.
Aquela impressão do passado ficou para trás justamente por conta da referencia ao Corolla Cross. Dando a sensação de que esse conjunto mecânico é o que deveria equipar os modelos nacionais da Toyota, não o 1.8 que tem concepção bem mais antiga. Ainda mais fazendo 16,6 km/l na cidade e 14,7 km/l na estrada.
O que pega na alma
Só que não foi o consumo bom ou a performance bem melhor do que dos Toyota híbridos brasileiros que me fez mudar totalmente a visão que tinha sobre o Lexus UX. Ao rodar por muitos mais quilômetros do que no primeiro teste e em situações mais variadas, que entendi seu charme.
Ele é um carro extremamente sólido, e não é exagero o que disse. A direção é bem firme, com respostas rápidas de atuação e bem calibrada. É pesada na medida certa e te da uma sensação de um carro refinado. Some isso ao isolamento acústico muito bom, que só é, às vezes, interrompido pelo 2.0 gritando por conta do câmbio CVT.
Como o Lexus UX é uma espécie de Fiat Pulse ou Renault Kardian de luxo, ele é mais baixo que um SUV tradicional. Isso se reflete no comportamento de suspensão mais próximo de um hatch. Ele não é avesso a buracos, mas prefere o asfalto liso, onde roda com muito conforto, sem se tornar um carro bobo ou molenga nas curvas.
Basicamente toda a sensação de rodagem de um Toyota Corolla sedã está no Lexus UX, adicionado a um conjunto mecânico mais eficiente e potente, além de um melhor isolamento acústico e uma sensação de solidez maior. Em suma, é um Corolla bem melhorado — e olha que o sedã já é um carro bom de tocada.
Sinais da idade
Outro ponto que chama bastante atenção no Lexus UX é o cuidado com o acabamento. Diferentemente da maioria das marcas, as quais transforma seus modelos de entrada em carros baratos com a redução drástica de qualidade de acabamento, o UX é um Lexus pequeno e só.
Isso se reflete em um interior recheado de couro e elementos macios em todos os cantos. A montagem é bem feita e há poucos plásticos. Elementos escuros foram usados por todos os cantos, além de substituir elementos tradicionalmente cromados por pintura cinza.
Mas há sinais de idade. O painel de instrumentos ser somente meio digital revela que o Lexus UX não é dessa década. Um contraste com a enorme e ótima central multimídia, que é fácil de usar e tem tela de qualidade. A central que deve servir de exemplo para Corolla e Corolla Cross.
Questão de espaço
Quem senta na dianteira tem a disposição uma posição de dirigir mais baixa, parecida com a do Volkswagen Nivus. Diferentemente de muitos SUVs, a Lexus não força uma posição alta só para parecer um utilitário. O volante deveria ter mais variedade de ajuste, pois, tal qual um Yaris, é um tanto quanto enfiado no painel.
Na traseira, o espaço é bem limitado. O Lexus UX deixa claro que foi um carro pensado para mercado europeu, onde a segunda fileira de bancos não é prioridade: pense em carros como Peugeot 208, por exemplo. O porta-malas de 234 litros é bem pequeno, mas conta com nichos para divisão de cargas.
Veredicto
Se você gosta de um Toyota, mas acha que o Corolla Cross não é suficiente e pensa que os R$ 349.990 são exageros para um RAV4, o Lexus UX é uma excelente alternativa. Sólido, refinado, bom de andar e bem econômico, ele encanta na hora do test-drive e é o único SUV de entrada de luxo com motor híbrido.
Se você não faz questão da eletrificação parcial, melhor dar uma olhada no novo BMW X1, que tem um conjunto mais bem acertado. Contra um Mercedes-Benz GLA, o UX é mais interessante. Comparando a um Audi Q3, há vantagens para cada lado, mas um pouco mais para o Lexus. Agora, se tem estrutura para carregar um carro, pense com carinho em um BMW iX1 ou Volvo XC40.
Você teria um Lexus UX? Conte nos comentários.
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